Com apenas 17 anos, mia jo começa a construir um percurso singular na nova cena pop portuguesa. Depois da estreia com This Time, a jovem cantora e compositora regressa com Closer, o segundo single da sua ainda curta, mas promissora carreira. A nova canção, produzida por Bruno Macedo, revela uma pop melancólica e vibrante, onde a emoção surge à flor da pele e a entrega vocal se confunde com vulnerabilidade.
Nesta entrevista, mia jo fala-nos sobre a criação de Closer, as emoções que carrega, o seu processo criativo, influências e ambições para o futuro.
Sobre “Closer” e o seu universo emocional
P: “Closer” é descrito como um tema pop melancólico e vibrante. Podes contar-nos o que te inspirou a escrever esta canção?
mia jo: Tenho dificuldade, por vezes, em saber o que me inspira, porque acabo de fazer as músicas e deixo tudo o que penso e o que estou a sentir no momento. A partir daí, seguem se outras experiências e criam-se novas músicas! Tentando aprofundar um pouco mais, associo esta música a uma vontade, um desejo de querer algo que sabemos não ser a melhor opção, no entanto é isso que nos agarra e nos dá vida.
P: A melancolia e a vibração coexistem em “Closer”. Como consegues equilibrar essas emoções contrastantes na tua música?
mia jo: O tema desta música acaba por ser o desejo e o desafio, e quando escrevi esta música quis dar um pouco mais de movimento e diversão ao ritmo. Também foi uma música muito produzida em estúdio, por isso acabou por ser uma música muito espontânea e divertida de criar.
P: Este é o teu segundo single. De que forma sentes que “Closer” representa uma evolução/continuação em relação ao teu single anterior “This time”?
mia jo: São músicas muito diferentes, e foram as minhas preferidas de fazer e de misturar. Foram músicas que despertaram algo diferente em mim e, por isso, para mim representam certa continuidade de algo que ainda estou a construir.
P: O título “Closer” sugere proximidade. Há alguma história pessoal ou mensagem específica que quiseste transmitir com esta escolha?
mia jo: Não vou mentir, quando criei a música não me recordo de ter pensado de forma tão profunda na mensagem que transmitia. Acho que o título “closer” encaixa bem pela forma como nos sentimos perto de alguém, no entanto de formas diferentes… sentindo emoções diferentes e querendo rumos diferentes. Pode se tirar muitas perspectivas ouvindo esta música, e prefiro deixar ao critério de quem a escuta, o que sente, de modo a sentirmo-nos mais perto.
P: O que gostarias que os ouvintes sentissem ao ouvir “Closer”? Há alguma emoção ou mensagem que esperas transmitir?
mia jo: Queria que sentissem animação e que procurassem se identificar com a mensagem e com as sensações que a música transmite. A música tem o poder de despertar diferentes emoções nas pessoas, e não me cabe a mim definir o que espero encontrar… quero dar essa liberdade às pessoas que a ouvem e saber de que forma as tocou.
P: Ser vulnerável em música pode ser assustador. Foi difícil para ti expor emoções mais profundas em “Closer”?
mia jo: Considero me uma pessoa um pouco reservada e é na música que tenho a possibilidade de exprimir aquilo que sinto. Acaba por ser o meu verdadeiro escape do mundo real, e gosto desse meu lado mais vulnerável, e é na música que encontro o meu espaço.
Processo criativo e influências
P: Como foi o processo de composição e produção de “Closer”? O que sentes quando estás em estúdio e vês a tua música a ganhar vida?
mia jo: Nesta música em específico foi muito interessante a transformação que aconteceu. Sempre que faço músicas, de modo a me sentir mais vulnerável, faço-as sempre mais calmas e serenas. Esta música em estúdio ganhou uma vida muito diferente, algo que eu não esperava mas que achei interessante explorar coisas diferentes, e conhecer um pouco mais de mim.
P: Quais são as tuas principais influências musicais? Há algum artista ou género que te inspire especialmente?
mia jo: Ouço música muito variada, e talvez acabe por ser por isso que procuro fazer sempre coisas diferentes e experimentar novas sonoridades e estilos. Funciona muito por fases, e ultimamente tenho me identificado muito com a Gracie Abrams, já a conheço a algum tempo, e é uma artista que desperta alguma criatividade e inovação na forma como vejo e escrevo as minhas músicas.
P: Tens alguma canção (tua ou de outro artista) que te sirva de âncora nos momentos mais difíceis?
mia jo: Sempre que escrevo, acabo por fugir um pouco ao mundo real. Qualquer música que escrevo nesse processo, é a minha âncora eu diria. claro que existem músicas que ouvimos e que despertam coisas boas em nós e nos isolam um pouco do mundo… nesses momentos diria que Where’s my love do SYML, tem uma melodia linda e de facto traz me sempre alguma nostalgia e emoção ouvi-la.
P: Há alguma rotina ou ritual que sigas antes de compor ou gravar uma nova música?
mia jo: Gosto de escrever música no meu quarto, preferencialmente na cama, confortável… e por vezes com o quarto mais escuro ou numa hora mais ao final da tarde, é quando tenho sempre algo a escrever. No entanto, como adoro fazer música, onde a componho acaba por não ser muito importante, porque encontro prazer em qualquer espaço que escreva e com as pessoas que me rodeiam e que contribuem para o processo criativo.
P: Se tivesses de descrever a tua música com três palavras apenas, quais seriam – e porquê?
mia jo: Intimista, intensa e sincera. Uma música que acaba por ser uma reflexão pessoal e uma conversa sozinha. Intensa pelas sensações de desejo e toxicidade presentes. Sincera pela forma como expressa as nossas verdades, e os nossos desabafos.
Perspectivas e Futuro
P: Com dois singles lançados, estás a planear um álbum ou EP em breve? O que podemos esperar dos teus próximos projetos?
mia jo: Espero sim continuar este percurso tão novo ainda, mas que me dá muito prazer em trabalhar. Tenho trabalhado juntamente com a minha equipa, num futuro EP e podem contar com muitas novidades boas e com músicas diversificadas e criadas por pessoas que têm tido muito prazer e felicidade em criá-lo.
P: Tens planos para apresentações ao vivo ou concertos? Onde podemos ver-te atuar nos próximos tempos?
mia jo: Ainda não tenho planos para atuar ao vivo. Tento deixar as coisas acontecerem a seu tempo, e aproveitar as oportunidades que surgem.

P: Como vês o panorama da música pop em Portugal atualmente? Sentes que há espaço para artistas emergentes como tu? Onde te vês daqui a 10 anos?
mia jo: Acompanho muito a música portuguesa e reconheço que tem evoluído muito nos últimos tempos, têm crescido muitos artistas e fico contente que cada vez mais haja variedade de estilos e mais caras novas que vão sendo valorizadas pela arte que fazem. Sentindo-me apoiada e protegida pelas pessoas que me têm acompanhado nesta caminhada, acho que há sempre espaço, sim, para artistas novos que querem mostrar o seu trabalho e a sua arte. Daqui a 10 anos, vejo me a continuar a fazer aquilo que gosto, e a atingir os objetivos que se vao criando e trabalhar para ambicionar sempre mais.
P: Se pudesses colaborar com qualquer artista, nacional ou internacional, quem escolherias e porquê?
mia jo: Difícil para mim escolher um. A nível nacional, penso que o estilo do van zee que tem sido muito reconhecido nos últimos tempos, me tem chamado muita a atenção, pela diferença que tenta implementar na arte da música e pela genuinidade e transparência que demonstra nos seus s trabalhos. A nível internacional, mais uma vez a Gracie Abrams seria a eleita. Diria que temos estilos parecidos e é uma artista que cada vez mais e mais me fascina e adoro acompanhar o seu trabalho.
Relação com o público e redes sociais
P: As redes sociais têm um peso bastante grande hoje em dia. Sentes que ajudam ou atrapalham o teu processo artístico?
mia jo: As redes sociais acabam por ter um impacto enorme na forma como a música se divulga e se promove. Desta forma, penso que contribui de forma positiva na medida em que permite que chegue a mais pessoas. Por outro lado, percebo que muitas vezes põe em causa o artista, pela forma como a sociedade valoriza os números e os resultados. Não gosto de pensar assim. Quero que as pessoas desfrutem de ouvir a minha música e que de alguma forma se identifiquem.

P: Como é a tua relação com quem te ouve? Recebes mensagens dos fãs? Há alguma que te tenha marcado?
mia jo: Gosto sempre de ouvir o que as pessoas pensam sobre as minhas músicas, também para aprender e inspirar me de novo e de novo. Com o lançamento destas últimas músicas tenho recebido algumas mensagens que me deixam de coração cheio, e que me fazem querer continuar a fazer mais e melhor.
P: Tens alguma mensagem que gostarias de deixar a quem te acompanha desde o início ou acabou de te descobrir?
mia jo: Gostava que as pessoas soubessem o quanto eu tiro proveito de fazer música, e que me sinto uma sortuda de ter as oportunidades que tenho. Tenho uma equipa maravilhosa comigo e só o facto de ter a possibilidade de gravar com tão bons músicos, nomeadamente o Bruno Macedo que acreditou em mim desde o início, é maravilhoso. Espero que se possam identificar e que a minha música vos desperte emoções tão boas como as que eu vivo quando escrevo ❤️

Entre batidas eletrónicas, guitarras acústicas e palavras que expõem o lado mais humano da artista, mia jo vai desbravando caminho com uma maturidade imensa, honestidade e uma abertura total ao que vier. Closer é mais um passo firme na construção de uma identidade artística que se quer autêntica, emocional e ousada.
Com dois singles lançados e um possível EP a caminho, mia jo deixa claro que a sua música é sincera e intensa, e que está pronta para crescer ao lado de quem a ouve desde o início. Pela nossa parte, ficamos a torcer e deixamos um obrigado muito grande à mia jo pela entrevista e boa disposição, e ao Diogo Amaro da Faded por possibilitar este momento. Até à próxima!
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