A exposição “Ryuichi Sakamoto | Ourives do som e do silêncio” chega à Sala do Capítulo do Museu de Leiria entre 6 de dezembro e 22 de fevereiro de 2026, fechando o ciclo anual “Capítulo” com uma homenagem a um dos grandes nomes da música contemporânea. Depois de edições dedicadas a Raymond Scott, Delia Derbyshire e Tony Allen, o foco volta‑se agora para o compositor japonês que fez da eletrónica, do silêncio e da emoção um território próprio, influenciando gerações na música, no cinema e na cultura pop.
Fica em baixo o vídeo de Ryuichi Sakamoto a tocar a lindissima “Merry Christmas Mr. Lawrence” em 2022. Sakamoto viria a morrer de cancro poucos meses depois desta gravação.
Ourives do som e do silêncio em Leiria
Em Leiria, a exposição propõe olhar para Ryuichi Sakamoto como um verdadeiro ourives do som e do silêncio: alguém que fez da tecnologia uma extensão da emoção e transformou a experimentação em linguagem acessível. A Sala do Capítulo do Museu de Leiria será, durante quase três meses, um espaço de imersão no seu universo, sublinhando tanto a vertente eletrónica e inovadora como a relação com a natureza, a introspeção e a delicadeza dos pequenos detalhes sonoros.
Este momento encerra o “Capítulo” de 2025, ciclo que se tem afirmado como plataforma para aproximar o público de criadores pioneiros através de cruzamentos entre música, artes visuais e performance.
Paulo Fuentez e Casota Collective
Paulo Fuentez
Para este último capítulo, o artista visual Paulo Fuentez foi desafiado a criar uma capa de disco inédita que capta o espírito de Ryuichi Sakamoto: a delicadeza, o silêncio, a tecnologia e a natureza em diálogo permanente. A peça, apresentada na Sala do Capítulo, funciona como objeto simbólico e ponto de entrada para o visitante, como se fosse um LP imaginário que condensa décadas de experimentação sonora e poética.

Paulo Fuentez é marketer de formação, designer por paixão. Desde 2001, Paulo Fuentez vive e trabalha em Leiria. Em 2003 funda o atelier Maçã Mecânica, com o qual assina uma grande variedadede trabalhos na área da comunicação visual, desde a música, ao teatro, passando pelo design institucional. Em 2007 vê o seu trabalho reconhecido no EULDA, the European Logo Design Annual, concurso suportado pela ICOGRADA e a AIGA.
Com trabalho na coleção contemporânea Les Silos, Maison du Livre et de l’Affiche – Chaumont-França, e publicado em editoras como a Rockport Publishers (Estados Unidos) e Eulda Books Slr (Itália). Pelo meio de tudo isto foi DJ, editou revistas, fez exposições e fundou os The Allstar Project e os Twin Transistors
Casota Collective
Em paralelo, a Casota Collective assina um espetáculo que imagina como poderia soar um álbum de Ryuichi Sakamoto hoje, recriando o seu universo sensorial através de som e imagem num ambiente imersivo.

A Casota Collective é um estúdio criativo e multidisciplinar onde se produzem vídeos, documentários, música, instalações artísticas, entre outros. Com os seus estúdios na bela aldeia da Reixida, em Leiria, foi formada no final de 2016 por quatro grandes amigos, Miguel Ferraz, Pedro Marques, Rui Gaspar e Telmo Soares, que mais tarde abriram os braços para receber a quinta parte que faltava neste sonho, Manuel Gil.
Esta criação performativa sobe ao palco a 14 de dezembro, integrando a própria exposição e permitindo ao público experienciar Ryuichi Sakamoto para além da escuta passiva, num diálogo entre memória, herança e futuro. Mais do que reproduzir obras existentes, o objetivo é prolongar a pergunta que atravessou toda a carreira do compositor: o que pode ser a música quando se desafiam as fronteiras entre géneros, tecnologias e paisagens sonoras?
Ryuichi Sakamoto: Um percurso sem fronteiras
Nascido em 1952, Ryuichi Sakamoto cresceu no ambiente frenético de Tóquio, enquanto descobria Debussy e uma sensibilidade impressionista que marcaria a sua relação com a harmonia e o timbre. No Conservatório aprofundou música clássica, etnomusicologia e eletrónica, cruzando Bach com Kraftwerk, o gamelão com a síntese analógica, numa pesquisa que o tornaria conhecido como “o aluno que nunca aceitou fronteiras”.
Com os Yellow Magic Orchestra, inaugurou uma eletrónica lúdica e visionária que se tornaria referência para o techno, o synth‑pop e até a estética sonora dos videojogos, abrindo uma ponte duradoura entre Oriente e Ocidente. No cinema, bandas sonoras como “Merry Christmas, Mr. Lawrence” ou “The Last Emperor” revelaram a sua capacidade de traduzir e ilustrar musicalmente diversos universos cinematográficos em música inesquecível.
Bandas Sonoras e Cinema
Ao longo de mais de quatro décadas, Ryuichi Sakamoto afirmou‑se como um dos nomes centrais da música para cinema. A partitura de “Merry Christmas, Mr. Lawrence” abriu esse caminho, dando‑lhe reconhecimento internacional e conduzindo a uma relação continuada com realizadores como Nagisa Oshima e Bernardo Bertolucci, em filmes como “The Last Emperor“, “The Sheltering Sky” ou “Little Buddha“, onde a música se torna extensão da paisagem emocional das imagens.
Nesse percurso, Ryuichi Sakamoto cruzou-se e trabalhou com outros criadores marcantes, como David Byrne e Cong Su em “The Last Emperor“, ampliando o diálogo entre diferentes universos sonoros.
Mais tarde voltaria a deixar marca em colaborações com Pedro Almodóvar (“High Heels“), Brian De Palma (“Femme Fatale“) ou Alejandro G. Iñárritu (“The Revenant“), construindo uma filmografia musical que oscila entre o piano mais despojado e as grandes orquestrações, sempre com um olhar e ouvido atento ao silêncio, ao ritmo interno das cenas e à forma como a música pode subtilmente moldar a percepção do espectador.

Como chegar ao Museu de Leiria
A exposição vai ficar patente de 6 de dezembro (hoje) até 22 de fevereiro de 2026. No dia 14 de Dezembro a criação dos convidados vai subir ao palco num momento único a que não podes faltar. O Museu de Leiria fica situado na Rua Tenente Valadim, nº41 em Leiria. A entrada para o Capítulo #4 é gratuita, mas sujeita a marcação prévia. Contacta o Museu através do e-mail museudeleiria [at] cm-leiria.pt ou através do número 244 839 677.
Capítulo: memória e futuro no Museu de Leiria
“Capítulo” é uma iniciativa da CCER MAIS, CRL, em co‑produção com o Museu de Leiria e co‑financiamento da Direção‑Geral das Artes e do Município de Leiria, afirmando‑se como um ciclo que celebra criadores fundamentais para a música atual.
Depois de revisitar figuras como Raymond Scott, Delia Derbyshire e Tony Allen, o programa encerra 2025 com Ryuichi Sakamoto, sublinhando a importância de ler o presente à luz dos visionários que moldaram a escuta contemporânea. Entre 6 de dezembro e 22 de fevereiro de 2026, Leiria torna‑se assim mais uma vez num ponto de encontro para quem quer descobrir, ou redescobrir, a obra de um compositor que fez do silêncio uma forma de dizer mais e da tecnologia como uma ferramenta ao serviço da humanidade.
Não percas esta oportunidade rara de conhecer a obra de Ryuichi Sakamoto de perto!
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