Deftones Regressam com “private music”!

Deftones, capa do álbum "Private Music". Data de lançamento a 22 de Agosto.

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Cinco anos depois de Ohms, os Deftones estão de volta com private music, o décimo álbum de estúdio que promete dar que falar para os fãs do metal alternativo. O disco, que chega às lojas a 22 de agosto pela Reprise/Warner Records, marca não só o regresso da banda de Sacramento mas também uma nova fase após a saída do baixista Sergio Vega em 2021.

A ausência de Sergio Vega, que deixou a banda devido a disputas contratuais, representa o fim de uma era. No seu lugar, Fred Sablan assume oficialmente o baixo depois de ter estado em digressão com a banda desde 2022. É bom ver que apesar de uma mudança tão significativa na formação (Sérgio Vega entrou para a banda depois da morte de Chi Cheng), os Deftones apresentam um novo álbum que gera bastante expectativa. E se os singles são indicadores, a máquina criativa da banda continua bem oleada.

private music (estilizado em minúsculas) foi novamente produzido por Nick Raskulinecz, que já tinha trabalhado com a banda em Diamond Eyes (2010) e Koi No Yokan (2012). A escolha não é coincidência, Raskulinecz sabe como capturar a dualidade única dos Deftones entre brutalidade e beleza etérea, entre o cantar e o grito de Chino Moreno.

“My Mind Is a Mountain”: O Primeiro Golpe

Lançado a 10 de julho, “my mind is a mountain” chegou como uma bomba depois de cinco anos de silêncio discográfico. A faixa combina os riffs pesados e afinações baixas dos primeiros álbuns Adrenaline e Around the Fur com as texturas ambientais que marcaram Koi No Yokan e Gore.

O tema abre sem rodeios, com riffs drop-tuned imediatos e percussão demolidora que mantém a intensidade ao longo dos seus 2:50 minutos. A produção de Nick Raskulinecz é cristalina mas mantém a rudeza necessária, criando um equilíbrio perfeito entre a modernidade sonora e a essência crua da banda.

Chino Moreno continua a ser uma força da natureza vocal, alternando entre melodias hipnóticas e gritos distorcidos que definem o som dos Deftones há três décadas.

Comercialmente, “my mind is a mountain” provou que os Deftones mantêm relevância e uma grande base de fãs. Chegou ao número 24 no Alternative Airplay e ao 5º lugar no Mainstream Rock da Billboard. Mais impressionante ainda foi a chegada ao 2º lugar do Bubbling Under Hot 100, ultrapassando “Change (In the House of Flies)” e tornando-se a maior aproximação da banda ao chart principal americano.

“Milk of the Madonna”: Espiritualidade e Fúria

O segundo single, “milk of the madonna”, lançado a 8 de agosto, mergulha em território mais conceptual. Com 4:08 minutos, a faixa explora temas de transformação espiritual através de uma mistura de texturas shoegaze atmosféricas e riffs devastadores.

O título, que não tem qualquer relação com a pop star Madonna, funciona como metáfora para nutrição divina ou fervor espiritual. A Stereogum descreveu-a como “uma tempestade turbulenta sobre estar perdido em êxtase religioso”, captando perfeitamente a intensidade emocional da composição.

Musicalmente, “milk of the madonna” apresenta camadas de guitarra ambientais sobre uma base rítmica poderosa, com mudanças dinâmicas que criam momentos de tensão e libertação. É Deftones no seu melhor: pesado quando precisa, atmosférico quando convém. E nós adoramos.

“private music”: Um Álbum de Contrastes

Com 42 minutos distribuídos por 11 faixas, private music promete ser mais conciso que os trabalhos anteriores mas não menos impactante. A lista de faixas, toda estilizada em minúsculas (exceto “cXz” e “~metal dream”), sugere uma unidade conceptual que vai além do puramente sonoro.

Títulos como “ecdysis” (processo de mudança de pele), “infinite source” e “departing the body” apontam para temas de transformação e transcendência que sempre fascinaram Chino Moreno. A faixa mais longa, “souvenir”, com 6:10 minutos, pode ser o momento épico do álbum.

Alinhamento do álbum “private music”

TítuloDuração
1.my mind is a mountain2:50
2.locked club2:52
3.ecdysis3:28
4.infinite source3:32
5.souvenir6:10
6.cXz3:12
7.i think about you all the time4:08
8.milk of the madonna4:08
9.cut hands3:01
10.metal dream3:02
11.departing the body5:59

Duração Total: 42:22

Créditos

  • Produção: Nick Raskulinecz
  • Composição: Abe Cunningham, Chino Moreno, Frank Delgado, Fred Sablan, Stephen Carpenter

O timing do lançamento não podia ser mais apropriado. Em junho, White Pony completou 25 anos, relembrando a todos porque os Deftones são únicos no panorama do metal alternativo. Agora, com private music, a banda parece determinada a provar que são como o Vinho do Porto: a idade só os tornou mais refinados na sua brutalidade poética.

A crítica tem reagido positivamente aos singles, embora alguns apontem falta de inovação radical. Mas será isso necessário? Por nós, nem por isso. Os Deftones sempre foram mestres em aperfeiçoar a sua fórmula sem a trair, e estes primeiros vislumbres sugerem que private music vai nessa direção.

Deftones, capa do álbum "private music" a ser lançado dia 22 de Agosto
Deftones, capa do álbum “private music” a ser lançado dia 22 de Agosto

Mais do que um Regresso

private music representa mais do que um simples regresso: é uma declaração de que os Deftones continuam essenciais mais ou menos 32 anos depois da sua formação. Numa era em que o metal alternativo se fragmentou em mil subgéneros, eles permanecem inclassificáveis, únicos, necessários.

O álbum chega numa altura em que a banda podia facilmente descansar sobre os louros de uma carreira lendária. Em vez disso, escolhem desafiar-se novamente, abraçar a mudança e continuar a expandir os limites do que significa ser Deftones em 2025. A 22 de agosto saberemos se private music confirma as promessas dos singles. Mas uma coisa é certa: os Deftones estão de volta, e o mundo do metal alternativo (ou do “extinto” nu-metal, como quiserem) ficou mais feliz.

Para mais informações: deftones.com | Instagram: @deftones

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.