Mar Me Quer: Três Dias que Transformaram Portimão na Capital Musical do Algarve

Festival "Mar Me Quer" 2025 em Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer

Share this post

O Festival Mar Me Quer 2025 encerrou a sua 4.ª edição na sexta-feira passada deixando Portimão com ressaca de festa e a certeza de que este evento já não é só mais um festival de verão, mas uma força da natureza à espera de acontecer – quando 29 mil pessoas se juntam numa cidade algarvia para celebrar música portuguesa, algo especial está para vir.

A última noite trouxe 10 mil pessoas ao Parque Ribeirinho para testemunhar um fecho em grande estilo.

André Sardet, organizador e promotor, não escondeu a satisfação: “esta edição foi muito especial. Recebemos milhares de pessoas de todo o país e sentimos uma energia incomparável“. António Gomes, seu parceiro na organização, foi ainda mais direto: “O Mar Me Quer está a crescer e prometemos regressar ainda com mais força e algumas surpresas no próximo ano“.

Promessas que soam a ameaça para a concorrência nacional, e nós cá estaremos para ver – afinal de contas, concorrência é sempre bem vinda e faz elevar e melhorar as propostas.

Os Momentos que Marcaram os Três Dias

A 4.ª edição do Mar Me Quer criou uma narrativa perfeita ao longo de três noites distintas. A primeira vaga trouxe-nos os Calema, Dillaz e I❤️Bailefunk, contando com o maior número de pessoas entre os três dias. A fusão de sonoridades africanas com pop contemporâneo transformou o Parque Ribeirinho numa festa que atravessou idades e origens sociais. Ver milhares de pessoas a cantar em português, crioulo e outras línguas africanas foi um retrato vivo da diversidade lusófona.

Calema @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer
Calema @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer

O segundo dia ficou marcado pelo regresso épico dos Da Weasel a Portimão, contando aínda com Bispo e Deejay Rifox. Um espetáculo histórico que provou como a música portuguesa consegue unir gerações diferentes. Pais e filhos cantaram lado a lado clássicos que marcaram décadas, numa demonstração de que certas músicas transcendem o tempo e criam pontes geracionais impossíveis de construir de outra forma.

Da Weasel @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer
Da Weasel @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer

O terceiro e último dia completou o círculo com Insert Coin, Soraia Ramos e Plutónio, cada um representando uma faceta diferente da música nacional contemporânea. Da estética arcade à música crioula, passando pelo rap que define uma geração, o Mar Me Quer mostrou que tem espaço para todas as expressões musicais do universo lusófono.

Plutónio @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer
Plutónio @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer

O Fenómeno que Cresce

Vinte e nove mil pessoas em três dias não são números casuais num país com a dimensão de Portugal. O Mar Me Quer está a conseguir algo que poucos festivais nacionais alcançam: criar uma identidade própria que vai além da programação musical.

A fórmula parece simples: música portuguesa de qualidade, consciência ambiental com um backdrop de luxo, apoio aos talentos locais, e preços justos. A juntar a isto, a execução revela um nível de profissionalismo que explica o crescimento sustentado do evento.

André Sardet e António Gomes construíram algo sólido em Portimão. Quatro edições bastaram para transformar uma cidade turística numa referência musical nacional durante três dias de agosto.

Consciência Ambiental: Arte com Propósito

O Mar Me Quer provou em Portimão que é possível fazer festa sem esquecer o planeta. As mensagens audiovisuais de proteção ambiental nos ecrãs gigantes não foram apenas cosmética verde – foram parte integrante da experiência.

O mural da algarvia Isa Neuparth merece destaque especial. Inspirado na “Grande Onda” de Hokusai, mostra um polvo gigante a tentar travar detritos como copos de plástico e embalagens num mar agitado. A arte local encontra a consciência global numa imagem que diz mais sobre sustentabilidade do que mil discursos.

Mural por Isa Neuparth @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer
Mural por Isa Neuparth @ Festival Mar Me Quer 2025, Portimão. Crédito Fotografia: Festival Mar Me Quer

2026: As Promessas do Futuro

Com o regresso do Mar Me Quer confirmado para 2026, as expectativas já estão em altas. As “surpresas” prometidas pela organização soam a ameaça velada para a concorrência – quando se consegue juntar quase 30 mil pessoas numa cidade algarvia, há margem para sonhar ainda maior.

O Mar Me Quer provou que não é preciso ser Lisboa ou Porto para criar um festival com impacto nacional. Portimão tem praia, sol, infraestruturas e agora tem também uma identidade musical própria.

Esta 4.ª edição marcou o festival, deixando de ser uma promessa para se tornar realidade consolidada no calendário musical português. E pelos vistos, isto é apenas o começo.

Para mais informações: marmequer.pt | Instagram: @marmequerfestival

Queres ver notícias sobre música portuguesa? Carrega aqui!  Se estás interessado em concertos ou festivais, dá uma vista de olhos no Calendário de Concertos e Festivais.

Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.