A dupla irlandesa 49th & Main acaba de lançar “Insomnia”, o primeiro single após o sucesso estrondoso do álbum de estreia Happy Tears. A faixa chega através da Counter Records, um dos braços da Ninja Tune, e que promete ser a banda sonora perfeita para quem anda a arrastar-se entre o sono e a vigília.
“Insomnia” não é apenas um título. É um estado de espírito. Ben O’Sullivan e Paddy King explicam que a composição surgiu num momento de privação extrema de sono, num quarto de hotel em Palm Springs, com apenas três horas de descanso no corpo.
Fica o vídeo de “Insomnia” dos 49th & Main em baixo:
Um tema nascido na ressaca do cansaço
“Insomnia” não é apenas um título. É um estado de espírito. Ben O’Sullivan e Paddy King explicam que a composição surgiu num momento de privação extrema de sono, num quarto de hotel em Palm Springs, com apenas três horas de descanso no corpo.
“Queria que a música parecesse que estás mesmo sem dormir“, confessam os 49th & Main. “Quando não dormes o suficiente, sentes-te super desligado, nada faz sentido, tudo fica desfocado, mas funciona na mesma. Não questionas o que se passa à tua volta.”
O resultado é uma produção que balança entre a euforia e a desorientação. Os elementos sonoros parecem flutuar, há gritos aleatórios que surgem do nada, e um swing bêbado que dá à faixa uma textura bizarra mas satisfatória. É música para quem já viu o nascer do sol demasiadas vezes seguidas.
Para construir “Insomnia”, os 49th & Main foram beber a artistas como Kaytranada, Flying Lotus, 9th Wonder e Disclosure. A herança está lá: beats sincopados, texturas electrónicas densas, uma certa psicodelia urbana. Mas há algo de distintamente irlandês na forma como a dupla de Kilkenny junta as peças. Talvez seja a melancolia que espreita por baixo da euforia, ou a forma como a voz de Paddy King consegue soar simultaneamente presente e longínqua.
A faixa existe numa zona liminar entre o sonho e a realidade, e isso é intencional. O objectivo não era fazer uma canção sobre insónia, mas fazer uma canção que é insónia. Missão cumprida.

“Happy Tears“: o álbum que abriu portas
Lançado este ano, “Happy Tears” catapultou os 49th & Main para um patamar completamente novo. O disco estreou-se no quarto lugar das tabelas irlandesas de álbuns independentes, numa semana em que competia com nomes como Pulp, The Cure e Van Morrison. Não é feito pequeno para dois tipos de Kilkenny que começaram a gravar música num verão qualquer, só porque sim.
A recepção crítica foi entusiástica. Clash Magazine, Noctis Mag e Four Four Magazine destacaram o álbum, elogiando a paleta sonora diversa e a autenticidade da proposta. Antes disso, já NME e Dork os tinham colocado nas listas de “artistas a seguir”. Os concertos de apresentação esgotaram meses antes, alguns em menos de 24 horas. O Olympia Theatre, em Dublin, ficou cheio. A primeira tour norte-americana? Esgotada também. Deixamos o vídeo de “Good Times” em baixo.
Números que impressionam
Actualmente, os 49th & Main somam 2,2 milhões de ouvintes mensais no Spotify e ultrapassaram as 200 milhões de streams no total. Não são números que apareçam por acaso. São o resultado de uma consistência na qualidade e de uma capacidade rara de criar música que funciona tanto nos auscultadores às três da manhã como num palco de festival ao entardecer.
A presença ao vivo da dupla tem sido igualmente notável. Glastonbury, Electric Picnic, The Great Escape, os 49th & Main já passaram por alguns dos cartazes mais prestigiados do circuito europeu. E a resposta do público tem sido clara: estes tipos sabem o que fazem.
49th & Main: A tour mundial que aí vem
“Insomnia” serve também como aperitivo para a tour mundial que arranca a 31 de Dezembro no festival Beyond The Valley, na Austrália. Depois, é Dublin, Manchester, Londres, Los Angeles, São Francisco, Chicago, Nova Iorque, e por aí fora, até fechar em Toronto a 8 de Abril. Vão ser meses intensos, com a dupla a levar o som de “Happy Tears” e agora de “Insomnia” aos quatro cantos do mundo.
Para quem ainda não os conhece, fica o essencial: Ben O’Sullivan (produção) e Paddy King (voz e instrumentos vários) conheceram-se na escola, começaram a fazer música juntos num Verão quente, e em 2019 decidiram levar algum equipamento numa viagem ao Canadá. Quando voltaram, tinham o esqueleto do primeiro projecto pronto. Simples assim.
Uma aposta ganha
A assinatura dos 49th & Main com a Red Light Management e, mais recentemente, com a Counter Records, são sinais claros de que a indústria percebeu o potencial. A Ninja Tune não assina qualquer um, e a Red Light tem um roster que mete respeito. Os 49th & Main estão em ótima companhia.
“Insomnia” confirma o que “Happy Tears” já tinha mostrado: esta dupla tem talento, tem visão, e tem a capacidade rara de transformar estados emocionais complexos em música que gruda. Resta saber onde vão chegar. Mas se continuarem a fazer discos como este, o caminho parece claro.
Instagram: @49thandmain | Facebook: @49thandmain
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