O festival Que Jazz É Este? está de volta a Viseu em 2025 para a sua 13.ª edição, de 9 a 20 de julho, e traz consigo a mesma inquietação criativa que o fez crescer, agora com a irreverência própria da idade. Ao longo de 12 dias, a cidade transforma-se num organismo vivo, onde a música ocupa ruas, prisões, praças e jardins, com concertos, oficinas, encontros e jam sessions abertas.
Mais do que jazz, este é um festival de liberdade artística, onde cabem todas as vozes, todas as estéticas e todas as gerações. Um espaço para interrogar o mundo sem medo, e responder-lhe com som, improviso e momentos partilhados entre desconhecidos.
Que Jazz É Este? – Um arranque simbólico
Nos dias 9 e 10 de julho, a jovem trompetista Jasmim Pinto apresenta uma banda sonora original para o filme The Playhouse de Buster Keaton, levando o jazz a espaços habitualmente esquecidos: o Estabelecimento Prisional de Viseu, o Internato Victor Fontes e o Hospital Psiquiátrico. Um gesto simbólico e poderoso, que afirma o acesso à cultura como um direito universal. O mesmo filme-concerto poderá ser visto pelo público geral a 17 de julho na Casa do Miradouro.

Música em movimento: da rua aos palcos
No fim de semana de 12 e 13 de julho, a cidade acorda com Jazz na Rua, numa intervenção sonora da Escola Profissional da Serra da Estrela. A música viaja também até Tondela com o Colectivo Gira Sol Azul e Tito Paris, num concerto que regressa a Viseu a 19 de julho, no Parque Aquilino Ribeiro, como celebração da lusofonia.
Ainda na primeira semana, o quarteto de João Rocha atua na Pousada de Viseu (12 julho) e a Gira Big Band homenageia a cantora luso-brasileira Vera Lúcia em Carregal do Sal (13 julho), num concerto que une três gerações de músicos da região.

Encontros que não cabem nas salas
Entre 17 e 20 de julho, o festival Que Jazz É Este? atinge o seu pico criativo. A 17 de julho, os irmãos André e Bruno Santos, sob o nome Mano a Mano, apresentam Trilogia das Sombras nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco, um concerto imersivo inspirado na obra de Lourdes Castro. Entre luz e sombra, silêncio e som, as guitarras e cordofones madeirenses dialogam com o corpo e a voz de Tiago Martins, num tributo sensorial à poética da artista madeirense que une tradição, memória e criação contemporânea.
No dia seguinte, Camilla George sobe ao palco do Parque Aquilino Ribeiro, com uma fusão de afro-futurismo, hip hop e jazz ancorada nas suas raízes nigerianas. Figura central da nova cena jazz londrina, apresenta em Viseu um concerto único em Portugal. A sua música, profundamente política e enraizada na diáspora africana, é um manifesto vivo sobre identidade, herança e memória coletiva.
A 19 de julho, o Teatro Viriato acolhe o trio da suíça Marie Kruttli, num concerto intenso e cinematográfico, enquanto o jardim da Casa do Miradouro acolhe encontros improváveis: João Mortágua com os irmãos Emanuel e Toy Matos (18 julho) e o quarteto Analogik liderado por Zé Almeida (20 julho).

Formação, jam sessions e rádio sobre rodas
O Carmo’81 volta a ser a casa do jazz mais jovem e experimental. A 1.ª edição do encontro “So What?” junta escolas profissionais de música (16 julho), enquanto decorre a 17.ª edição do Workshop de Jazz de Viseu, orientado por André Matos e Gonçalo Marques.
As noites fecham com jam sessions abertas sem guião e sem filtro. Quem quiser tocar, aparece. Quem quiser ouvir, entra.
Já a Rádio Rossio instala-se no Parque Aquilino Ribeiro com programas ao vivo, conduzidos por figuras como Emanuel Santoz, Tiago Araújo, Gonçalo Falcão, Luís Belo, Jasmim Pinto, Catarina Machado ou Sandra Rodrigues.
Oficina Radioactiva
Em resposta a um mundo saturado de ruído e desinformação, a Oficina Radioactiva, inserida na programação da Rádio Rossio e no festival Que Jazz É Este?, convida os participantes a ocupar o espaço público com pensamento crítico e escuta ativa. Através da criação de programas de autor, esta oficina torna-se um laboratório de experimentação e emancipação, onde a palavra ganha corpo e sentido, e onde se aprende a escutar para, depois, falar com consciência.
Um grande final com New Max
O encerramento faz-se no dia 20 de julho com New Max (Tiago Novo) — metade dos Expensive Soul e nome maior da soul portuguesa — a apresentar Phalasolo, um disco que celebra a música negra e apela a um consumo cultural mais consciente.
Organizado e produzido pela Gira Sol Azul, a 13.ª edição do Que Jazz É Este? é uma celebração da música enquanto linguagem comum, vivida no dia-a-dia e da cultura como espaço de liberdade. Em vez de caber numa sala de estar, espalha-se pelas ruas, pelos lares e pelas ideias de quem por lá passa.
Todas as atividades do festival são de entrada livre, com apelo ao “donativo consciente”, e com uma programação que une nomes consagrados, jovens promessas, experiências sonoras e causas sociais. Que Jazz É Este? um daqueles raros eventos que tanto desafia como abraça. Em julho, o jazz passa por Viseu e não vale a pena tentar rotulá-lo. O melhor é ir ver, ouvir e fazer parte.
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