Quando chega a Eurovisão 2025, há quem diga que não vê – que é tudo treta, fantochada, música de carrinhos de choque e comercial, lantejoulas e fogo de artifício a mais, ou talento a menos. E sejamos honestos, às vezes até é verdade – todos temos aqueles momentos em que ficamos a pensar 2 vezes. Mas quando chega o mês de maio e os olhos da Europa (e de boa parte do mundo) se voltam para a final da Eurovisão 2025, há qualquer coisa impossível de ignorar. Um misto de fascínio, vergonha alheia, espetáculo puro e…, sim, talvez um ou dois momentos musicais realmente tocantes, ou diferentes da maior parte das atuações.

A Eurovisão não é apenas um concurso de canções – é um ritual anual onde a música é o pretexto, mas o verdadeiro espectáculo está no exagero. É a encenação, o drama, o patriotismo musical, a makeup excessiva, e as coreografias que desafiam as leis da física e do bom senso. É a noite em que países inteiros torcem por nomes que nunca ouviram antes, com músicas que nunca ouvirão outra vez – mas que, por uns minutos, se tornam a coisa mais importante do mundo.
O que é certo é que a final da Eurovisão 2025 está prestes a acontecer, e mesmo quem torce o nariz ao festival acaba, inevitavelmente, por espreitar – talvez por curiosidade, talvez por teimosia. Este ano, o alinhamento promete uma mistura habitual de baladas dramáticas, pop de laboratório, etno-techno improvável e algumas atuações que desafiam qualquer definição musical. Portugal, como sempre, leva uma proposta própria, e disso já falaremos mais à frente. Por agora, ficamos com o cenário montado: 26 países prontos a subir ao palco, milhões de olhos colados ao ecrã e uma pergunta pairar no ar – quem é que leva o troféu para casa desta vez?

Mas antes de escolheres o teu favorito (ou de decidires ao fim de 15 segundos que “foi tudo uma m*rda como de costume”), vale a pena darmos uma vista de olhos aos países e participantes que vão participar na final da Eurovisão 2025 em Basileia.
Quem atua na final da Eurovisão 2025?
26 países, 26 canções, e pelo menos 3-5-10 momentos que vão deixar metade da Europa a perguntar: “mas isto era suposto ser música?”. Com as semifinais concluídas (dias 13 e 15 de maio), já se conhece o line-up final que vai invadir a arena St. Jakobshalle no sábado 17 de maio. A ordem de atuação foi meticulosamente decidida pelos produtores para maximizar o “fluxo emocional” (leia-se: evitar que três baladas seguidas nos façam adormecer) já foi revelada.
Alinhamento oficial da final da Eurovisão 2025:
- Noruega – Kyle Alessandro – “Lighter” – Ver no Youtube
- Luxemburgo – Laura Thorn – “La Poupée Monte Le Son” – Ver no Youtube
- Estónia – Tommy Cash – “Espresso Macchiato” – Ver no Youtube
- Israel – Yuval Raphael – “New Day Will Rise” – Ver no Youtube
- Lituânia – Katarsis – “Tavo Akys” – Ver no Youtube
- Espanha – Melody – “ESA DIVA” – Ver no Youtube
- Ucrânia – Ziferblat – “Bird of Pray” – Ver no Youtube
- Reino Unido – Remember Monday – “What The Hell Just Happened?” – Ver no Youtube
- Áustria – JJ – “Wasted Love” – Ver no Youtube
- Islândia – VÆB – “RÓA” – Ver no Youtube
- Letónia – Tautumeitas – “Bur Man Laimi” – Ver no Youtube
- Países Baixos – Claude – “C’est La Vie” – Ver no Youtube
- Finlândia – Erika Vikman – “ICH KOMME” – Ver no Youtube
- Itália – Lucio Corsi – “Volevo Essere Un Duro” – Ver no Youtube
- Polónia – Justyna Steczkowska – “GAJA” – Ver no Youtube
- Alemanha – Abor & Tynna – “Baller” – Ver no Youtube
- Grécia – Klavdia – “Asteromáta” – Ver no Youtube
- Arménia – PARG – “SURVIVOR” – Ver no Youtube
- Suíça – Zoë Më – “Voyage” – Ver no Youtube
- Malta – Miriana Conte – “SERVING” – Ver no Youtube
- Portugal – NAPA – “Deslocado” – Ver no Youtube
- Dinamarca – Sissal – “Hallucination” – Ver no Youtube
- Suécia – KAJ – “Bara Bada Bastu” – Ver no Youtube
- França – Louane – “maman” – Ver no Youtube
- São Marino – Gabry Ponte – “Tutta L’Italia” – Ver no Youtube
- Albânia – Shkodra Elektronike – “Zjerm” – Ver no Youtube
Quando e onde é a final da Eurovisão 2025
Em 2025, a Eurovisão aterra em Basileia, a terceira maior cidade da Suíça – e não deixa de ser irónico que um dos concursos mais barulhentos do planeta aconteça num dos países mais neutros e silenciosos da Europa. Ainda assim, a máquina eurovisiva já está em plena velocidade: ensaios milimétricos, teorias da conspiração no Twitter (ou X, como preferires), gritos nas redes sociais sobre injustiças nas semifinais e, claro, a eterna discussão sobre quem vota em quem, porquê e com que segundas intenções.

A grande final da Eurovisão 2025 acontece no sábado, 17 de maio, na arena St. Jakobshalle, um recinto moderno e já habituado a grandes eventos (embora talvez nem todos com tantas explosões de confettis, coreografias diferenciadas e gritos em múltiplas línguas ao mesmo tempo). Apesar de a St. Jakobshalle, em Basileia, não ser tão colossal como outros palcos que já receberam a Eurovisão, o seu tamanho traz vantagens inesperadas.
“É uma sala mais intimista, e completamente negra – o que nos dá liberdade total para criar, sem limitações estruturais”, explica Tobias Åberg, Head of Production do Festival.
A aposta num palco em forma de T que se estende até ao público e num arco luminoso que domina a cena promete resultados impressionantes em ecrã. “Vai ficar incrível na televisão e aproxima o público da ação”, garante Tobias. “Nenhum artista está estático – há movimento constante. Independentemente de onde estiveres a ver, vais sentir-te dentro do espetáculo.”
As meias-finais decorreram nos dias 13 e 15 de maio, também em Basileia, e foram a habitual prova de fogo e suspense, onde se separa o “quase” do “vamos mesmo à final” até ao último minuto. A escolha da cidade não foi feita ao acaso – houve um processo competitivo, com várias cidades suíças a tentarem levar o circo eurovisivo para o seu território. No fim, Basileia convenceu.
Basileia
Basileia é uma cidade com alma antiga e um pé no futuro, situada mesmo no cruzamento entre a Suíça, a França e a Alemanha e é conhecida como o coração cultural da Suíça. Com o rio Reno a atravessá-la como uma artéria calma e azulada, Basileia abriga mais de 40 museus (sim, quarenta!), incluindo o prestigiado Kunstmuseum e a Fundação Beyeler. A cidade mistura arquitetura medieval, como a impressionante Catedral de Basileia em arenito vermelho, com obras modernas de arquitetos de renome como Herzog & de Meuron. É também um centro financeiro, farmacêutico e biotecnológico, com galerias de arte, sedes de gigantes farmacêuticos e ruelas históricas e fotogénicas a conviverem juntas num sitio onde parece que o tempo parou.

O regresso ao país de origem
Há também uma nota quase poética nesta escolha: o Festival da Eurovisão nasceu na Suíça, mais precisamente em Lugano, em 1956. Quase 70 anos depois, o concurso regressa ao país onde tudo começou – mas desta vez na parte germanófona, o que acontece pela primeira vez na história do evento. Lugano foi anfitriã com apenas sete países em competição. Hoje, são mais de 30 a disputar o lugar, e milhões a assistir em todo o mundo.
Segundo a organização, Basileia representa bem o espírito da Eurovisão: mistura de tradição com inovação, uma cidade culturalmente rica, aberta ao mundo e pronta para acolher um espetáculo que tanto celebra como desafia fronteiras.
Como ver a final da Eurovisão 2025
Sabes aquele momento em que dizes “f*da-se a Eurovisão” e meia hora depois estás de comando na mão, a torcer por uma banda islandesa com fatos de esqueleto e uma balada grega que até bate fundo? Pois. Acontece aos melhores.
Se estás em Portugal e queres acompanhar a final da Eurovisão 2025 em direto, é simples: sintoniza a RTP1 no sábado, 17 de maio, a partir das 20h00 (hora de Lisboa). A transmissão começa com toda a pompa e circunstância habitual: abertura grandiosa, desfile das delegações, e depois, uma maratona de atuações que tanto pode ser hipnotizante como completamente caótica – e muitas vezes as duas coisas ao mesmo tempo.
Além da RTP, há sempre a possibilidade de seguir tudo online através da Eurovision.tv (o site oficial), e em canais de YouTube ou redes sociais, onde o espetáculo ganha uma segunda vida e dimensão em memes, gifs, indignações e reações instantâneas.

E mesmo que digas que só vais ver “um bocadinho para ver o que Portugal faz”, acaba quase sempre por ser como ver uma série da Netflix: “só mais um episódio”, ou neste caso, “só mais uma atuação”. Até porque nunca se sabe quando aparece um italiano a voar num drone ou um austríaco a cantar ópera em cima de uma bicicleta de ouro.
Portugal na Eurovisão 2025
Portugal está na final da Eurovisão 2025 com a serenidade de quem já sabe ao que vai – e, talvez, com a esperança silenciosa de que este ano seja diferente. A representar o país estão os NAPA, uma banda que não se encaixa nos estereótipos habituais do festival… de certa forma temos desenvolvido um hábito bastante enraizado nos últimos anos de tentar fugir à norma. Nada de vestidos cintilantes, pirotecnias ou refrões prontos para o TikTok. O que trouxeram a Basileia foi “Deslocado”, uma canção que é exatamente o que o título promete: fora do lugar, fora do tempo e, por isso mesmo, intrigante.
Como é tradição, os NAPA venceram o Festival da Canção 2025 em Portugal com uma proposta que dividiu o público português. Há quem os veja como uma lufada de ar fresco, a desafiar as fórmulas gastas da Eurovisão, e há quem ache que estão simplesmente… sem sal, minimalistas ou alternativos para um palco destes. Mas foi essa diferença que os levou até aqui. “Deslocado” não tenta agradar a toda a gente, e talvez aí resida a sua força.

Na meia final da Eurovisão 2025 em Basileia, os NAPA apostaram numa atuação minimalista, de estética crua e emocionalmente contida. Nada explode, nada brilha em demasia, mas tudo vibra com uma intensidade discreta. É um número que obriga o espectador a prestar atenção – o que, num festival onde a maioria tenta gritar mais alto que o anterior, é quase um ato de rebeldia.
Quanto à receção internacional, tem havido elogios à integridade artística da proposta portuguesa na Eurovisão 2025, mas também dúvidas sobre a sua viabilidade na votação popular. Porque a verdade é que Portugal e a Eurovisão têm uma relação complicada pois raras vezes somos favoritos. Quase nunca jogamos o mesmo jogo dos outros. Quando ganhámos com Salvador e Luísa Sobral em 2017, foi precisamente com uma canção que parecia vinda de outro planeta – ou pelo menos de outro tempo. E “Deslocado” segue esse mesmo caminho de resistência estética, passando nas entrelinhas.

Atuando na 21ª posição da final, Portugal apanha uma vaga teoricamente favorável – mais perto do fim, onde as memórias ficam mais frescas. Mas se há coisa que a Eurovisão já nos ensinou, é que posições, odds e previsões pouco contam quando o televoto começa a cair. No fim, o que está em causa é sempre o mesmo dilema: jogamos para ganhar ou para sermos fiéis a nós próprios? Com os NAPA, a resposta parece clara.
Eurovisão 2025 – Favoritos e surpresas
Falar da Eurovisão 2025 sem falar dos favoritos é como ver um desfile sem reparar nos disfarces: parte do ritual, parte da diversão. Todos os anos há aqueles que chegam ao palco com o selo de “potencial vencedor” colado na testa – alguns confirmam o hype, outros afundam sob o peso das expectativas. Os murmúrios em torno dos grandes favoritos começaram ainda antes das semifinais. E, como sempre, os nomes vão variando consoante a lente de quem vê: os puristas falam de vocais e composições, os apostadores seguem as odds, e os fãs acérrimos olham para coreografias e apelo de palco como se fossem ciências exatas.
A França chega à Eurovisão 2025 com Louane e a canção “maman” – uma balada intimista, quase sussurrada, que apela ao coração em vez da retina. É uma jogada inteligente, emocionalmente eficaz e visualmente simples. Um contraste forte com a Suécia, claro, que aparece com KAJ e o (já viral) “Bara Bada Bastu” – três palavras que não significam nada para o público português, mas que já fazem parte de centenas de coreografias no TikTok. Se há país que sabe jogar o jogo da Eurovisão, é a Suécia. E este ano, joga-o com humor, energia e timing.
A Itália, com o excêntrico Lucio Corsi e a sua “Volevo Essere Un Duro”, traz aquele charme indie com laivos de teatralidade que pode tanto irritar como conquistar. A Ucrânia apresenta o projeto misterioso Ziferblat e “Bird of Pray”, uma canção que mistura espiritualidade com produção eletrónica. E depois há o caos calculado da Finlândia – Erika Vikman não veio para passar despercebida com “ICH KOMME”. Entre o trash e o culto, o número finlandês promete dividir opiniões e garantir memes.
Mas a Eurovisão não vive só dos favoritos – vive também das surpresas, das atuações que ninguém contava e que, por alguma razão inexplicável, tocam fundo (ou explodem nas redes sociais). A Letónia, com as Tautumeitas, e a sua fusão de canto tradicional e batida contemporânea, já fez levantar sobrancelhas e arrancar aplausos. E depois há Tommy Cash, o enfant terrible da Estónia, que chega à Eurovisão com uma proposta que é tão absurda quanto hipnotizante: “Espresso Macchiato”. E a Áustria, com JJ e “Wasted Love”, parece ter encontrado o equilíbrio raro entre pop radiofónico e emoção palpável.
Áustria vence a Eurovisão 2025 com “Wasted Love”, de JJ
A grande final da Eurovisão 2025 já tem um vencedor – e vem diretamente do coração da Europa. JJ, representante da Áustria, conquistou o troféu com a canção “Wasted Love”, garantindo ao país o seu terceiro título eurovisivo e o primeiro desde 2014.
Com um total de 436 pontos, a atuação de JJ – nome artístico de Johannes Pietsch – cativou primeiro os jurados e depois o público europeu, num desfecho cheio de tensão até ao último segundo. O tema, uma balada pop com produção moderna e entrega emocional intensa, destacou-se tanto pela simplicidade elegante como pela força vocal e presença de palco.

O segundo lugar foi para Israel, com Yuval Raphael e a canção “New Day Will Rise”, somando 357 pontos. A fechar o pódio ficou o sempre imprevisível Tommy Cash, da Estónia, que levou “Espresso Macchiato” até aos 356 pontos, provando que o experimentalismo também pode conquistar corações e votos. Portugal terminou a sua participação na 21.ª posição, com a canção “Deslocado” dos NAPA.
A final, realizada na St. Jakobshalle em Basileia, reuniu 26 países em competição e foi acompanhada por milhões de espectadores em todo o mundo. Como sempre, o espetáculo começou com os votos dos júris nacionais (baseados nos ensaios gerais), seguidos do televoto do público, que fez oscilar a classificação até ao último momento.
A vitória de JJ marca também um ponto alto para a ORF, a televisão pública austríaca, que assim volta ao topo do pódio eurovisivo mais de uma década depois da icónica vitória de Conchita Wurst com “Rise Like a Phoenix”.
Martin Green, diretor do Festival Eurovisão da Canção, deixou as seguintes palavras para JJ “as nossas felicitações vão para a ORF e para JJ. Desejamos-lhe o maior sucesso nesta nova fase, agora que a Eurovisão serve de trampolim global para a sua carreira.”
Vê também:
- Áustria vence Eurovisão 2025 com “Wasted Love”, numa final marcada por emoções fortes
- Deslocado: a canção dos NAPA que levou a Madeira até à Eurovisão 2025
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