De 2 a 8 de junho, o coração de Leiria volta a bater mais alto com o regresso do Festival A Porta – e este ano, a celebração faz-se em dose redobrada. Em 2025, o festival celebra a sua 10.ª edição, consolidando-se como um dos projetos culturais mais vibrantes, afetivos e transformadores do panorama nacional.
Durante uma semana inteira, A Porta abre-se literalmente à cidade e às suas gentes, com concertos, exposições, oficinas, jantares entre desconhecidos, feiras, atividades para todas as idades e intervenções que misturam arte, comunidade e paisagem urbana. O epicentro volta a ser a Rua Direita e as suas transversais, mas a programação espalha-se por espaços que já fazem parte da identidade do festival: o Jardim Luís de Camões, a Arquivo Livraria, o Centro Comercial D. Dinis, o Atlas Hostel, a antiga Pousada da Juventude ou o Jardim de Santo Agostinho.
Mais do que um festival, A Porta é hoje um lugar de encontro. É onde artistas, vizinhos, crianças, músicos, pensadores, curiosos, transeuntes incautos e apaixonados por cultura se cruzam numa experiência que celebra a cidade como espaço vivo, criativo e em constante reinvenção. E este ano, com uma década de histórias para contar, Leiria promete abrir a porta com ainda mais força e barulho.
Concertos e Programação do Festival A Porta 2025
A programação musical do Festival A Porta 2025 volta a ser um dos grandes pilares do evento, combinando nomes consagrados da música alternativa com propostas emergentes e ousadas. Ana Lua Caiano, X-Wife, Filipe Sambado e Noko Woi, projeto liderado por Salvador Sobral, figuram entre os destaques mais aguardados, trazendo ao festival sonoridades que vão da pop eletrónica à fusão experimental. A energia contagiante de Aunty Razor, a elegância soul de Von Di e a força interpretativa de Máquina prometem incendiar o público nas várias noites do festival.
Mas é na diversidade e surpresa que A Porta se afirma ano após ano – Unsafe Space Garden, Travo e Scúru Fitchádu garantem uma dimensão mais crua e psicadélica da programação, cruzando punk, groove e batidas afrofuturistas em concertos que serão tudo menos previsíveis. Artistas como Rossana, Evaya, Veronica Fusaro, Caio ou Cremalheira do Apocalipse enriquecem a proposta estética com diferentes camadas de intimismo, excentricidade e experimentação.
Um dos momentos mais especiais desta edição será protagonizado por Surma e Larie, que apresentam ao vivo a peça criada em residência artística com curadoria do festival. Este encontro entre duas vozes com raízes diferentes mas espírito comum reflete a essência de A Porta: criar pontes, gerar escuta e abrir espaço para o inesperado. Esta atuação, marcada para o fim de tarde de quinta-feira, promete ser um dos pontos altos emocionais do festival – uma viagem sonora entre o Brasil e Portugal, entre a rua e o lar, entre o que se diz e o que se sente.
Alinhamento do Festival A Porta 2025
Data | Artista | Hora | Palco |
---|---|---|---|
2 junho (segunda) | Sérgio Onze | 21:00 | Palco Pousada |
2 junho (segunda) | Noko Woi | 22:00 | Palco Pousada |
5 junho (quinta) | Evaya | 18:30 | Palco Pousada |
5 junho (quinta) | Surma x Larie | 19:30 | Palco Pousada |
5 junho (quinta) | Filipe Sambado | 20:30 | Palco Pousada |
6 junho (sexta) | X-Wife | 00:15 | Palco Camões |
6 junho (sexta) | Aunty Rayzor | 01:00 | Palco Camões |
6 junho (sexta) | Cremalheira do Apocalipse | 19:15 | Palco Pousada |
6 junho (sexta) | Vaague | 22:00 | Palco Camões |
6 junho (sexta) | Unsafe Space Garden | 23:00 | Palco Camões |
7 junho (sábado) | Scúru Fitchádu | 00:15 | Palco Camões |
7 junho (sábado) | Von Di | 01:00 | Palco Camões |
7 junho (sábado) | Caio | 14:15 | Centro Cívico |
7 junho (sábado) | Veronica Fusaro | 15:15 | Centro Cívico |
7 junho (sábado) | Travo | 18:15 | Palco Pousada |
7 junho (sábado) | Máquina. | 19:00 | Palco Pousada |
7 junho (sábado) | Rossana | 22:00 | Palco Camões |
7 junho (sábado) | Ana Lua Caiano | 23:00 | Palco Camões |
8 junho (domingo) | Gardênia & Technofoguete | 15:30 | Jardim de Santo Agostinho |
Laboratório João Gago – um novo espaço para criar e experimentar
Uma das novidades mais significativas da 10.ª edição do Festival A Porta é a estreia do Laboratório João Gago (LJG) – um microfestival dentro do festival, idealizado como espaço de experimentação, criação e participação ativa, inteiramente construído por voluntários. Mais do que uma nova plataforma cultural, o LJG é uma homenagem sentida a João Gago, membro da equipa de voluntariado e figura muito querida na comunidade leiriense, que faleceu em 2024.

Inspirado pelo espírito que João sempre demonstrou, o Laboratório nasce para continuar a sua missão: abrir portas, dar palco e capacitar jovens criadores e produtores da região de Leiria. Aqui, o foco recai sobre artistas pré-emergentes, linguagens em desenvolvimento e propostas que desafiam os formatos tradicionais. O LJG não é apenas um programa dentro do Festival A Porta — é um espaço vivo onde a criação acontece em tempo real, de forma coletiva e aberta ao risco.
A programação arranca na terça-feira, 3 de junho, às 18h30 na Pousada, com a inauguração do Habitat João Gago – um espaço artístico e sensorial concebido como refúgio e manifesto. Seguem-se várias propostas multidisciplinares como poesia pelo Coletivo Sisifus, uma sessão Drink & Draw com Cláudia Pena, concertos de FeMa e Talvez Inês, teatro com a peça “U gato” e ainda uma aula de yoga com Vera Sousa. Tudo isto desenhado com o envolvimento direto dos voluntários, mantendo acesa a chama da participação cívica e artística que sempre fez parte do ADN do Festival A Porta.
Casa Plástica transforma o Centro Comercial D. Dinis
Na 10.ª edição do Festival A Porta, a Casa Plástica assume um novo formato, expandindo-se por vários espaços emblemáticos e inesperados da cidade de Leiria. Entre eles destaca-se, pela primeira vez, o Centro Comercial D. Dinis, um dos mais antigos da cidade, que nas últimas duas décadas tem vindo a acumular lojas desocupadas e sinais de abandono. A ocupação artística desses espaços devolve-lhes vida, significado e atenção, cumprindo o propósito essencial da Casa Plástica: reimaginar lugares esquecidos como palcos de criação e expressão.

Este ano, o festival associa-se ao coletivo Caldas Late Night, oriundo das Caldas da Rainha, que assinará a programação de uma das lojas. Noutra, instala-se uma maratona sonora de 24 horas com música no feminino — mulheres a passar vinil com música feita por mulheres, num gesto contínuo de escuta, resistência e celebração. Também no D. Dinis, o fotógrafo Ricardo Graça expõe a série “Leiria e os Leirienses”, um olhar atento e cúmplice sobre duas décadas de vivências locais, fixadas em retratos carregados de memória e humanidade.
Paralelamente, a Rua Direita e as suas transversais voltam a acolher a exposição comemorativa das 10 edições do Festival A Porta. Já na antiga Pousada da Juventude, a residência artística de Alexandra Saldanha, Maria Pinheiro (aka Carlos Roxo) e Neuza Matias promete dar que falar. As artistas refletem sobre a tensão entre opressão e liberdade num mundo “apertadinho”, como descrevem:
“O conceito que estamos a explorar parte de um mundo apertadinho — daqueles em que não há espaço para estar, parar ou, com sorte, respirar. Ficar calmo ou descansado? Só se for um luxo. A graça está no contraste: esses espaços absurdamente apertados coexistem com outros quase paradisíacos. É nesse equilíbrio meio torto, entre o sufoco e o paraíso, que as artistas começam o seu caminho.”
A Casa Plástica, assim repartida e reinventada, reforça-se como território de intervenção artística, reflexão urbana e partilha comunitária no Festival A Porta, sempre com Leiria no centro da criação.
Jantares com desconhecidos e experiências TransPorta-te
Entre as propostas mais singulares e cobiçadas do Festival A Porta estão os icónicos Jantares com Desconhecidos, que voltam este ano a reunir à mesa pessoas que nunca se viram antes, num ambiente intimista e surpreendente. A receita é simples e infalível: partilha, descoberta e boa comida. Os participantes só sabem quem cozinha e o que vai ser servido – o local e o artista convidado para animar o serão permanecem em segredo até ao último momento. É uma celebração dos sentidos e da convivência, onde a arte surge sem aviso, no meio da sopa ou ao cair do guardanapo.

A acompanhar esta aura de mistério e maravilhamento, regressa também o TransPorta-te, uma série de experiências imersivas e sensoriais que já deram a conhecer concertos dentro de jacuzzis e passeios noturnos por vales iluminados por pirilampos. Este ano, os organizadores mantêm o suspense – e bem – mas garantem que “será mágico”. O segredo faz parte da experiência: o desconhecido, a surpresa e o espanto são, aqui, ferramentas de ligação profunda entre pessoas e lugares.
Ambas as atividades acontecem nos dias 3 e 4 de junho, com lotação limitada e reserva obrigatória. Para garantir lugar, é preciso estar atento às redes sociais do Festival A Porta, onde será anunciada a abertura das inscrições. E como sempre, quem hesitar… perde o lugar!
1001 Portas e Portinha(s)
No Festival A Porta, ninguém fica de fora — nem os mais pequenos. A Portinha, uma das iniciativas mais queridas do festival, volta a ocupar o seu lugar com uma programação pensada especialmente para as crianças e famílias. Entre histórias cantadas, ilustrações, colagens com tesouras, manipulação de objetos e oficinas sensoriais, a criatividade infantil assume o palco com a liberdade que lhe é devida. O espaço transforma-se num laboratório de cor, som e imaginação, onde a espontaneidade é a estrela principal e os mais novos são os artistas.
Já nos dias 7 e 8 de junho, a programação 1001 Portas expande o universo do festival a experiências que cruzam gerações, géneros e linguagens artísticas. Este ano, o irreverente Rui Paixão regressa a Leiria com KINSKI, espetáculo inspirado na figura intensa de Klaus Kinski, prometendo provocar tanto o riso como a inquietação. O coletivo Página Solta, criado por Maria Beatriz e Rita Isabel, propõe uma versão expandida do seu universo pós-dramático, misturando teatro, poesia, música e comédia, e desafiando o público a soltar a sua própria página num workshop performativo.

A cidade também se transforma com a intervenção Era Uma Montra, de Julia Morelli, que convida quem passa pela Rua Direita a interagir com três montras adormecidas, agora repletas de perguntas, desenhos e sonhos à espera de serem completados. E no Jardim de Santo Agostinho, Petúnio (Wandré Gouveia) invade o espaço com Monotrux, uma performance ambulante feita de cacarecos tecnológicos, equilíbrio, música e humor. O artista dinamiza ainda um workshop de mímica e comicidade física, abrindo a porta à linguagem do corpo como instrumento expressivo.
Para completar esta secção dedicada ao brincar, o festival apresenta dois Ateliers do Brincar, ambos concebidos por Ana Lopes-Mesquita, fundadora do projeto Kalambaka. Um deles é pensado para adultos, com o intuito de resgatar vivências essenciais através de jogos e dinâmicas criativas. O outro é direcionado às crianças, num espaço onde a liberdade de criação é total, com materiais de fim aberto e foco no processo em vez do resultado. Porque brincar, como o festival nos relembra, é para todas as idades.
Conversas na Livraria Arquivo
O Festival A Porta é mais do que um festival de música e arte, é também um espaço de pensamento e discussão. Em 2025, a Livraria Arquivo volta a acolher três painéis de conversas que desafiam a cidade a olhar-se ao espelho e imaginar os próximos passos para o seu tecido cultural, social e urbano. Com início às 17h nos dias 3, 4 e 5 de junho, os encontros contam com convidados de diferentes áreas e experiências, reunidos num ambiente informal e aberto à participação do público.
A primeira conversa do festival A Porta, no dia 3 de junho, mergulha no universo do voluntariado cultural, com foco no papel transformador que os voluntários desempenham na construção e sustentabilidade de projetos culturais como A Porta. Em destaque estarão Leonor Atalaia, responsável pela direção dos Voluntários do Festival Bons Sons, Filipa Rodrigues, docente do IP Leiria e investigadora em práticas culturais, e Matilde Marques, voluntária do Festival A Porta, que trará a sua experiência na primeira pessoa.
No dia 4, o painel centra-se no futuro da cidade, com um debate entre Joana Ferraz, empreendedora ligada ao centro histórico de Leiria, Miguel Ferraz, membro da organização de A Porta e também residente dessa zona, e João Rino, dinamizador cultural com presença ativa em vários projetos da cidade. Juntos, partilharão visões e preocupações sobre como preservar e revitalizar o coração urbano de Leiria, sem perder a sua alma.
A última conversa, agendada para 5 de junho, foca-se em estratégias para reimaginar os centros comerciais abandonados, tomando como ponto de partida a ocupação artística do Centro Comercial D. Dinis por parte da Casa Plástica. À conversa estarão João Mota, diretor da VOID, empresa tecnológica residente no mesmo centro comercial, Lino Ferreira, presidente da ACILIS e vice da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, e Nicola Henriques, cofundador do projeto SILOS Contentor Criativo, um caso de sucesso na revitalização artística de espaços devolutos nas Caldas da Rainha.
Estas Conversas na Arquivo do Festival A Porta propõem-se a ser mais do que trocas de ideias — são convites a pensar coletivamente a cultura enquanto bem comum e motor de mudança, enquanto rodeados do ambiente festivo que o Festival A Porta proporciona.
Menu A Porta: sabores locais para todos os apetites
Uma das formas mais deliciosas de viver o Festival A Porta passa… pelo prato. Em 2025, a iniciativa Menu A Porta volta a pôr a restauração local no centro da festa, desafiando cafés, restaurantes e pastelarias da zona de abrangência do festival a criar iguarias especiais para os dias 6 e 7 de junho. O resultado é um verdadeiro roteiro gastronómico com dezenas de espaços aderentes e preços simpáticos, pensado para alimentar corpos e entusiasmos entre concertos, exposições e oficinas.
Dos salgadinhos brasileiros às focaccias artesanais, do spicy edamame às bifanas e seitanas, passando por tirinhas de choco, pokes, burritos, pizzas e até brisas do Lis, o Menu A Porta promete agradar a todos os paladares — e surpreender com propostas criativas e saborosas. É uma forma de celebrar a gastronomia como parte viva da identidade local e de reforçar a ligação entre cultura e comércio de proximidade.
O link para consulta do Menu A Porta será divulgado em breve nas redes sociais (Instagram e Facebook) e canais oficiais do festival.
Nota importante do Festival A Porta 2025: as atividades inicialmente previstas para a Villa Portela foram reorientadas para o Jardim Luís de Camões (onde acontecem os concertos de sexta e sábado à noite) e o Jardim de Santo Agostinho, que acolherá o piquenique de encerramento no domingo.
Festival A Porta 2025
O Festival A Porta celebra 10 anos a reinventar a cidade de Leiria como palco vivo de arte, comunidade e imaginação. Em 2025, a programação volta a provar que este não é apenas um festival — é um movimento cultural que transforma ruas em galerias, praças em salas de concerto, e jantares em encontros improváveis. Do alinhamento musical plural aos espaços de escuta, das intervenções artísticas nos centros abandonados aos momentos de partilha entre desconhecidos, A Porta mantém-se fiel à sua essência: abrir novas possibilidades de viver a cidade, de forma colaborativa, inclusiva e profundamente criativa.

Este décimo ano do Festival A Porta é também um gesto de maturidade e renovação. Com novas iniciativas como o Laboratório João Gago, que aposta na capacitação de jovens através da cultura, ou o alargamento da Casa Plástica ao Centro Comercial D. Dinis, o festival mostra que sabe crescer sem perder a sua identidade. Entre arte, gastronomia, reflexão e convívio, A Porta convida todos — os de dentro e os de fora — a celebrar o que nos une e imaginar juntos o que ainda está por vir. Em Leiria, a cultura não se fecha. Abre-se.
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