“Styrofoam” é o grito inaugural dos Marlon Ruivo, um coletivo de Lisboa que opera no limite entre o punk, o spoken word e a distorção. Mais do que uma banda, são um organismo vivo, ruidoso e politizado que usa a palavra e a intensidade como forma de resistência. O EP, lançado em junho de 2025, é o primeiro registo de estúdio da formação e condensa toda a energia de uma banda que começou no subsolo e agora emerge com força própria – uma descarga crua e pensada, que desafia convenções e embalagens fáceis.
Entre o cuspir e o sussurro
Pedro Augusto (The Big Church of Fire, Juan Inferno) dá corpo e cuspo às palavras com uma entrega que atravessa o punk e a performance. Carlos Faia Fernandes (Robot Dealer, C4) leva a guitarra a terrenos rugosos e cortantes, enquanto Ricardo Ventura no baixo e Miguel Costa (Blasted Mechanism, Zorg, The Quartet of Whoah) na bateria formam uma secção rítmica que tanto sustém como subverte a estrutura.

O resultado é um EP de cinco faixas, “Styrofoam”, que percorre temas incómodos com uma frontalidade desarmante: transfobia, realeza, extrativismo global, patriarcado. Mas também há lugar para ternura, da que fere e reconforta ao mesmo tempo. A linguagem é trabalhada minunciosamente, densa, por vezes poética, sempre comprometida.
Concerto de lançamento de “Styrofoam” no Damas
O concerto de apresentação decorreu no espaço Damas, em Lisboa, a 14 de junho, e foi muito mais do que um espetáculo. Quatro corpos em combustão controlada entregaram-se a um ritual de desaprendizagem coletiva. Entre gritos, feedback e silêncio denso, os Marlon Ruivo provaram que vibrar é também uma forma de protesto. Não há fórmulas nem refrões fáceis. Há raiva, humor negro, consciência social e um punk que não se esgota no som. Marlon Ruivo e “Styrofoam” é estética, é política, é gesto. Podes ver o concerto na íntegra no vídeo em baixo.
Marlon Ruivo: Um coletivo em movimento
A banda começou a formar-se há dois anos no underground lisboeta, e a sua formação atual estabilizou-se há cerca de um ano. Desde então, têm pisado palcos de diferentes naturezas, do SMUP ao Ginásio Clube de Corroios, passando por lugares como o Gasoline, o Coice de Mula ou a Galeria Prisma.
“Styrofoam” é um marco para este percurso ainda recente, mas já cheio de identidade. É um disco que não se deixa embalar, nem rotular. E é esse desconforto que o torna urgente. Não te esqueças de seguir os Marlon Ruivo nas suas redes sociais, Facebook, Instagram e Bandcamp!
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