Ivandro lança “Amanheceu”, o novo dia de um artista em renascimento

Chegou o novo disco de Ivandro e trouxe com ele muito mais do que música. “Amanheceu”, editado a 9 de julho, é o reflexo maduro de um artista que olha para trás sem perder o foco no presente. São dez faixas onde cabem infância, família, amor, luto, alegria, fé, e a certeza de que apesar de tudo, ainda há um novo dia à espera.

A expectativa já vinha a ser construída com os lançamentos recentes: Beijo Roubado, um tema quente e direto, marcado por uma produção subtil e letra carregada de desejo contido; Olhar, mais luminoso, dançável, com um refrão que promete ecoar este verão; e Crescer, provavelmente a canção mais pessoal da sua carreira, dedicada à filha e ao tempo que passa. Cada uma destas faixas revelava um pedaço da alma de Ivandro. Agora, o puzzle completa-se com o disco todo.

Ivandro: A maturidade de um homem, pai, filho e artista

O álbum não é apenas uma coleção de canções. É uma narrativa sobre transformação. Entre Angola e Portugal, entre o que se perdeu e o que se construiu, Ivandro usa a música como meio para revisitar as suas raízes e afirmar a sua identidade no presente. Há um fio emocional que percorre todas as faixas: a ideia de que o tempo passa, mas a forma como vivemos e sentimos pode ganhar nova luz.

Ivandro, capa de "Amanheceu"
Ivandro, capa de “Amanheceu”

A faixa “Crescer” resume bem esse espírito. Numa carta cantada à filha, Ivandro expõe fragilidades, sonhos e lições, tudo sobre um instrumental melancólico mas sereno. A música funciona como uma cápsula de tempo que, no futuro, poderá ser ouvida com o mesmo espanto com que se lê uma carta de um pai que já sabia o que viria.

Afrobeat, soul e um coração exposto sem defesas

A nível sonoro, “Amanheceu” mantém o ADN de Ivandro mas expande o território e a sua paleta de sons. A produção tem um pé na pop e outro nas raízes afro-lusófonas, com grooves suaves, harmonias vocais bem trabalhadas e uma atenção ao detalhe que só confirma a evolução artística desde “Trovador”.

Apesar de ter produtores e colaborações por trás, é evidente a mão e o ouvido de Ivandro em cada batida, cada silêncio, cada escolha melódica. O disco mostra que ele não é só intérprete: é autor, arquiteto emocional e timoneiro da sua própria viagem.

Ivandro, "Amanheceu"
Ivandro, “Amanheceu”

Há espaço para baladas e para temas mais dançáveis. Há momentos de comunhão e outros de isolamento. Mas o tom geral é o de quem está em paz, mesmo quando a letra fala de perdas ou de ausências. A maturidade não vem da ausência de dor, mas da capacidade de a aceitar e transformar em algo belo.

Um disco inteiro, para ouvir do princípio ao fim

“Amanheceu” é também uma proposta de escuta à antiga: um álbum com princípio, meio e fim. As canções não estão feitas para a playlist do algoritmo, mas para serem ouvidas em sequência. Há uma cadência emocional entre elas, quase como se estivéssemos a assistir ao desabrochar de alguém perante os nossos olhos. Ou ouvidos.

É um disco que tanto pode embalar um final de tarde como servir de companhia em viagens mais longas. Intimista mas acessível, melancólico mas esperançoso, pessoal mas universal. Ivandro escreveu-o para si, mas canta-o para todos.

Ivandro, "Amanheceu"
Ivandro, “Amanheceu”

“Amanheceu” é a confirmação de que Ivandro não é uma promessa, mas uma certeza. Com este segundo álbum, assume-se como uma das vozes mais relevantes da música portuguesa contemporânea, sem perder a alma que o trouxe até aqui.

Entre batidas afro, palavras que tocam e melodias que ficam, o disco é um convite para parar, escutar e sentir. E sobretudo, para perceber que às vezes o mais importante é saber que o sol nasce todos os dias, mesmo depois das noites mais longas. Não te esqueças de seguir o Ivandro no Instagram ou Facebook!

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Pedro Ribeiro
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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.