A exposição “Ryuichi Sakamoto | Ourives do som e do silêncio” chega à Sala do Capítulo do Museu de Leiria entre 6 de dezembro e 22 de fevereiro de 2026, fechando o ciclo anual “Capítulo” com uma homenagem a um dos grandes nomes da música contemporânea.​ Depois de edições dedicadas a Raymond Scott, Delia Derbyshire e Tony Allen, o foco volta‑se agora para o compositor japonês que fez da eletrónica, do silêncio e da emoção um território próprio, influenciando gerações na música, no cinema e na cultura pop.

​Fica em baixo o vídeo de Ryuichi Sakamoto a tocar a lindissima “Merry Christmas Mr. Lawrence” em 2022. Sakamoto viria a morrer de cancro poucos meses depois desta gravação.

Ourives do som e do silêncio em Leiria

Em Leiria, a exposição propõe olhar para Ryuichi Sakamoto como um verdadeiro ourives do som e do silêncio: alguém que fez da tecnologia uma extensão da emoção e transformou a experimentação em linguagem acessível. A Sala do Capítulo do Museu de Leiria será, durante quase três meses, um espaço de imersão no seu universo, sublinhando tanto a vertente eletrónica e inovadora como a relação com a natureza, a introspeção e a delicadeza dos pequenos detalhes sonoros.

Este momento encerra o “Capítulo” de 2025, ciclo que se tem afirmado como plataforma para aproximar o público de criadores pioneiros através de cruzamentos entre música, artes visuais e performance.

Paulo Fuentez e Casota Collective

Paulo Fuentez

Para este último capítulo, o artista visual Paulo Fuentez foi desafiado a criar uma capa de disco inédita que capta o espírito de Ryuichi Sakamoto: a delicadeza, o silêncio, a tecnologia e a natureza em diálogo permanente. A peça, apresentada na Sala do Capítulo, funciona como objeto simbólico e ponto de entrada para o visitante, como se fosse um LP imaginário que condensa décadas de experimentação sonora e poética.

Paulo Fuentez. Crédito Fotografia:  Ricardo Graça
Paulo Fuentez. Crédito Fotografia: Ricardo Graça

Paulo Fuentez é marketer de formação, designer por paixão. Desde 2001, Paulo Fuentez vive e trabalha em Leiria. Em 2003 funda o atelier Maçã Mecânica, com o qual assina uma grande variedadede trabalhos na área da comunicação visual, desde a música, ao teatro, passando pelo design institucional. Em 2007 vê o seu trabalho reconhecido no EULDA, the European Logo Design Annual, concurso suportado pela ICOGRADA e a AIGA.

Com trabalho na coleção contemporânea Les Silos, Maison du Livre et de l’Affiche – Chaumont-França, e publicado em editoras como a Rockport Publishers (Estados Unidos) e Eulda Books Slr (Itália). Pelo meio de tudo isto foi DJ, editou revistas, fez exposições e fundou os The Allstar Project e os Twin Transistors

Casota Collective

Em paralelo, a Casota Collective assina um espetáculo que imagina como poderia soar um álbum de Ryuichi Sakamoto hoje, recriando o seu universo sensorial através de som e imagem num ambiente imersivo.

Casota Collective
Casota Collective

A Casota Collective é um estúdio criativo e multidisciplinar onde se produzem vídeos, documentários, música, instalações artísticas, entre outros. Com os seus estúdios na bela aldeia da Reixida, em Leiria, foi formada no final de 2016 por quatro grandes amigos, Miguel Ferraz, Pedro Marques, Rui Gaspar e Telmo Soares, que mais tarde abriram os braços para receber a quinta parte que faltava neste sonho, Manuel Gil.

Esta criação performativa sobe ao palco a 14 de dezembro, integrando a própria exposição e permitindo ao público experienciar Ryuichi Sakamoto para além da escuta passiva, num diálogo entre memória, herança e futuro. Mais do que reproduzir obras existentes, o objetivo é prolongar a pergunta que atravessou toda a carreira do compositor: o que pode ser a música quando se desafiam as fronteiras entre géneros, tecnologias e paisagens sonoras?

Ryuichi Sakamoto: Um percurso sem fronteiras

Nascido em 1952, Ryuichi Sakamoto cresceu no ambiente frenético de Tóquio, enquanto descobria Debussy e uma sensibilidade impressionista que marcaria a sua relação com a harmonia e o timbre. No Conservatório aprofundou música clássica, etnomusicologia e eletrónica, cruzando Bach com Kraftwerk, o gamelão com a síntese analógica, numa pesquisa que o tornaria conhecido como “o aluno que nunca aceitou fronteiras”.

Com os Yellow Magic Orchestra, inaugurou uma eletrónica lúdica e visionária que se tornaria referência para o techno, o synth‑pop e até a estética sonora dos videojogos, abrindo uma ponte duradoura entre Oriente e Ocidente. No cinema, bandas sonoras como “Merry Christmas, Mr. Lawrence” ou “The Last Emperor” revelaram a sua capacidade de traduzir e ilustrar musicalmente diversos universos cinematográficos em música inesquecível.

​Bandas Sonoras e Cinema

Ao longo de mais de quatro décadas, Ryuichi Sakamoto afirmou‑se como um dos nomes centrais da música para cinema. A partitura de “Merry Christmas, Mr. Lawrence” abriu esse caminho, dando‑lhe reconhecimento internacional e conduzindo a uma relação continuada com realizadores como Nagisa Oshima e Bernardo Bertolucci, em filmes como “The Last Emperor“, “The Sheltering Sky” ou “Little Buddha“, onde a música se torna extensão da paisagem emocional das imagens.

Nesse percurso, Ryuichi Sakamoto cruzou-se e trabalhou com outros criadores marcantes, como David Byrne e Cong Su em “The Last Emperor“, ampliando o diálogo entre diferentes universos sonoros.

Mais tarde voltaria a deixar marca em colaborações com Pedro Almodóvar (“High Heels“), Brian De Palma (“Femme Fatale“) ou Alejandro G. Iñárritu (“The Revenant“), construindo uma filmografia musical que oscila entre o piano mais despojado e as grandes orquestrações, sempre com um olhar e ouvido atento ao silêncio, ao ritmo interno das cenas e à forma como a música pode subtilmente moldar a percepção do espectador.

Cartaz do Capítulo #4 dedicado a Ryuichi Sakamoto, exposição patente na Sala do Capítulo do Museu de Leiria
Cartaz do Capítulo #4 dedicado a Ryuichi Sakamoto, exposição patente na Sala do Capítulo do Museu de Leiria

Como chegar ao Museu de Leiria

A exposição vai ficar patente de 6 de dezembro (hoje) até 22 de fevereiro de 2026. No dia 14 de Dezembro a criação dos convidados vai subir ao palco num momento único a que não podes faltar. O Museu de Leiria fica situado na Rua Tenente Valadim, nº41 em Leiria. A entrada para o Capítulo #4 é gratuita, mas sujeita a marcação prévia. Contacta o Museu através do e-mail museudeleiria [at] cm-leiria.pt ou através do número 244 839 677.

Capítulo: memória e futuro no Museu de Leiria

“Capítulo” é uma iniciativa da CCER MAIS, CRL, em co‑produção com o Museu de Leiria e co‑financiamento da Direção‑Geral das Artes e do Município de Leiria, afirmando‑se como um ciclo que celebra criadores fundamentais para a música atual.

Depois de revisitar figuras como Raymond Scott, Delia Derbyshire e Tony Allen, o programa encerra 2025 com Ryuichi Sakamoto, sublinhando a importância de ler o presente à luz dos visionários que moldaram a escuta contemporânea. Entre 6 de dezembro e 22 de fevereiro de 2026, Leiria torna‑se assim mais uma vez num ponto de encontro para quem quer descobrir, ou redescobrir, a obra de um compositor que fez do silêncio uma forma de dizer mais e da tecnologia como uma ferramenta ao serviço da humanidade.

Não percas esta oportunidade rara de conhecer a obra de Ryuichi Sakamoto de perto!

Omnichord – Instagram: @omnichord.pt | Facebook: @omnichord.pt

Museu de Leiria – Instagram: @__museudeleiria__ | Facebook: @MuseuDeLeiria

“O Prazer é Meu” nasce daquela frase cordial com que nos apresentamos – educada, formal, quase automática – mas que, nas mãos de Mike El Nite, ganha outra temperatura. No seu novo single, Miguel transforma a frieza corporativa num cenário inesperado para uma balada R&B, daquelas “baby makers” que podiam muito bem ter saído da gaveta de Silk Sonic ou de Barrio boyzz.

A canção brinca com a tensão entre a formalidade do escritório e o flirt que insiste em infiltrar-se por baixo do dress code. É uma música sobre códigos de conduta corporativa, sobre a linha subtil entre respeito e desejo, sobre aquilo que sentimos, mas não devemos dizer – pelo menos não em horário laboral.

Na história que inspira o tema, Miguel imagina-se como um CEO prestes a conduzir uma entrevista de emprego. A candidata entra para fazer o seu pitch… mas é ele quem acaba por o fazer, porque fica totalmente desconcertado pela presença dela. A música captura esse momento de desarme, vulnerável e sedutor, em que a linguagem do trabalho se cruza com a linguagem do corpo.

Com uma tez aconchegante que evoca anúncios de chocolates no Natal, o videoclipe apresenta uma sequência de referências ao mundo corporativo que culmina numa dança sensual com gráficos ascendentes, sugerindo que o mercado cresce continuamente – e, numa tensão romântica, as emoções também.

“O Prazer é Meu” é, no fundo, uma balada romântica para quem já se apaixonou num open space.

Uma canção que devassa a rigidez do corporativo e deixa entrar o calor, o charme e o risco – tudo embrulhado no groove suave e cintilante que presta homenagem aos clássicos da década de 90.“Simplesmente Miguel” é o alter ego que marca o início de uma nova fase na carreira de Mike El Nite que celebrará, em 2026, uma década de percurso.

Para o comemorar, irá lançar o novo álbum “Existencisensual” no início de Fevereiro, que será apresentado ao vivo numa digressão especial que passará pelos principais clubes nacionais durante o mês de Março.

• 12 DE MARÇO – B.LEZA CLUBE -LISBOA

• 13 DE MARÇO – MAUS HÁBITOS – PORTO

• 14 DE MARÇO – LUSTRE BRAGA – BRAGA

• 21 DE MARÇO – SALÃO BRAZIL – COIMBRA

• 27 DE MARÇO – TEXAS CLUB – LEIRIA

• 28 DE MARÇO – BANG VENUE – TORRES VEDRAS

Nota: Este artigo é copy-pasta da press release enviada pela Universal Music Portugal e meramente informativo, não resultando de qualquer parceria patrocinada, paga ou encomendada.

Sombra & Zel regressam em alta rotação com “Stop”, um single que cristaliza a veia mais rock do projeto e marca um novo capítulo na sua trajetória de palco e estúdio. Disponível em todas as plataformas digitais, o tema chega com a urgência de um grito coletivo: parar para respirar, mas sem nunca perder a energia e a pulsação que definem a identidade da banda.

“Stop” é, ao mesmo tempo, ponto de viragem e cartão de visita para quem ainda não conhece o universo de Sombra & Zel, afirmando o grupo como um nome a seguir na nova música em português. Fica “Stop” em baixo para ouvires.

“STOP”: mais rock, mais energia

O impulso para esta nova fase ganha forma (talvez, como refere a release que nos chegou) depois da passagem pelo Festival de Bandas Zé Pedro, da Junta de Freguesia dos Olivais, em Lisboa, onde um lugar no pódio lhes abriu as portas dos Japestudios. É nesse ambiente carregado de história rock que Sombra & Zel se apresentam na sua versão mais crua e elétrica, com guitarras em primeiro plano e uma base rítmica pensada para palco.

“Stop” condensa essa experiência: um tema direto, cheio de energia, com refrão feito para ficar na cabeça e corpo feito para a estrada e para as salas pequenas onde a proximidade com o público é parte da equação.

Fieis à sua essência, Sombra & Zel continuam a escrever e cantar em português, usando a língua materna como território onde melhor se expressam. Entre amor, desamor, amizade, inquietações sociais e perguntas existenciais, a banda transforma aquilo que lhes vai na alma em canções que procuram falar de perto com quem as ouve.

Sombra & Zel, capa do single "Stop"
Sombra & Zel, capa do single “Stop”

Sombra & Zel

O ecletismo continua a ser um traço distintivo. Ao longo dos últimos anos, Sombra & Zel têm cruzado baladas, bossas, registos alternativos, funk e rock, abrindo espaço para arranjos onde cabem guitarra portuguesa, piano ou acordeão.

Esse “luso-ecletismo” resulta numa paleta de sons que tanto pode remeter para a tradição como para a modernidade urbana, sem perder coerência nem identidade. “Stop” insere-se nessa lógica, puxando pelo lado mais rock da banda, mas sem cortar a ligação a essa versatilidade que se tornou imagem de marca.

Em palco, Sombra & Zel cresceu de um formato íntimo de viola e voz para uma formação de quatro elementos fixos, que se desdobram entre voz, guitarra, baixo, bateria e ukelele, à qual se juntam, sempre que possível, piano, guitarra portuguesa e acordeão. Essa evolução traduziu-se numa presença mais robusta e num som mais cheio, capaz de ocupar recintos de diferentes dimensões.

Sombra & Zel
Sombra & Zel

Atuações ao vivo

Nos últimos tempos, Sombra & Zel passaram pelo Azambuja Cultfest, por salas lisboetas como o Tokyo e o Roterdão, pelos Bons Augúrios em Setúbal, pela Casa das Caldeiras em Coimbra e pelo mítico Piolho na Praia da Tocha, acumulando quilómetros e ouvintes. Ao vivo, a agenda mantém-se preenchida, com o próximo concerto a acontecer dia 14 de Dezembro n’a Boutique da Cultura, em Lisboa, reforçando a aposta em levar “Stop” e o restante repertório a diferentes cidades e contextos.

“Stop”, “Prólogo” e a estrada

Paralelamente ao novo single, o público pode descobrir “Prólogo”, o primeiro EP do projeto, com sete temas originais que traçam o caminho até este momento. Entre prémios em concursos de bandas, presenças em festivais como o “Há Música ao Fundo do Túnel” e uma crescente rodagem de palco, Sombra & Zel apresentam-se com uma premissa simples e desarmante: fazer música porque adoram fazê-la, tocá-la ao vivo e convidar quem está do outro lado a partilhar essa mesma paixão.

“Stop” é apenas o mais recente capítulo de uma história que parece ainda estar a arrancar e já está disponível em todas as plataformas digitais. Não percas!

Instagram: @sombra.e.zel

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Em 2025, depois do lançamento da discografia de estúdio da banda em vinil colorido, a Universal Music Portugal celebra o legado incontornável dos Silence 4 com o lançamento de “Rarities“, um vinil colorido de edição especial que reúne versões ao vivo e covers inéditos, captados entre 1998 e 2014 e que já está disponível nas lojas. O anúncio surge num momento particularmente simbólico para os fãs: a banda regressa aos palcos para duas datas no MEO Arena, a 12 e 13 de dezembro, sendo que o segundo espetáculo já se encontra esgotado.

Rarities” apresenta uma coleção rara e emocional que acompanha a banda desde a energia crua no Pavilhão Atlântico, em 1998, até ao regresso triunfante aos palcos em 2014. O alinhamento inclui performances marcantes de temas originais – como “Distance Part II”“Silence Becomes It”“Simple Things” ou “Self-Sufficient” – bem como interpretações únicas de temas de outros artistas, entre as quais “Letter To Memphis”“Help” e “Black Bird”, captadas em transmissões televisivas e momentos especiais da carreira do grupo.

Mais do que uma coletânea, “Rarities” é um documento vivo da intensidade artística dos Silence 4, revelando a força da sua presença ao vivo, a sensibilidade das interpretações e a ligação profunda que construíram com o público português — ligação essa que volta agora a ser celebrada com dois concertos muito aguardados no MEO Arena.

Com este lançamento, os fãs terão finalmente acesso a gravações históricas, remasterizadas e cuidadosamente compiladas num LP de colecionador, que celebra uma das bandas mais amadas e influentes da música portuguesa contemporânea.

Nota: Este artigo é copy-pasta da press release enviada pela Universal Music Portugal e meramente informativo, não resultando de qualquer parceria patrocinada, paga ou encomendada.

Os aclamados ícones do rock Guns N’ Roses regressam com dois novos singles. O grupo lança agora as primeiras canções inéditas desde 2023: “Nothin‘” e “Atlas” mostram a banda, com uma carreira de longa data, ainda no auge das suas capacidades, exibindo dois lados diferentes da sua personalidade. “Atlas” espelha os Guns N’ Roses no seu modo rock total, enquanto “Nothin‘” é um tema mais introspetivo, marcado pelas teclas etéreas e uma guitarra emotiva.

Ambas as canções estão disponíveis nas plataformas digitais.

Os Guns N’ Roses têm vindo a lançar novo material de forma constante nos últimos anos, em conjunto com digressões esgotadas por todo o mundo. Seguindo-se a “The General” e “Perhaps” de 2023, “Atlas” e “Nothin‘” juntam-se como temas vitais aos alinhamentos dos concertos, que incluem todos os clássicos e favoritos dos fãs do repertório inicial dos Guns N’ Roses.

Recentemente, os Guns N’ Roses anunciaram que vão voltar à estrada na primavera e verão de 2026 numa digressão mundial que levará a banda ao México e ao Brasil antes de atuar como cabeça de cartaz em vários países europeus, bem como em estádios nos EUA e no Canadá.

A digressão incluirá uma atuação especial no Rose Bowl, em Los Angeles, marcando um regresso histórico àquele local pela primeira vez em mais de 30 anos. Esta digressão de 2026 sucede-se a uma extensa digressão mundial em 2025, que viu a banda fazer o seu aguardado regresso à Europa, Médio Oriente, Ásia e América Latina. Nessa digressão, os Guns N’ Roses passaram por Portugal, tendo dado um concerto marcante a 6 de junho no Estádio Cidade de Coimbra.

Nota: Este artigo é copy-pasta da press release enviada pela Universal Music Portugal e meramente informativo, não resultando de qualquer parceria patrocinada, paga ou encomendada.

Os Saia regressam com “Voltar a Ter”, single que marca um novo ciclo criativo três anos depois do EP “Manual do Amor”. A banda de Luís Gaio e Luís Barros apresenta um tema pop-funk produzido por Diana Martinez e João André, e que já está disponível nas plataformas digitais. Depois de três digressões nacionais e passagens pelo Marés Vivas, Feira de São Mateus e AgitÁgueda, o grupo aposta numa energia dançável e letra directa sobre reconexão com as noites que definem uma geração.

Nostalgia de pista

“Voltar a Ter” é um tema que nos remete ao verão e fala sem rodeios das saudades das noites intermináveis, das luzes que cegam, do som e graves a bater no peito, e de dançar horas sem fim rodeado de amigos e pessoas ao acaso. “Só queria voltar a ter uma noite banal / Só queria não ter horas pra voltar ao normal / Só queria voltar a sentir-me imortal“, resume o refrão. A letra não complica: há monotonia, há desejo de mudança, há uma (ou várias) memória(s) dos tempos de adolescente em que tudo parecia possível.

Para quem já passou pelo ritual das madrugadas sem fim, a mensagem chega sem precisar de tradução. “Voltar a Ter” vem carregado de groove e arranjos estratégicamente colocados, com a secção rítmica a mantér a energia upbeat do tema, enquanto os teclados e metais pontuam no sítio certo. O resultado é um pop-funk directo, feito para dancefloor ou ouvir no carro com o volume alto e janelas abertas (mas nesta altura do ano, cuidado com as constipações).

Saia, capa do single "Voltar a Ter"
Saia, capa do single “Voltar a Ter”

Sobre os Saia

Criados em 2019 por Luís Gaio e Luís Barros com ajuda de João Germano, os Saia estrearam-se em 2021 com “Tempo”. O EP “Manual do Amor” chegou em 2022, produzido por André Indiana e apresentado no Mrs. Bean’s Music Club. Seguiram-se três digressões nacionais que consolidaram presença da banda em festivais e eventos por todo o país.

A formação ao vivo dos Saia conta com oito músicos: Luís Gaio (voz), Luís Barros (keytar), David Fialho (bateria), Pedro Vieira (teclado), João Martins (guitarra), João Rato (baixo), Fábio Matos (trombone) e Pedro Costa (trompete). Este formato permite uma densidade sonora que cruza pop-rock com disco-funk e influências blues, tudo cantado em Português.

Saia
Saia

Recomeço sem complicações

“Voltar a Ter” confirma a maturidade dos Saia enquanto banda de canções imediatas, mas cuidadas, onde cada detalhe de produção serve a emoção e a pista de dança. Ao recuperar o espírito das noites que marcaram uma geração, o grupo consegue equilibrar nostalgia e presente, transformando memórias comuns em pop-funk contagiante e prontíssimo para ser cantado em uníssono.

Ao mesmo tempo, o single aponta para um futuro em que os Saia cimentam a sua identidade no panorama da música portuguesa, com uma proposta clara: grooves fortes, refrões diretos e uma energia de palco pensada para grandes palcos e noites largas. “Voltar a Ter” funciona assim como cartão de visita de um novo ciclo criativo, abrindo espaço para imaginar o que virá a seguir – seja em novos singles, em palco ou num próximo registo de estúdio.

O single “Voltar a Ter” dos Saia já está disponível em todas as plataformas digitais do costume, não percas!

Instagram: @os_saia | Facebook: @oficialsaia

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Inesh Bueno lança “My Song By The River”, disco de estreia com sete faixas bastante pessoais que navegam entre rock alternativo e momentos acústicos. A artista de origem ibérica apresenta um trabalho onde a intimidade e a vulnerabilidade se tornam matéria-prima de canções e se cruzam numa narrativa emocional que acompanha quem se sente à deriva na própria vida.

O single escolhido para esta estreia é “Guerrera de Mil Aguas”, que conta com vídeo dirigido por Carolina Coelho, e que podes ver em baixo.

“My Song By The River”

Gravado com vários momentos acústicos e atmosferas densas, “My Song By The River” afirma uma linguagem muito própria, marcada por guitarras em registo contido, uma dinâmica emocional crescente e entrega vocal sem filtros.

O single “Guerrera de Mil Aguas” destaca-se pela presença do saxofone de Eunice Barbosa e um naipe de cordas, elencado por Bruna Moura (violoncelo), Inês Almeida (Violino), Edvânia Moreno (Violino) ⁨e Paweł Panasiak (Viola), que acrescentam uma camada melódica e quase cinematográfica ao universo sonoro deste tema de Inesh Bueno.

A trajetória proposta por “My Song By The River” de Inesh Bueno acompanha a viagem interna de quem procura um lugar de pertença entre mundos, geografias e línguas, refletida também na presença de temas em inglês e espanhol. Como refere Inesh Bueno, “Este projeto nasceu do sonho de cantar e partilhar a palavra. Encontrei na música o meu refúgio – um lugar onde a vulnerabilidade pode existir sem medo.“.

O álbum foi composto e produzido em parceria com Daniel Chen, excepto nas faixas “Luna en 100 Años”, “(the) People” e “11 Times By Your Side”. A gravação foi feita por Tiago Correia nos estúdios Louva a Deus e contou com mistura e masterização de Francisco Leitão.

Inesh Bueno, capa do álbum "My Song By The River"
Inesh Bueno, capa do álbum “My Song By The River”

Alinhamento “My Song By The River” por Inesh Bueno

  1. I Have To Go
  2. My Song By The River
  3. 11 Times By Your Side
  4. Tell Me If I’m Wrong
  5. Guerrera de Mil Aguas
  6. (the) People
  7. Luna En 100 Años

Se queres ver Inesh Bueno ao vivo

No dia do lançamento, Inesh Bueno levou “My Song By The River” ao palco do Limas Bar, na Parede, num concerto intimista em formato acústico que espelhou o carácter confessional do álbum. O próximo concerto está marcado para 19 de dezembro, na Associação Recreativa e Cultural de Músicos, em Faro, às 22h00, com bilhetes a 10€ para não sócios e 8€ para sócios. Seguem-se datas na Fábrica de Alternativas, em Algés, a 3 de janeiro, e na Casa do Artista Amador, em Famalicão, a 21 de fevereiro, prolongando a apresentação deste primeiro trabalho em diferentes pontos do país. Fica o resumo em baixo:

Inesh Bueno e restante banda ao vivo.
Inesh Bueno e restante banda ao vivo.

Para terminar

Não é comum encontrar discos de estreia como “My Song By The River”. Ouvimos o álbum várias vezes antes de escrever isto, onde fomos descobrindo detalhes que tinham escapado nas primeiras audições, o que diz algo sobre a forma como foi construído.

O rock alternativo português ganha um nome novo com este lançamento. Inesh Bueno construiu um primeiro álbum que soa a quem sabe o que quer dizer e como o dizer e fazer. As canções funcionam sozinhas e funcionam em conjunto, a produção está onde deve estar, e há uma voz que promete e entrega.

“My Song By The River” já está disponível em todas as plataformas digitais do costume, não percas!

Instagram: @ineshbueno | Facebook: /ineshbueno

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A dupla portuense ben&G lançou o seu primeiro álbum “Sem Pressão” no dia 28 de novembro. Rúben Pérola e Manuel Gonçalves celebram a estreia discográfica com concerto marcado para 5 de dezembro no RCA Radioclube Agramonte, no Porto, data que partilham com o rapper O Simples Mente. Em baixo fica o vídeo de “Kryptonite”, o último single a ser extraido do álbum de ben&G.

Álbum gravado no Estúdio Cedofeita documenta parceria criativa

O projecto ben&G nasceu em 2024 durante um writing camp da editora Pluma, em Viana do Castelo. O que começou como colaboração pontual entre cantor e produtor ganhou outra dimensão quando os dois perceberam que podiam criar algo próprio. Durante 2024 e 2025 fecharam-se no Estúdio Cedofeita para gravar “Sem Pressão“, trabalho que cruza influências pop e hip-hop sem receio de explorar territórios mais teatrais.

O álbum documenta uma amizade que se transformou em parceria musical funcional. Rúben Pérola e Manuel Gonçalves falam do projecto como extensão natural da sua relação pessoal, onde os papéis de cantor e produtor se misturam conforme a necessidade de cada tema. Esta fluidez criativa atravessa “Sem Pressão” do início ao fim, fazendo do disco um retrato honesto de dois músicos que encontraram forma própria de trabalhar juntos.

A sonoridade da dupla ben&G traz-nos energia contagiante em temas como “Antídoto”, onde o hedonismo surge sem peso moral. Por outro lado, “Sara” mostra a outra face, mais cinematográfica e sentimental. Em “Introspectiva Pt. 1” criticam os “monopólios culturais”, enquanto “Kryptonite”, o single mais recente, revela vulnerabilidade através de camadas espaciais e produção mais arriscada.

ben&G, capa do álbum "Sem Pressão". Créditos capa: José Leal
ben&G, capa do álbum “Sem Pressão”. Créditos capa: José Leal

Alinhamento de “Sem Pressão” de ben&G

  1. Isto é (ben&G)
  2. Antídoto
  3. Kryptonite
  4. Visita ao Doutor
  5. Introspectiva Pt. 1
  6. Cabeça No Céu
  7. Sara (skit)
  8. Sara
  9. Orbita
  10. Rick
  11. Água Turva
  12. Sem Pressão

Formação traz experiências distintas para o projecto

Rúben Pérola chegou à música depois de estudar Teatro na Academia Contemporânea do Espectáculo. O primeiro single “Estrela do Mar” saiu em 2022, seguido por colaborações em writing camps com artistas como O Simples Mente, TALVS, Sofia Calvet e FIAL. Actualmente estuda Produção Musical na RockSchool Porto, o que explica o envolvimento crescente nos processos técnicos do duo ben&G.

Manuel Gonçalves tem formação em Produção e Tecnologias da Música pela ESMAE. Trabalha como produtor e técnico de som para artistas do Grande Porto, tendo passado pelos Soundhill Studios com o produtor João André. Os créditos incluem trabalhos com Nena e Rita Rocha. Toca teclados nos Nunca Mates o Mandarim, banda que actuou no Primavera Sound Porto 2025. O EP a solo “Heterogéneo” (2022) demonstra abertura estilística que vai do country à electrónica.

ben&G. Créditos Fotografia: Joana Pereira
ben&G. Créditos Fotografia: Joana Pereira

Esta mistura de backgrounds reflecte-se em “Sem Pressão“. A dupla ben&G não procura encaixar num género específico, antes navega entre referências e ideias sem preocupação excessiva com rótulos. O título do álbum funciona também como manifesto dessa abordagem descontraída ao processo criativo.

Concerto de apresentação divide palco com O Simples Mente

A apresentação de “Sem Pressão” acontece no RCA Radioclube Agramonte numa noite partilhada com O Simples Mente, rapper com quem a dupla ben&G já colaborou anteriormente. O artista apresenta o EP “ATROPELEI-ME“, o que transforma a data num encontro entre projectos que partilham afinidades criativas.

Informação prática

Estreia independente

Sem Pressão” chega ao mercado sem apoio de editora, o que deu a ben&G liberdade total para criar e serem eles próprios, sendo um primeiro álbum bastante honesto e directo. Esta independência permitiu que gravassem sem pressões externas, explorando ideias que noutro contexto poderiam ser limadas por questões comerciais.

A dupla ben&G não procurou disfarçar as origens modestas do projecto nem fabricar uma narrativa grandiosa. Dois amigos do Grande Porto fecharam-se num estúdio e fizeram a música que queriam fazer, a contar as histórias que queriam contar, e ponto final. O resultado nota-se: os temas têm personalidade própria e vontade genuína de experimentar. Não percas!

Instagram: @benandg_

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João Paulo Esteves da Silva lança o álbum “País Distante” com concerto de apresentação marcado para 3 de dezembro (hoje), às 20h, no Auditório da Fundação Oriente, em Lisboa. O disco assinala três décadas de edições discográficas do compositor-pianista lisboeta e inaugura a Artway Jazz, nova chancela dedicada ao jazz nacional. Podes ver o vídeo de apresentação de “País Distante” em baixo.

Trinta anos depois de “Serra sem Fim”

A estreia discográfica de João Paulo Esteves da Silva em nome próprio aconteceu em 1995 com Serra sem Fim. Três décadas depois, “País Distante” funciona como balanço de um percurso que atravessou o jazz português, a música criativa improvisada, arranjos para nomes como Sérgio Godinho ou Vitorino, e incursões pela composição espontânea documentadas sobretudo pela Clean Feed.

O álbum foi gravado no estúdio La Buissonne, no sul de França, com um quarteto formado para a ocasião: Julian Argüelles nos saxofones tenor e soprano, Rodrigo Correia no contrabaixo e José Salgueiro na bateria. O repertório combina composições originais de João Paulo Esteves da Silva, incluindo dois temas inéditos, com improvisações colectivas onde o foco composicional se mantém presente.

João Paulo Esteves da Silva, capa do álbum "País Distante"
João Paulo Esteves da Silva, capa do álbum “País Distante”

Conversa com Mário Laginha e João Barradas antes do concerto

Antes do concerto, às 19h30, realiza-se uma conversa introdutória com Mário Laginha, João Barradas, Vanessa Pires (directora da Artway) e João Esteves da Silva (produtor da Artway Jazz). O momento serve de contextualização para o disco e para o arranque do novo catálogo, que pretende afirmar-se como referência no jazz feito em Portugal.

Alinhamento de “País Distante”, de João Paulo Esteves da Silva

  1. País Distante
  2. Our Folk
  3. Flowers for Jorge
  4. Adeus America
  5. Our Freedom
  6. Coffee Break
  7. Hino
  8. Our Freedom II
  9. Striving for Peace

Informação prática

Um compositor entre idiomas

Nascido em Lisboa em 1961, João Paulo Esteves da Silva construiu uma discografia que se divide em fases distintas: os primeiros discos pela MA Recordings, onde ajudou a definir o chamado jazz português; os trabalhos pela Clean Feed, navegando entre linguagens locais e aproximações ao jazz de vanguarda; e uma fase mais recente, centrada na composição espontânea com orientação europeia. Além da música, João Paulo Esteves da Silva mantém actividade como tradutor e poeta.

País Distante” condensa esse trajecto num disco maduro, pensado, onde as experiências de toda uma vida (e enquanto imigrante) são transformadas em notas musicais e num álbum coeso onde a composição e a improvisação deixam de ser categorias separadas. Não percas!

Instagram: @joaopauloestevesdasilva

Artway: artway.pt | Instagram: @artway_management

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Traz os Monstros acabam de lançar “Pilates”, primeiro single do futuro álbum da banda portuense. O tema chega em formato áudio e vídeo, disponível desde já nas plataformas digitais. Xavier de Sousa, Rui Bastos, Rafael Correia e Artur Correia atacam a obsessão contemporânea com a performance física e social, transformando a cultura do ginásio em pretexto para dissecar masculinidades tóxicas e alienação urbana. Podes ver o vídeo de “Pilates” de Traz os Monstros em baixo.

Quando o músculo esconde a ferida

“Pilates” entra de mansinho com o som da uma cassete a entrar no deck, o baixo a marcar o ritmo e a voz quase sussurada, que com o sinal da bateria rapidamente se torna numa parede sonora com guitarras distorcidas e a voz bem frontal. É música direta, naquela fronteira promíscua entre o rock, punk e noise, sem rodeios nem subtilezas desnecessárias.

A banda constrói uma malha densa onde os instrumentos se empurram uns contra os outros, tal e qual concerto e mosh pit, criando fricção e energia bruta. A voz chega-nos ora num registo meio spoken word, ora gritada, carregada de urgência e sarcasmo.

A estrutura repete-se propositadamente: “Ya, nós fazemos pilates” funciona como mantra agressivo, gritado até à exaustão. Os “Yeaaah! Animal / Yeaaah! Colossal” explodem como descargas eléctricas. Traz os Monstros não procuram melodias açucaradas nem refrões radiofónicos. Querem barulho que morda – e nós gostamos.

Traz os Monstros, capa do single "Pilates"
Traz os Monstros, capa do single “Pilates”

João Freitas gravou o tema no Estúdio Cedofeita. Rui Garcia Costa (Ruca, Pé Em Triste) assinou a mistura e masterização. O som privilegia o impacto sonoro sobre subtileza: as guitarras rangem, a secção rítmica martela sem pausa, tudo converge para uma sensação de pressão constante. Há ecos do punk psicadélico cru que a banda sempre reivindicou, mas com músculos reforçados.

Entre a ironia e a navalha

Traz os Monstros descrevem “Pilates” como suplemento proteico concentrado, ideal para rebentar colunas na pista ou estourar séries no ginásio. Os efeitos secundários incluem poses no espelho e vontade incontrolável de explicar o que é um hip thrust. A banda brinca com os códigos da cultura fitness, mas a troça tem fio de arame: por baixo do sarcasmo está a crítica ao culto do corpo como escape, à masculinidade performativa, à violência dissimulada em rotinas de auto-melhoramento.

Informação técnica

Single: “Pilates”
Banda: Traz os Monstros
Formato: Áudio e videoclipe
Disponibilidade: Todas as plataformas digitais
Gravação: João Freitas, Estúdio Cedofeita
Mistura e masterização: Rui Garcia Costa (Ruca), Pé Em Triste

Pós-pandemia, pré-álbum

Depois dos EPs “Demos para o Papá e a Mamã” (volumes I e II), “Pilates” funciona como carta de intenções para o álbum que se avizinha. A banda mantém a sonoridade crua que mistura post-rock, psicadelismo e rock alternativo, mas revela amadurecimento na forma como constrói narrativas musicais. Há menos improvisação, mais arquitectura. A poesia continua abrasiva, a crítica permanece frontal, mas tudo parece mais consciente do peso de cada palavra.

Traz os Monstros
Traz os Monstros

Este equilíbrio entre humor corrosivo e observação social atravessa o trabalho da banda desde a formação em 2021. Vindos da quarentena, autodenominam-se resultado de esquizofrenia coletiva entre condimentos existenciais. As referências vão de Allen Ginsberg e Bukowski até José Mário Branco, passando por B Fachada, Nerve ou Quim Barreiros. Portanto, um cruzamento improvável de várias estradas que se tornou marca registada.

A formação actual, Xavier de Sousa, Rui Bastos, Rafael Correia e Artur Correia, trabalha territórios onde a periferia urbana encontra a angústia existencial e onde paracetamol quase diário convive com raiva reconfortante. “Pilates” não procura conforto nem oferece soluções. Expõe a ferida e deixa-a sangrar.

Arte enquanto fricção

Traz os Monstros não fazem música para passar na rádio nem para embalar fins de tarde. Fazem barulho bom que incómoda, poesia que arranha, canções que funcionam melhor como murro no estômago do que como banda sonora.

“Pilates” confirma esta trajectória: preferem a verdade desconfortável ao consenso fácil, a cicatriz exposta à ferida disfarçada. O single antecipa um álbum que promete continuar a transformar inquietação em som e desconforto em honestidade e brutalidade artística. O tema já se encontra disponível em todas as plataformas digitais do costume, não percas!

Instagram: @traz_os_monstros

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Os Retimbrar regressam aos lançamentos com “a maior prenda”, single que inaugura um novo ciclo criativo do coletivo portuense. A canção, enraizada no imaginário invernal e na quadra natalícia, chega acompanhada por uma parceria com a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, numa iniciativa de reflorestação da Mata Nacional de Leiria. Entre música e intervenção ambiental, o tema prepara terreno para os derradeiros concertos de 2025. Fica o vídeo de “a maior prenda” dos Retimbrar em baixo.

“a maior prenda”: Canção direta, vídeo de cumplicidades

“a maior prenda” declara sem rodeios o fim da fome e da solidão como objetivo maior. A composição mantém as características do ensemble: percussão vibrante, camadas vocais tecidas em grupo, pulsação contagiante. Não há ornamentos desnecessários, apenas a clareza de quem sabe o que quer dizer e como o quer fazer.

O videoclipe, filmado na Vila Natal de Óbidos por Pedro Santasmarinas, assume registo quase documental. Captam-se gestos simples: laranjas trocadas de mão em mão, abraços espontâneos, olhares cúmplices, montados sobre a estrutura rítmica do tema. O resultado afasta-se do comum e aproxima-se do retrato afetivo.

Retimbrar, capa do single "a maior prenda"
Retimbrar, capa do single “a maior prenda”«

Reflorestação através de postais

A parceria estabelecida com a ZERO materializa-se na venda de postais associados ao single. Parte do valor reverte para reflorestar áreas da Mata Nacional de Leiria. Esta iniciativa que procura ligar a criação artística e intervenção ambiental: quem compra um postal financia a reflorestação. A iniciativa prolonga no terreno aquilo que a canção enuncia em palavras e sons.

Concertos de encerramento de ano

Os Retimbrar marcam presença em três datas que encerram 2025. Em Lisboa, a banda sobe ao palco da Casa Capitão nos dias 20 e 21 de dezembro. No Porto, o encontro acontece a 28 de dezembro no M.Ou.Co.. O formato promete uma abordagem alusiva à quadra natalícia, com repertório pensado para a celebração da época e proximidade entre todos.

Retimbrar, cartaz dos concertos de Dezembro em Lisboa e Porto
Retimbrar, cartaz dos concertos de Dezembro em Lisboa e Porto

Retimbrar: matriz rítmica portuguesa em constante revisitação

Desde a formação, os Retimbrar trabalham sobre a matriz rítmica portuguesa, cruzando folclore, pulsação urbana e narrativa contemporânea. O coletivo composto por António Serginho, Afonso Passos, André Nunes, Andres ‘Pancho’ Tarabbia, Beatriz Rola, Jorge Loura, Miguel Ramos e Sara Yasmine construiu uma discografia que inclui “Voa Pé” (2016) e “Levantar do Chão” (2022).

Entre 2024 e 2025, a formação circulou por palcos nacionais e internacionais: Womex, FMM Sines, Maré de Agosto, Ulicnih Street Arts Festival (Sérvia), Expo Dubai, Jazz Sous Les Pommiers (França), MUMI (Espanha) e Folk Alliance International (Canadá). O percurso inclui ainda distinções como o prémio aRi[t]mar para Melhor Canção Portuguesa com “Maçãzinha” e reedição de “Maneio” pela editora norte-americana de world music Putumayo.

O grupo mantém um trabalho paralelo de revisitação de repertórios de José Afonso e Carlos Paredes, explorando pérolas menos conhecidas da música portuguesa. Esta pesquisa alimenta a criação de novos materiais para um disco futuro, ainda sem data de lançamento confirmada.

Informação prática

Os Retimbrar fecham 2025 com uma proposta que equilibra celebração, consciência ecológica e o trabalho continuado sobre tradições musicais portuguesas. “a maior prenda” funciona como ponte entre ciclos: encerra um ano de circulação intensa e abre caminho para novos materiais que o coletivo prepara. Entre palco, estúdio e floresta, a banda mantém uma coerência rara e atítude altruísta num panorama frequentemente fragmentado e que precisa de mais exemplos como este.

“a maior prenda” já se encontra disponível em todas as plataformas digitais do costume, e se quiseres contribuir para a reflorestação da Mata Nacional de Leiria fica o apelo – compra um postal (ou vários)! A não perder.

Instagram: @retimbrar.pt | Facebook: /retimbrar.pt

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Os Mono Clones regressam com “Faites vos jeux”, single que antecipa o álbum de estreia previsto para 2026. O quarteto português explora o desconforto das apostas emocionais através de uma narrativa onde a mesa de jogo serve de palco para tensões internas, sempre dentro do território sonoro que a banda tem vindo a definir: guitarras sujas, pulso acelerado e atmosferas nocturnas carregadas de ironia. Fica o tema “Faites vos jeux” em baixo.

A casa ganha sempre

“Faites vos jeux” captura o desespero clássico de quem se vê atirado para a mesa de roleta da sedução sem ter pedido para jogar. O protagonista surge como espectador relutante, forçado a apostar todos os chips numa situação que antecipa como perdida. A descrição do casino – croupier, roda, apostas – serve apenas para sublinhar que o verdadeiro risco não está nas fichas, mas na pessoa do outro lado da sala. Entre tentativas de manter a compostura (“I’d like to chill / But I’m not able”) e a execução de “best moves” desesperados, o tema desenvolve-se como homenagem a todos aqueles que insistem em jogos onde a derrota parece óbvia.

A citação final, “Don’t lust for a bone unless you have the teeth“, funciona como pérola de sabedoria prática que tanto a canção como o próprio destino se recusam a aceitar. É precisamente essa teimosia que define o tema: uma tragédia de três minutos sobre continuar a desejar o osso quando já não há dentes para o morder, mantendo a aposta mesmo quando as probabilidades nunca estiveram do lado de quem joga.

Mono Clones, capa do single "Faites vos jeux"
Mono Clones, capa do single “Faites vos jeux”

Mono Clones: Late night rock sem floreados

Musicalmente, os Mono Clones mantêm a fórmula que os tem definido. Guitarras envoltas em reverb criam uma camada de tensão que serve de base ao crooning inquieto de Bruno Le Roc. A bateria de Pedro “Zap” Pimenta marca ritmos de forma elegante e sem exageros, enquanto Ruben Rodrigues no baixo e David Moura nas guitarras e teclados completam uma textura densa mas nunca saturada.

As influências continuam à vista: Arctic Monkeys nos arranjos mais directos, The Strokes na energia crua, The Doors nas atmosferas mais obscuras e The Last Shadow Puppets no dramatismo controlado. Mas os Mono Clones não se limitam a reproduzir referências. Há identidade própria nesta forma de habitar o rock nocturno, onde cada tema funciona como retrato das horas em que a cidade abranda mas o pensamento acelera.

Cronistas da margem

Formados por músicos com percursos em projectos anteriores e noites passadas nos circuitos underground do Porto, os Mono Clones assumem-se como banda de passeios tardios, decisões questionáveis e conversas com segundos sentidos. A biografia que apresentam não esconde o humor nem a autoconsciência: sabem exactamente o território que ocupam e não fingem ser outra coisa.

“Faites vos jeux” consolida o caminho para o álbum de estreia e reforça a ideia de que os Mono Clones trabalham num registo específico, aquele onde o existencialismo encontra o romance falhado numa esquina mal iluminada, sempre com uma guitarra suja e um shot a mais no balcão. Sem grande margem para vitórias, mas com estilo suficiente para continuar no jogo.

“Faites vos jeux” já se encontra disponível em todas as plataformas digitais, não percas!

Instagram: @monoclonesofficial | Facebook: /monoclones

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Olavo Bilac apresenta “Conta-me Tudo“, single lançado a 28 de novembro que marca o regresso do cantor à carreira a solo e funciona como primeiro avanço do álbum previsto para o final de 2026. O tema recupera o registo pop que consolidou alguns dos maiores êxitos da sua trajectória, com autoria e produção de João Só.

Conta-me Tudo” representa um retorno deliberado ao território pop que Olavo Bilac domina desde os anos 90, apostando numa produção contemporânea que dialoga com a maturidade e registo vocal que caracteriza o artista. Fica o lyric vídeo de “Conta-me Tudo” de Olavo Bilac em baixo.

“Conta-me Tudo”

Conta-me Tudo” representa uma escolha consciente de regresso ao som que definiu a fase mais comercialmente bem-sucedida de Olavo Bilac. Após as incursões pelo repertório lusófono e pela experimentação vocal em diferentes contextos, o cantor regressa ao formato canção pop, onde a sua voz encontra um espaço confortável sem exigências estilísticas que possam desviar a atenção da interpretação.

A escolha de João Só para a produção sugere vontade de actualizar sonoramente o registo, mantendo simultaneamente elementos reconhecíveis para quem acompanha a trajectória do artista. O single funciona como teste ao mercado antes do lançamento do álbum completo, estratégia comum que permite avaliar receptividade e ajustar comunicação.

Olavo Bilac, capa do single "Conta-me Tudo"
Olavo Bilac, capa do single “Conta-me Tudo”

Digressão nacional prevista para 2026

Paralelamente ao lançamento do single, Olavo Bilac prepara duas digressões distintas para 2026. O espectáculo “Canções de Uma Noite” apresentará o novo repertório a solo, enquanto “Filarmonia” propõe um formato colaborativo onde a música portuguesa surge acompanhada por bandas filarmónicas de várias localidades do país.

O conceito de “Filarmonia” procura criar experiências únicas através do diálogo entre a voz de Olavo Bilac e formações instrumentais tradicionais portuguesas. Este formato descentralizado permite levar o espectáculo a regiões onde a presença de bandas filarmónicas mantém relevância cultural e social, criando pontes entre gerações musicais.

Regresso ao pop

Com mais de 35 anos de carreira, Olavo Bilac dispensa apresentações e mantém a sua presença activa no panorama musical português através da capacidade de transitar entre projectos colectivos e trabalho a solo, entre registos pop e explorações mais nichadas do cancioneiro lusófono. A voz, elemento central da sua identidade artística, permanece reconhecível independentemente do contexto musical.

O anúncio simultâneo de novo disco e duas digressões distintas para 2026 demonstra aposta clara na continuidade da carreira a solo. “Conta-me Tudo” surge como primeiro passo dessa estratégia, testando terreno para o que virá nos próximos meses. O tema já se encontra disponível em todas as plataformas digitais do costume, não percas!

Instagram: @olavobilac.oficial

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Ella Nor junta-se aos produtores Mogno para “Japão“, primeiro single de um álbum de estreia que chegará em março de 2026. A faixa, que mistura pop com reggaeton, é dedicada à filha da cantora e marca o início de uma colaboração que procura levar o pop português para territórios mais electrónicos e contemporâneos através do selo Parsi Music, nova agência e editora fundada por Bruno Mota. Podes ouvir “Japão” em baixo.

Pop com pegada latina e produção internacional

Japão” constrói-se sobre uma base rítmica que navega entre a rádio e os clubes. Mogno, dupla de produtores com passagens por Londres e Berlim, traz uma abordagem que conjuga batidas latinas com texturas electrónicas. A aposta num som transversal resulta de uma vontade clara de criar algo que funcione em contextos diferentes sem perder coerência.

A produção técnica ficou a cargo de Felipe Trujillo, engenheiro de som vencedor de dois Grammy Latinos por trabalhos de gravação e mistura com Alejandro Sanz em 2025. A presença de um nome com este currículo internacional dá à faixa um polimento que se nota nos detalhes: cada camada soa no sítio certo, o baixo ocupa o espaço necessário sem sufocar a voz, e a batida mantém-se presente sem dominar a melodia.

Ella Nor e Mogno, capa do single "Japão"
Ella Nor e Mogno, capa do single “Japão”

Ella Nor: da Eurovisão às colaborações internacionais

Ella Nor venceu o Festival RTP da Canção em 2015 e representou Portugal na Eurovisão nesse ano. O álbum de estreia chegou em setembro de 2016 com temas de sua autoria. Desde então, dividiu-se entre a carreira a solo e o trabalho como compositora, assinando canções para novelas portuguesas como Jogo Duplo e A Herdeira, além da campanha Shake It para a marca Yorn, editada pela Warner Music.

Como compositora, Ella Nor trabalhou com artistas portugueses como Ana Moura, Bárbara Bandeira e Paulo Gonzo, expandindo também para o mercado internacional através de colaborações com formações como DVicio. Recentemente, em Setembro de 2025, editou o EP “Indústria” com Mallina.

Ella Nor e Mogno
Ella Nor e Mogno

Mogno: produtores com créditos no panorama nacional

Mogno trazem na bagagem trabalhos com nomes como Yuri NR5, Lhast e Murta. Produziram integralmente o mais recente álbum de Paulo Gonzo e assinaram o remix oficial de Karkov (Nadabrovitchka) dos Blasted Mechanism. A formação em Londres e Berlim moldou uma abordagem que privilegia texturas electrónicas sem descurar a estrutura melódica.

O duo opera numa zona onde a cultura urbana encontra a electrónica de pista, criando pontes entre géneros que raramente se cruzam no panorama português.

Parsi Music e os planos para 2026

O lançamento através da Parsi Music insere-se numa estratégia mais ampla de afirmação deste novo selo no mercado português. Bruno Mota, fundador da agência e editora, aposta em artistas que procuram territórios sonoros menos explorados localmente. Japão funciona como cartão de visita para o álbum completo previsto para março de 2026, cujos detalhes ainda não foram divulgados.

Música que transita entre mundos

Japão” confirma Ella Nor como artista capaz de transitar entre vários registos, a composição para terceiros e a afirmação da voz própria. A parceria com Mogno resulta num produto bem polido tecnicamente mas não esquece a componente emocional.

O álbum completo está previsto para Março de 2026 e ficamos na expectativa se dará continuidade a este território sonoro onde pop português encontra ritmos latinos, ou se haverá espaço para mais experimentações e aventuras em géneros diferentes. Por agora, há uma música que funciona e cumpre o que promete.

Japão” de Ella Nor e Mogno já está disponível nas plataformas digitais. Não percas!

Instagram: @ellanormusic | @mogno___

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A banda portuense Rima Russa apresentou recentemente dois temas gravados nos Estúdios Metamorfose em Coimbra, depois de um 2025 marcado por concertos e parcerias. “Olho Nu” e “Novo Começo” já estão disponíveis no YouTube, e mantêm a aposta num rock direto e sem filtros que tem vindo a definir o quarteto desde a sua formação. Fica o vídeo de “Novo Começo” dos Rima Russa em baixo.

Quatro membros, um acrónimo, zero subtilezas

O nome Rima Russa resulta das iniciais dos quatro membros: Ricardo Rocha na guitarra, Manuel Marques no baixo, teclas e segundas vozes, Rúben Adegas na bateria e Sandro Galvão na voz e guitarra. Escrito numa palavra só, o nome afasta-se de qualquer leitura política e aponta antes para a densidade e imprevisibilidade da escrita que atravessa as suas composições.

Rima Russa. Crédito Fotografia: @tiagofpribeiro, Instagram @rimarussa_
Rima Russa. Crédito Fotografia: @tiagofpribeiro, Instagram @rimarussa_

Formados quando o mundo parou, os Rima Russa fecharam-se em estúdio a construir a sua identidade própria. O isolamento serviu para afinar dinâmicas e explorar territórios sonoros entre o rock português das últimas décadas e abordagens mais cruas do presente. As letras oscilam entre observação social e mergulhos introspectivos, recusando facilidades ou soluções prontas.

Dos palcos ao estúdio: percurso recente

O primeiro registo oficial chegou em 2023 com “Espiral”, single acompanhado de videoclipe que marcou a entrada da banda nas plataformas de streaming. Um ano depois, em 2024, os Rima Russa ganharam o primeiro prémio no concurso de bandas da ASMUSITEC e lançaram mais dois singles: “Endorfina” e “Fora de Ti”, este último a acumular cerca de 40 mil visualizações no YouTube.

O ano de 2025 trouxe kilometros de estrada, palcos de festivais e a integração na Confraria do Rock Tuga, parceria que consolida a presença da banda no circuito nacional. Foi neste contexto de actividade intensa que os Rima Russa decidiram voltar a estúdio para gravar pelo menos três temas (que a gente saiba): “Olho Nu” e “Novo Começo”, que já foram lançados, e “Estou Além” de António Variações, ainda à espera de lançamento. Estes temas procuram reforçar a versatilidade e a componente energética e muscular que tem caracterizado o som da formação.

O que vem a seguir

Com quatro anos de actividade, prémios conquistados, dezenas de concertos feitos e uma base de público a crescer, os Rima Russa entram numa fase onde a consolidação importa tanto quanto a exposição. Os singles mais recentes gravados em Coimbra nos Estúdios Metamorfose funcionam como ponte entre o que foi feito e o que ainda está para vir, e deixam água na boca para 2026.

Num panorama onde as modas mudam depressa e a urgência muitas vezes substitui a consistência, os Rima Russa parecem determinados a fazer as coisas ao seu ritmo, sem pressas nem atalhos, e o resultado está à vista. “Olho Nu” e “Novo Começo” confirmam essa intenção: há banda, há temas e muitos palcos pela frente. Não percas!

Instagram: @rimarussa_ | Facebook: /RimaRussa

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Márcia Carvalho publicou “Desassossegada”, primeiro EP da cantautora que reúne quatro canções num registo Pop alternativo cantado em português, com os temas escritos pela própria Márcia Carvalho sobre relações, ansiedade e autonomia emocional. O trabalho já está disponível nas plataformas digitais após três singles antecipados: “Sol Poente”, “Bem” e “Dança”. A quarta faixa, “Outro Qualquer”, chegou com o EP completo, e podes ouvi-la em baixo.

“Desassossegada”: Quatro temas, um fio condutor

O EP trabalha estados emocionais comuns sem tentar transformá-los em grande narrativa e drama. São situações que reconhecemos: relações que acabam, ansiedade que aperta, tecnologia que afasta, recomeços e reboots necessários. Márcia Carvalho transformou isso em quatro canções cantadas em português.

Cada canção nasceu num momento de inquietação, mas foi a partilha que lhes deu sentido, explica a cantautora. ‘Desassossegada’ é isso: o lugar onde me permito sentir, e onde espero que quem ouve também se encontre.

“Sol Poente” é um adeus que abre portas. Márcia Carvalho canta sobre perda e autonomia, sobre perceber que não precisamos de ninguém para estarmos inteiros. A canção estabelece o território: pop alternativo com guitarras, sintetizadores e uma voz que nunca compete com a instrumentação.

“Bem” lida com ansiedade através de ritmos dançáveis. A letra menciona medo, culpa, solidão e perda enquanto procura esse lugar onde tudo abranda. É tentativa de acalmar a cabeça quando ela não quer parar. “Dança”, que conta já com 11 mil streams no Youtube, muda o foco para fora. A canção fala do tempo que perdemos colados aos ecrãs quando podíamos estar presentes, atentos, vivos. É um convite para largar o telemóvel e voltar ao que importa.

“Outro Qualquer” fecha com relação onde só um dos lados aparece realmente. Não há gritos nem portas batidas, apenas o reconhecimento calmo de que aquilo não resulta. A despedida acontece sem drama.

Alinhamento do EP “Desassossegada” de Márcia Carvalho

  1. Sol Poente
  2. Bem
  3. Dança
  4. Outro Qualquer

Márcia Carvalho, capa do EP "Desassossegada"
Márcia Carvalho, capa do EP “Desassossegada”

Estreia que documenta vivências quotidianas

“Desassossegada” de Márcia Carvalho reúne histórias que refletem desassossegos do dia a dia, momentos que desafiam e fazem sentir vivos. São quatro canções sobre estados emocionais, escritas e cantadas por Márcia Carvalho.

O EP já está disponível nas plataformas digitais e marca a entrada da cantautora no panorama do pop alternativo português com um trabalho que aposta na honestidade lírica. Não percas!

Instagram: @a.marciamusic | Facebook: /marciacarvalhomusic

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Os Vizinhos anunciam duas datas nos Coliseus do Porto e de Lisboa para novembro de 2026. A banda alentejana concretiza o objetivo traçado desde o primeiro dia: chegar aos palcos mais emblemáticos do país.

David Mendonça, Francisco Cartaxo, Miguel Brites e Tomás Cartaxo documentaram desde dezembro de 2024 a construção dos Vizinhos através de episódios publicados nas redes sociais. O formato funcionou: a audiência acompanhou o nascimento do projeto, a composição das primeiras canções e os ensaios na garagem. Quando “Pôr do Sol” chegou às plataformas em março de 2025, o público já conhecia quem estava por trás da música.

O single de estreia ultrapassou 16 milhões de streams no Spotify e 10 milhões de visualizações no YouTube, conquistando quádrupla platina. “Pobre Ex-Namorado” seguiu o mesmo caminho no verão, alcançando platina rapidamente. Em setembro, “Casar É Para Esquecer” entrou diretamente no top 20 do Spotify Portugal. Três singles, três acertos comerciais consecutivos.

Trajetória acelerada marca primeiro ano dos Vizinhos

A agenda de concertos dos Vizinhos preencheu-se depressa. Festival do Crato, Festival F, Festas do Mar em Cascais, todos com lotação esgotada. O público que começou por seguir a banda nas redes sociais apareceu aos espetáculos, e trouxe mais gente. A idade média nas audiências varia: há adolescentes, mas também adultos na casa dos 40 e 50 anos.

Os quatro músicos conheceram-se em Évora através do grupo académico Seistetos. A proximidade geográfica (moravam perto uns dos outros) e o tempo passado juntos a tocar deram origem ao nome. As canções carregam referências claras ao Alentejo: paisagens, despedidas de quem parte para trabalhar noutras cidades, saudades de casa.

A instrumentação também foge ao habitual no panorama pop nacional. David Mendonça toca acordeão, Francisco Cartaxo traz o bandolim, Miguel Brites segura o baixo e Tomás Cartaxo fica na guitarra. Todos cantam, alternando vozes principais e harmonias. O resultado soa simultaneamente familiar e distinto.

Informação prática: Coliseus Porto e Lisboa

Datas confirmadas:

Bilhetes: Já disponíveis através dos canais habituais. Existe opção VIP limitada designada “Turismo do Alentejo”, que inclui acesso à plateia em pé, cocktail alentejano após o concerto e encontro com a banda.

Álbum de estreia: Previsto para maio de 2026, antes das datas nos Coliseus.

Vizinhos, poster dos concertos no Coliseu do Porto e de Lisboa.
Vizinhos, poster dos concertos no Coliseu do Porto e de Lisboa.

Os Vizinhos escolheram dois dos palcos com maior carga simbólica no circuito nacional. O Coliseu do Porto (3300 lugares) e o Coliseu de Lisboa (cerca de 4000 lugares) representam uma escala diferente dos recintos onde a banda actuou até agora. Não haverá festivais partilhados nem cartazes divididos — estes serão os primeiros grandes concertos exclusivos do quarteto.

Da garagem ao palco nobre

A velocidade do percurso dos Vizinhos surpreende mesmo quem acompanha música portuguesa há décadas. Cerca de doze meses separam a formação da banda do anúncio de dois Coliseus esgotados (ou prestes a esgotar). Não houve discos de maturação lenta nem anos de circuito underground. A fórmula passou por criar proximidade antes de lançar música, documentar o processo sem filtros excessivos e compor canções que funcionam tanto em estúdio como cantadas em coro.

O álbum que sairá em maio será o primeiro teste de fôlego. Três singles bem-sucedidos provam capacidade de criar momentos isolados. Por agora, os números justificam a ambição: milhões de streams, salas esgotadas, rádios a programar os temas em rotação. A banda alentejana transformou autenticidade regional em apelo nacional, e fez tudo isto parecer bem simples. Não percas!

Instagram: @vizinhos.oficial

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Ricardo Reis Soares lançou o EP “contra tempo”, trabalho de estreia do cantautor que traz seis composições originais em português. O single que acompanha esta edição chama-se “Olhos de Inês” e chegou acompanhado de videoclipe realizado por Vitor Martins. Deixamos o vídeo em baixo para veres.

“Olhos de Inês” fecha o ciclo de antecipações

O single “Olhos de Inês” funciona como porta de entrada para o universo de “contra tempo”. A canção trabalha a tensão entre descrição lírica detalhada e ambiente onírico, procurando desvendar aquilo que se esconde por trás do olhar de alguém. O videoclipe com letra, rodado num dos locais habituais do quotidiano do músico com vista para o Tejo, integra-se na própria narrativa da composição. Margarida Soares assinou a assistência de produção.

Trata-se de uma balada construída em cadência lenta, onde a voz de Ricardo Reis Soares se apoia em guitarras subtis e produção contida. A composição desenha-se através de imagens precisas: o Tejo a correr em prata ao longe, o sol de Março, o céu de Lisboa, auroras embrulhadas pela cor. Há uma tentativa de compreender o que estes olhos verdes guardam, que tristezas transformam em canção, que memórias carregam. A letra move-se entre a observação directa e a suposição imaginada, entre o concreto e o sonhado.

No refrão, Ricardo Reis Soares coloca as perguntas que estruturam toda a composição: o que vês, o que guardas, se choras. A melodia acompanha essa inquietação sem dramatismos forçados, deixando que a curiosidade genuína sobre o outro respire naturalmente. O desfecho traz uma recordação específica onde o tempo parou, guardada numa gaveta junto com sorrisos e pedacinhos de hortelã. É exactamente este tipo de pormenor que define a escrita do cantautor e que atravessa todo o EP “contra tempo”.

A produção do EP ficou a cargo de Miguel Marôco, responsável por moldar as seis faixas que compõem “contra tempo”. O trabalho reflecte a forma como Ricardo Reis Soares observa e processa o mundo à sua volta, transformando episódios corriqueiros, gestos discretos e silêncios em matéria-prima para as canções.

Ricardo Reis Soares, capa do álbum "contra tempo"
Ricardo Reis Soares, capa do álbum “contra tempo”

“contra tempo”

“contra tempo” junta seis temas que nascem do olhar atento de Ricardo Reis Soares sobre o dia-a-dia. Há uma velha bailarina (dedicada à avó de Ricardo Reis Soares), há gotas (ou gotinhas) de água, há noites e perguntas sobre quanto tempo resta. O concerto de apresentação de “contra tempo” está agendado para 5 de Fevereiro na Casa Capitão, em Lisboa.

O jazz que Ricardo Reis Soares estudou no Hot Clube aparece nas harmonias, mas sem pesos nem academismos. As canções mantêm-se directas, cantáveis, próximas. Entre os seis temas não há grandes contrastes de energia ou dinâmica: o EP caminha num registo intimista do princípio ao fim, onde cada composição funciona extremamente bem como capítulo de um mesmo caderno de apontamentos sobre pessoas, lugares e momentos que o cantautor cruzou ou imaginou cruzar.

Ricardo Reis Soares ao vivo. Crédito Fotografia: João Vieira
Ricardo Reis Soares ao vivo. Crédito Fotografia: João Vieira

Tracklist de “contra tempo”

  1. Diz me quanto tempo
  2. A noite
  3. A velha bailarina
  4. Qualquer coisa
  5. Olhos de Inês
  6. Gotinha de Água

Informação prática

Influências literárias moldam a escrita

Nascido em Braga e actualmente a viver em Lisboa, Ricardo Reis Soares construiu o seu percurso musical através do piano primeiro, da guitarra depois. A formação em jazz no Hot Clube de Portugal marcou a forma como aborda a composição, embora o resultado final se afaste das convenções do género para habitar territórios entre o indie, o pop e a canção de autor.

A literatura de José Saramago e a música de Chico Buarque surgem como referências assumidas por Ricardo Reis Soares. A profundidade poética do primeiro e as cores narrativas do segundo atravessam as composições de “contra tempo”, embora o cantautor encontre voz própria ao traduzir essas influências para o seu contexto pessoal.

As canções nascem da observação atenta do trivial, daquilo que passa despercebido à maioria. Ricardo Reis Soares assume a profundidade com que interpreta o aparentemente superficial como característica central do seu trabalho. Não se trata de romantizar o quotidiano, mas de encontrar nele camadas de significado que justifiquem a atenção e o registo.

Um disco de apresentação sem pressa

“contra tempo” funciona como carta de apresentação de Ricardo Reis Soares enquanto compositor e intérprete. O título sugere movimento em direcção oposta, recusa da velocidade imposta pelo exterior. As seis canções respiram sem urgência artificial.

A formação em jazz deixa marcas subtis na arquitectura das composições, mas Ricardo Reis Soares opta conscientemente por uma linguagem mais acessível. O resultado situa-se algures entre a tradição da canção de autor portuguesa e influências contemporâneas do indie, sem se acomodar completamente em nenhum destes territórios.

O EP chega num momento em que a canção de autor portuguesa procura renovar-se sem perder ligação às raízes. Ricardo Reis Soares junta-se a uma geração de compositores que privilegia a palavra e a melodia, mas sem receio de incorporar texturas e produções mais actuais. “contra tempo” confirma essa vontade de equilíbrio entre tradição e presente, entre observação e ficção, entre o real constatado e a interpretação pessoal que cada um faz da realidade que o rodeia. Recomendamos a escuta, não percas!

Instagram: @ricardoreissoares

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Luís Tinoco lança o álbum duplo KOKYUU, que reúne cinco concertos escritos entre 2019 e 2024 para diferentes solistas e orquestra. O compositor português, premiado com o Prémio Pessoa em 2024, apresenta obras onde a respiração, o trabalho e o silêncio ganham dimensão sonora através de interpretações que fogem deliberadamente ao previsível. O teaser de “KOKYUU” de Luís Tinoco encontra-se em baixo.

Quando a pandemia obriga a repensar a respiração

O concerto que dá título ao disco nasceu em 2020, ano em que máscaras se tornaram parte do quotidiano e a simples acção de respirar ganhou peso simbólico. Luís Tinoco transformou essa condição em matéria musical. Kokyuu explora o saxofone alto como metáfora do ar que entra e sai dos pulmões, num diálogo onde a orquestra funciona como extensão amplificada desse órgão vital.

A versão gravada conta com Ricardo Toscano, saxofonista formado no universo do jazz, cuja abordagem tímbrica difere da tradição erudita do instrumento. Esta escolha não é acidental. A sonoridade menos polida, mais visceral, empresta à obra uma camada interpretativa que a afasta do virtuosismo decorativo e a aproxima da urgência física de quem precisa de ar para sobreviver.

Luís Tinoco, capa do álbum "KOKYUU"
Luís Tinoco, capa do álbum “KOKYUU”

Três línguas, três tradições de trabalho manual

Canções de Trabalho traz Lívia Nestrovski como solista vocal numa trilogia que atravessa Portugal, Cabo Verde e Brasil. Luís Tinoco parte de melodias tradicionais associadas ao labor físico e reconstrói-as em ambiente orquestral sem as domesticar.

A primeira canção, “De riba se ceifa o pão”, resgata o canto de ceifa transmontano. “M’ca crê dzê” mergulha na tradição cabo-verdiana da tabanka. “Esta roda” recupera cantigas de roda brasileiras. A voz de Lívia Nestrovski nestes temas preserva a ligação ao gesto manual original enquanto a orquestra comenta, amplia e por vezes confronta essas memórias sonoras.

O Concerto para Violoncelo n.º 2 foi pensado para Filipe Quaresma, músico que transita entre barroco e contemporâneo com igual à-vontade. Luís Tinoco aproveita essa amplitude para construir uma obra onde referências históricas surgem filtradas por uma escrita que nunca cai na citação óbvia.

Luís Tinoco & orquestra
Luís Tinoco & orquestra

Já o Concerto para Acordeão nasceu da colaboração com João Barradas, instrumentista que tem vindo a redefinir as possibilidades do acordeão fora do contexto folclórico. A partitura exige técnicas expandidas e explora registos que fogem ao timbre imediatamente reconhecível do instrumento, transformando-o em fonte de texturas inesperadas.

Entre Silêncios, concerto para clarinete interpretado por Horácio Ferreira, incorpora espacialização como elemento estrutural. Durante a performance ao vivo, instrumentistas movem-se pela sala, alterando a percepção acústica do público.

A Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob direcção de Pedro Neves, grava os três primeiros concertos. A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música interpreta os dois restantes, com Joana Carneiro no concerto para acordeão e Bastien Stil no concerto para clarinete. As diferenças tímbricas entre as duas formações enriquecem o conjunto sem criar descontinuidade.

Alinhamento de “KOKYUU” de Luís Tinoco

CD 1 (53:26)
Orquestra Metropolitana de Lisboa | Pedro Neves, maestro

1. Kokyuu – Concerto para Saxofone Alto e Orquestra (16:46)
Ricardo Toscano, saxofone
Canções de Trabalho
2. I. De riba se ceifa o pão (6:47) – Lívia Nestrovski, voz
3. II. M’ca crê dzê (4:56) – Lívia Nestrovski, voz
4. III. Esta roda (7:29) – Lívia Nestrovski, voz

Concerto para Violoncelo n.º 2 | Filipe Quaresma, violoncelo
5. I. Animato (6:06)
6. II. Larghetto (6:36)
7. III. Strepitoso (4:41)

CD 2 (37:20)
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música | Gravações ao vivo
Concerto para Acordeão e Orquestra | João Barradas, acordeão | Joana Carneiro, maestra

1. I. Largo, meditativo (9:27)
2. II. Cadenza; Vivo, molto energico (9:15)
3. Entre Silêncios – Concerto para Clarinete e Orquestra (18:35) – Horácio Ferreira, clarinete | Bastien Stil, maestro

Ficha técnica de KOKYUU

Compositor: Luís Tinoco
Editora: Artway
Data de lançamento: 28 de novembro de 2024
Formato: CD duplo e plataformas digitais
Orquestras: Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
Maestros: Pedro Neves, Joana Carneiro, Bastien Stil
Solistas: Ricardo Toscano (saxofone), Lívia Nestrovski (voz), Filipe Quaresma (violoncelo), João Barradas (acordeão), Horácio Ferreira (clarinete)

A não perder…

Luís Tinoco consolidou ao longo de três décadas uma linguagem compositiva que recusa tanto o academismo estéril como a sedução fácil. Formado em Lisboa e aperfeiçoado no Reino Unido, onde obteve mestrado na Royal Academy of Music e doutoramento em York, construiu um catálogo onde rigor técnico e comunicabilidade coexistem sem se anularem.

O percurso inclui residências no Teatro Nacional de São Carlos e na Casa da Música, edições pela University of York Music Press e gravações monográficas pela Gulbenkian. Em 2024, o Prémio Pessoa veio reconhecer um trajecto sustentado que nunca procurou atalhos nem se deixou seduzir por modismos passageiros.

KOKYUU confirma essa consistência. São cinco obras distintas que partilham uma mesma atenção ao detalhe, uma mesma recusa do gesto vazio, uma mesma capacidade de transformar material simples em arquitectura complexa sem perder claridade. Luís Tinoco continua a escrever música que exige escuta atenta mas recompensa quem lhe dedica tempo. Não percas!

Instagram: @luistinoco_music

Artway: artway.pt | Instagram: @artway_management

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O cantor português Bruno PC apresenta Vem Dizer, single que integra a banda sonora da telenovela da TVI “Terra Forte. Esta é a terceira canção do artista almadense a fazer parte de produções televisivas nacionais, consolidando a presença da sua música no panorama audiovisual português. Fica o lyric vídeo de “Vem Dizer” em baixo.

“Vem Dizer”: Mensagem sem rodeios

“Vem Dizer” constrói-se em torno de uma ideia clara: o amor exige transparência. Não há espaço para meias-palavras ou hesitações quando se trata de sentimentos genuínos. A letra coloca a reciprocidade como base essencial, afirmando que quem realmente ama não foge à tempestade, dança nela.

Escrito e composto por Bruno PC e Daniel Drake, com produção de Francisco Marques e co-produção de Daniel Drake, o tema navega entre pop contemporâneo e dance-pop, incorporando elementos de nu-disco e neo-soul. A mistura e masterização ficaram a cargo da Next Level Productions, resultando numa faixa que equilibra groove dançável com uma mensagem directa sobre honestidade emocional.

A produção segue referências como Sabrina Carpenter, Dua Lipa e David Archuleta, mas também o grupo português HMB, criando uma sonoridade moderna que convida tanto a bater o pé quanto à reflexão sobre a importância da sinceridade nas relações. O resultado afasta-se de baladas melosas ou declarações ambíguas, optando por uma abordagem assertiva.

Bruno PC, capa do single "Vem Dizer"
Bruno PC, capa do single “Vem Dizer”

“Entre a Mente e o Coração

O EP de estreia “Entre a Mente e o Coração“, projecto apoiado pela Sociedade Portuguesa de Autores, acumula cerca de 120 mil streams no Spotify e 300 mil visualizações no YouTube. O formato físico do trabalho inclui seis faixas originais e dois temas bónus.

‘Entre a Mente e o Coração’ mergulha na tensão entre razão e emoção, explorando saúde mental e complexidades relacionais através de seis capítulos musicais. A produção executiva ficou com Bruno PC, contando com colaborações de Momma T, COZY, Daniel Drake, Francisco Marques, Maria Castro e Clara Duailibi. Destaca-se ainda ‘Claramente’, single com participação de JLOVEJOY.

O EP reflecte mais de uma década de trabalho em palcos, cineteatros, hotéis e bares, onde Bruno PC desenvolveu versatilidade interpretativa. Após ‘Acorda’ e ‘Razão’ (ambos focados em saúde mental), seguiram-se ‘Não Penso em Ti’, ‘Encontrar-me’ e ‘Claramente’, antes do lançamento do trabalho completo a 10 de abril de 2025.

Bruno PC

Nascido em 1997 em Almada, Bruno Parreira adoptou o nome artístico Bruno PC e trabalha profissionalmente na área desde 2013. A formação passa por canto, teatro musical, dobragem e produção audiovisual. Começou a dançar aos sete anos, descobriu a voz aos dez e escreveu a primeira composição aos onze.

‘Acorda’, o primeiro single oficial do artista, entrou para a banda sonora da telenovela ‘Cacau’ (TVI) em 2023 e serviu de ponto de partida para a temporada piloto do podcast ‘Acorda para a Saúde Mental’. Este projecto paralelo reúne profissionais ligados à saúde para conversas sobre bem-estar psicológico, seguindo o mote “consciencializar a conversar”.

Carreira em expansão

A sonoridade de ‘Vem Dizer’ afasta-se ligeiramente do registo introspectivo que marcou o EP de estreia, apostando numa energia mais imediata sem perder profundidade lírica. O tema funciona tanto como peça de entretenimento quanto como afirmação artística de quem sabe o que procura e não tem medo de o exigir.

A presença de ‘Vem Dizer’ em ‘Terra Forte’ representa mais um passo em frente na carreira de Bruno PC. O artista usa a comunicação (área onde se formou) como ferramenta complementar à criação musical, mantendo coerência entre os vários projectos que desenvolve. ‘Vem Dizer’ já está disponível nas plataformas digitais, não percas!

Instagram: @brunopcmusic | Facebook: /brunopcmusic

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Soma Please apresentam-se ao mundo com “Pockets On My Sleeves“, single de estreia da dupla formada pelo português Nuno Almeida e pelo britânico Rob Williamson. O tema chegou às plataformas digitais depois de estrear na BBC Music, trazendo consigo um videoclip realizado por Nuno Bracourt que podes ver em baixo.

A canção trabalha a ideia de desconexão emocional através de metáforas visuais. A expressão que dá título ao tema sugere bolsos cosidos nas mangas, espaços onde se guardam fragmentos invisíveis do quotidiano: memórias que não se partilham, medos que não se confessam, desejos que ficam por cumprir. Há uma tentativa de criar ordem no caos interior, mas também o reconhecimento de que essa ordem pode ser ilusória.

Soma Please, capa do single "Pockets in my sleeves"
Soma Please, capa do single “Pockets in my sleeves”

Soma Please: entre Manchester e Porto

Nuno Almeida e Rob Williamson conheceram-se em Manchester e a distância geográfica entre Inglaterra e Portugal acabou por moldar o processo criativo de Soma Please. As sessões de trabalho alternam entre estúdios físicos e videochamadas, numa dinâmica que obriga a negociar ideias à distância e a construir arranjos que funcionem tanto na proximidade como no ecrã.

A produção de “Pockets On My Sleeves” aposta em sintetizadores com texturas etéreas sobre uma base rítmica que mantém o tema em movimento constante. O equilíbrio entre introspecção lírica e energia instrumental coloca Soma Please algures entre o indie pop contemporâneo e sonoridades electrónicas mais experimentais, sem cair em catalogações fáceis.

Resta esperar pelos próximos passos do duo, este primeiro single sugere que Soma Please veio para ficar. Podes ouvir “Pockets On My Sleeves” nas plataformas digitais e ver o videoclip no YouTube. Não percas!

Instagram: @somaplease

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BEST YOUTH regressam aos palcos para celebrar uma década de “Highway Moon”. O primeiro álbum da dupla portuense ganha nova vida em vinil pela primeira vez, dez anos após o lançamento original apenas em CD e formato digital. Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves marcaram dois concertos para dezembro onde interpretarão na íntegra o disco que estabeleceu as bases da sua identidade sonora.

Podes ver o vídeo de “Mirrorball” em baixo, na sua versão acústica.

“Highway Moon”: Reedição remasterizada marca celebração

A edição de 2025 de “Highway Moon” dos BEST YOUTH traz masterização completa do material original. A escolha do vinil não é apenas simbólica: representa o formato que faltava completar o ciclo de um disco que definiu a trajetória da dupla e introduziu frescura nas produções pop nacionais.

O alinhamento mantém-se fiel ao original. O lado A abre com “Renaissance” e segue com “Mirrorball”, “Red Diamond”, “Black Eyes” e “Mouth”. O lado B inclui “When All The Lights Are Down”, “Fanatic”, “Sunbird”, “Melt” e “Rain On The Windshield”. A versão acústica de “Mirrorball” (que podes ouvir em cima), divulgada durante a campanha de promoção desta reedição, mostra a estrutura compositiva que sustenta um dos temas centrais do álbum.

Best Youth, capa e vinil de "Highway Moon"
Best Youth, capa e vinil de “Highway Moon”

Dez anos depois, as canções resistem

Quando “Highway Moon” saiu em 2015, os BEST YOUTH propunham uma abordagem ao dream pop que equilibrava referências internacionais com uma produção própria. Passada uma década, faixas como “Mirrorball”, “Red Diamond” e “Sunbird” continuam a figurar entre o melhor trabalho produzido pela dupla.

Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves construíram em “Highway Moon” uma sonoridade que navegava entre texturas etéreas e melodias directas. A produção privilegiava atmosferas sem cair em excessos, e as composições revelavam maturidade rara num álbum de estreia. O resultado foi um disco que não procurava agradar através de fórmulas óbvias, mas que acabou por marcar presença duradoura.

Informação sobre os concertos

Datas e locais:

Bilhetes: 18€ (BOL, Ticketline, locais habituais)

Uma década bem aproveitada

Os BEST YOUTH chegam a esta celebração com um percurso consolidado. Entre “Highway Moon” e agora, a dupla lançou mais dois álbuns de estúdio e manteve presença regular nos palcos nacionais. A decisão de revisitar o primeiro trabalho em formato vinil e ao vivo demonstra consciência do peso que esse disco carrega. O vinil em “branco sujo” estará disponível a partir de 4 de dezembro nos concertos, lojas físicas e plataformas digitais.

As apresentações decorrem a 4 de dezembro no CCOP (Porto) e a 11 de dezembro no B.Leza (Lisboa). Os bilhetes custam 18 euros e podem ser adquiridos na BOL, Ticketline e locais habituais. Estes concertos de dezembro funcionam como oportunidade para quem acompanha os BEST YOUTH desde o início e para quem os descobriu mais tarde.

Ouvir “Highway Moon” na íntegra, dez anos depois, permite perceber como estas canções atravessaram o tempo sem perder relevância. O dream pop dos BEST YOUTH continua a fazer sentido.

Instagram: @wearebestyouth | Facebook: /wearebestyouth

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Os Duques do Precariado lançaram o single “Falho”, primeiro avanço do novo disco Encarnação, cuja edição está marcada para janeiro. O tema antecipa os concertos da banda a 18 de dezembro no BOTA (Lisboa) e a 19 de dezembro no Maus Hábitos (Porto).

“Falho” constrói-se em cima de um único acorde de Dó Maior. Parece paradoxal: uma canção tecnicamente acessível a qualquer iniciado na guitarra, e que segundo nos contam “paradoxalmente, só os iniciados a sabem verdadeiramente tocar”. A banda apresenta-a como adivinha musical, uma história antiga recontada sem artifícios desnecessários. Fica o vídeo de “Falho” em baixo:

A gravação reflecte essa abordagem despojada. Sem metrónomo, num único take, juntou Pedro Mendonça (ukelele, voz), João Neves (guitarra, voz) e João Fragoso (baixo, voz), com contribuições de Teresa Costa na flauta, Hugo Oliveira nas gaitas e Zé Stark nos tambores. O resultado é uma canção que respira imperfeição intencional, onde a simplicidade não esconde fragilidade mas afirma-a.

Informação sobre os próximos concertos dos Duques do Precariado

Datas:

As duas datas funcionam como apresentação de “Falho” ao vivo e antecipação do álbum Encarnação, previsto para janeiro.

Dez anos

A história dos Duques do Precariado começa em 2014, quando Pedro Mendonça mostrou a João Fragoso canções que considerava destinadas ao descarte. Depois de conversas e gravações numa cave da Graça, apresentaram-se publicamente a 1 de maio de 2017 com “Vou Considerar”, produzido com Bernardo Fachada.

Duques do Precariado
Duques do Precariado

O primeiro álbum, Antropocenas (2018), chegou com sete canções que encaram o colapso sem escapismos. Ironia e ternura servem de ferramentas para atravessar os escombros. A reedição pela Lux Records em 2023 devolveu os Duques do Precariado aos palcos e abriu caminho para Encarnação.

A chegada de Encarnação em janeiro confirmará se esta abordagem se mantém ao longo de um trabalho completo. Por agora, “Falho” funciona como declaração de intenções: uma banda que não tem medo de mostrar as costuras do processo criativo e que faz dessa honestidade a sua força. Este segundo disco já conta com João Neves no processo de arranjo das canções. Voltam a gravar com Hugo Oliveira e Zé Stark, mantendo a coerência de uma banda que privilegia a colaboração orgânica.

Duques do Precariado, capa do single "Falho"
Duques do Precariado, capa do single “Falho”

Canção que se assume incompleta

“Falho” não procura esconder as suas limitações. Pelo contrário, faz delas matéria-prima. A opção por um único acorde não é minimalismo conceptual nem experimentalismo forçado, mas uma escolha que serve a canção. A ausência de metrónomo e a decisão de manter o primeiro take colocam a interpretação humana à frente da perfeição técnica.

Os Duques do Precariado mantêm-se fiéis a uma linguagem que privilegia o essencial. Não há ornamentação gratuita nem camadas de produção a tapar espaços vazios. O que se ouve é o que aconteceu na sala, com as hesitações e os respiros incluídos, e toda a naturalidade que daí advém. Não percas!

Instagram: @duquesdoprecariado

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António Cassapo assinalou 25 anos de carreira a solo com o lançamento do álbum “7”, apresentado oficialmente no passado dia 6 de novembro no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. O músico nascido em Oeiras soma agora perto de três décadas de atividade, consolidando assim a sua presença no panorama do pop-rock nacional com mais um álbum. Fica a promo do álbum “7” de António Cassapo em baixo.

“7”

Com uma produção bem sólida e distorções bem definidas, o álbum “7” contém 7 faixas (num total de 26 minutos e 21 segundos) e mostra-nos um artista que continua fiel às suas origens, mas com uma linguagem contemporânea que atravessa diferentes facetas do Rock, do mais calmo ao mais musculado.

Dos temas escolhidos por António Cassapo para o álbum “7”, realçamos o tema “Grita”, talvez o tema mais enérgico do álbum que nos remete vagamente para o grunge do 90’s, e que se apoia fortemente na repetição do refrão que acaba por se colar ao ouvido, enquanto no tema “Acidente perfeito” encontramos o extremo oposto, uma canção acústica com um refrão forte que nos lembra os agora velhinhos MTV Unplugged de Nirvana ou Alice in Chains.

O tema “A Música” atravessa diversos hemisférios, começando como uma balada lenta mas crescendo para momentos que bebem alguma inspiração do prog rock e outras formulações do género.

António Cassapo, capa do álbum "7"
António Cassapo, capa do álbum “7”

Alinhamento de “7” de António Cassapo

  1. A música
  2. Setembro
  3. Oportunidade
  4. Grita
  5. Acidente Perfeito
  6. Olhares
  7. Incerto

Sete álbuns e múltiplas frentes criativas

A trajetória começou na adolescência, quando António Cassapo fundou as primeiras bandas e explorou territórios do grunge e rock alternativo. O ponto de viragem aconteceu em 1997, quando venceu uma eliminatória do programa Chuva de Estrelas da SIC, interpretando Kurt Cobain. A performance conquistou audiências pela entrega e convicção, abrindo portas para o que viria a seguir.

Três anos depois, em 2000, assinou o primeiro contrato discográfico e lançou “Sonhos”, álbum de estreia que marcou o início da carreira a solo. Seguiram-se temas como “Nudez”, “Palpitação” e “Tudo ou Nada”, canções que alcançaram visibilidade através de estações de rádio e bandas sonoras de telenovelas nacionais. Fundou ainda a Confraria do Rock Tuga, plataforma dedicada à promoção de novos talentos, e criou o podcast “Eletroacústico”. Mantém ligação ativa à cultura local de Sintra, onde dinamiza festivais e iniciativas comunitárias.

A discografia de António Cassapo inclui agora sete álbuns de originais e dois EPs, com dezenas de faixas integradas em coletâneas e projetos televisivos. Para lá da composição e interpretação, desenvolveu trabalho como produtor, dramaturgo, fotógrafo e comunicador.

Presença consistente no pop-rock português

António Cassapo construiu o seu percurso ao longo de um quarto de século, mantendo alguma regularidade na criação e proximidade com o público que o acompanha. A ligação a Sintra permanece central na sua atividade, refletindo o compromisso com o território que o acolheu enquanto artista.

O novo álbum “7” representa uma continuidade de um trabalho iniciado há três décadas, e vinte e cinco anos depois do primeiro contrato, o músico mantém a mesma disponibilidade para criar e partilhar música, agora com bagagem acumulada e a maturidade artística que só o tempo permite consolidar. Não percas!

Instagram: @antoniocassapo

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EVAN lança “GEMINI“, o segundo EP da sua carreira, um trabalho que já chegou às plataformas digitais através da Move Music. O artista de Benavente constrói cinco faixas onde a dualidade humana se desdobra em camadas de vulnerabilidade, desejo e clareza emocional.

O projeto nasceu entre março de 2024 e setembro de 2025, período em que o artista mergulhou numa fase de introspeção marcada pela ligação à espiritualidade. O título remete para o signo zodiacal conhecido pelos contrastes: luz e sombra, razão e emoção, corpo e espírito. Estas tensões atravessam as cinco canções sem se resolverem em fórmulas fáceis. Fica o vídeo de “Sóbrio” em baixo.

Cinco faixas, cinco camadas de complexidade

HUMANO” abre o disco como balada eletrónica que expõe o peso do quotidiano moderno. A vulnerabilidade surge sem dramatismo, apenas como estado natural de quem habita o mundo contemporâneo. “ÚLTIMO BEIJO“, escrita com Alex D’Alva Teixeira, desenha uma despedida nostálgica onde a doçura não elimina a perda.

SÓBRIO“, apresentado como single de avanço, marca viragem para território de maior maturidade emocional. A clareza mental substitui a neblina, e EVAN assume essa transformação sem reservas. “PAUSA (no coração)” trabalha a introspeção e o amor-próprio como exercício necessário, não como luxo. “MÁQUINA” fecha o EP de forma crua, explorando corpo, desejo e identidade sem eufemismos.

EVAN, capa do EP "Gemini"
EVAN, capa do EP “Gemini”

Alinhamento do EP “Gemini” de Evan

  1. Humano
  2. Último Beijo
  3. Sóbrio
  4. Pausa (no coração)
  5. Máquina

Produção que abraça o contraste

A produção ficou a cargo de EVAN, Alexandre D’Carvalho e Miguel Ferrador (DØR). A sonoridade atravessa pop, eletrónica, R&B alternativo e rock, recusando fixar-se num único território. Esta diversidade surge como reflexo consciente da multiplicidade que o projeto propõe explorar.

EVAN estudou jazz no Hot Clube de Portugal antes de se estrear a solo em 2022 com “Sem Ti” e “Liberta-me”. O EP de estreia “LIMERÊNCIA” chegou em novembro de 2023 pela Farol Música, com o single “NÁUFRAGO” a abrir caminho. “Sem Ti” integrou ainda a banda sonora da novela “Queridos Papás” da TVI.

GEMINI” consolida EVAN dentro da nova pop portuguesa, e o álbum expõe contradições sem tentar resolvê-las, transformando essa tensão permanente em matéria sonora que respira e incomoda na medida certa. Não percas!

Instagram: @evanmusic_ | Facebook: @evanmusichere

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Alice apresenta “Fogo Posto”, novo single que já chegou às plataformas digitais. A cantora e compositora lisboeta mergulha no território da auto-sabotagem afectiva, construindo uma canção sobre as feridas que insistimos em manter abertas e os ciclos viciosos que alimentamos por medo de deixar ir. Fica o vídeo de “Fogo Posto” em baixo.

“Fogo Posto”

A faixa “Fogo Posto” dura 2m31s e aposta numa construção minimalista: guitarra acústica, electrónica subtil e efeitos cuidadosamente colocados. Não há bateria convencional. Apenas um kick pontual marca o clímax, acentuando o único refrão que emerge depois de tanto conter. Alice gravou e produziu o tema sozinha, escolha que reforça o carácter confessional do trabalho.

“Fogo Posto” parte de uma premissa incómoda: há pessoas que preferem guardar a dor em vez de seguir em frente. A música de Alice não romantiza essa escolha, mas também não a julga. Observa-a de frente, com a lucidez de quem reconhece o padrão mas ainda assim repete os mesmos gestos.

Alice, capa do single "Fogo Posto"
Alice, capa do single “Fogo Posto”

A produção espelha essa tensão. Começa sussurrada, quase confessional, e vai adensando camadas até explodir num momento de descarga emocional que chega tarde mas inevitável. A dinâmica da canção recusa pressa: deixa-se respirar, permite silêncios, constrói-se devagar. Quando o kick finalmente entra, não há dúvida de que chegámos ao ponto sem retorno.

A letra trabalha imagens concretas em vez de abstracções. Guardar um banco numa festa até os dedos ficarem brancos. Andar pela rua de alguém que já não faz parte da vida. Fingir indiferença enquanto a ferida continua aberta. Alice escreve sobre os vinte e tal anos com a clareza de quem já atravessou território suficiente para perceber os próprios padrões destrutivos, mas ainda não encontrou forma de os quebrar completamente.

O futuro

Alice começou na música em jovem, sempre com as palavras como ferramenta de expressão. A trajectória mostra alguém que aprendeu a transformar experiências pessoais em narrativas universais sem perder especificidade. As canções funcionam como espelho, mas também como janela para quem escuta e reconhece ali os próprios dilemas.

Depois de Sóbrio e “Poetas”, este single “Fogo Posto” integra um EP previsto para 2026, descrito pela própria artista como retrato da instabilidade dos vinte anos. Aquela fase onde tudo parece provisório, onde o amor e o caos andam de mãos dadas, onde cada decisão parece definir o futuro mas nenhuma certeza se sustenta por muito tempo.

Alice
Alice

Para terminar…

“Fogo Posto” de Alice não tenta ser mais do que é: uma canção sobre voltar ao mesmo sítio sabendo que não devíamos, sobre alimentar a própria dor porque ela nos define, sobre a dificuldade de largar aquilo que nos fez quem somos mesmo quando já não serve. Dois minutos e meio que dizem o suficiente e terminam antes de se repetirem.

Para quem procura pop português que respira, que deixa espaço para pensar, que não tem medo de olhar para dentro e contar o que vê sem filtros desnecessários. O single já está disponível em todas as plataformas digitais.

Instagram: @casualtyalice

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Tiago Coimbra acaba de lançar OBOE +, o seu primeiro álbum a solo, num gesto que coloca a criação contemporânea portuguesa para oboé num patamar de visibilidade internacional. O disco reúne obras escritas de raiz por nove compositores nacionais e chegou às plataformas digitais no passado dia 20 de novembro, um dia depois da apresentação oficial no The Alchemist, no Porto.

Este não é mais um registo de repertório clássico consagrado. Tiago Coimbra quis expandir activamente as possibilidades do oboé enquanto instrumento solista na música dos nossos dias, e para isso trabalhou directamente com António Chagas Rosa, Carlos Caires, Cândido Lima, João Moreira, Fábio Chicotio, Sérgio Azevedo, Tiago Jesus, Mariana Vieira e Luís Carvalho. O resultado cruza linguagens acústicas com electrónica, sem medo de romper com convenções ou de explorar territórios sonoros ainda pouco pisados pelo instrumento. Fica o vídeo de “Lenda de boutès” em baixo.

“Oboe +”: Um disco contemporâneo

OBOE + nasceu da vontade de Tiago Coimbra em contribuir para um repertório que sempre foi escasso. O oboé, apesar da sua presença consolidada em orquestras e música de câmara, raramente foi tratado como protagonista na música contemporânea portuguesa. Este álbum inverte essa lógica. Cada compositor recebeu carta branca para escrever sem limitações técnicas pré-definidas, sabendo que teriam em Tiago Coimbra um intérprete tecnicamente preparado e disponível para explorar todas as possibilidades do instrumento.

A diversidade das peças reflecte precisamente essa liberdade criativa. Há obras que dialogam com a tradição camerística, outras que se abrem a paisagens electroacústicas, algumas que testam os limites físicos do instrumento. O músico não se limitou a encomendar partituras: esteve presente em todo o processo criativo, discutindo ideias, testando passagens, sugerindo alterações. Esta proximidade entre compositor e intérprete resultou num disco coeso, apesar da pluralidade de linguagens.

A edição fica a cargo da Artway, editora que tem vindo a apostar na divulgação de criação portuguesa contemporânea. A gravação revela cuidado técnico e clareza na captação, permitindo que a complexidade das texturas seja percebida sem esforço. Não há saturação desnecessária nem reverberações artificiais que disfarcem falhas: o que se ouve é o oboé de Tiago Coimbra em toda a sua crueza e honestidade interpretativa.

Tiago Coimbra, capa do álbum "Oboe +"
Tiago Coimbra, capa do álbum “Oboe +”

Alinhamento de “Oboe +” de Tiago Coimbra

  1. Lenda de boutès
  2. One from All-in-One
  3. Ôboâ, contos de infância
  4. Knurren
  5. Up a Notch
  6. The Starry Night
  7. À procura do que não se perdeu
  8. Auto-gravura
  9. 3 Caprichos sobre temas de Richard Strauss: No. 1, Walzer
  10. 3 Caprichos sobre temas de Richard Strauss: No. 2, Romanze
  11. 3 Caprichos sobre temas de Richard Strauss: No. 3, Lustig

Carreira construída entre palcos e pedagogia

Tiago Coimbra, nascido em Vila Nova de Gaia em 1990, é actualmente oboé solista da Göttinger Symphonieorchester e da Orquestra Filarmonia das Beiras. A sua trajectória internacional inclui colaborações regulares como oboísta principal convidado em orquestras de referência como a MDR Sinfonieorchester Leipzig, a Orquesta Sinfónica del Gran Teatre del Liceu (Barcelona) ou a NDR Radiophilharmonie Hannover.

Tiago Coimbra
Tiago Coimbra

Estudou na Suíça, onde completou dois mestrados: um em Oboé Solista com Emanuel Abbühl (Basileia) e outro em Orquestra com Thomas Indermühle (Zurique). Foi também discípulo de Maurice Bourgue na Académie Musicale de Villecroze. Doutorado em Música pela Universidade de Aveiro, Tiago Coimbra mantém actividade pedagógica na Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Em 2023, estreou mundialmente o concerto para oboé e orquestra Resilience, de Félix Turrión Eichler, com a Orquesta Filarmónica de Málaga. No mesmo ano, apresentou a edição crítica do Concerto de Outono de Jorge Peixinho, obra que editou em coautoria com o oboísta Ricardo Lopes e que foi estreada no festival Reencontros da Música Contemporânea, em Aveiro. A gravação da Sinfonia Concertante para oboé e flauta, K. 320, de Mozart, valeu-lhe a Medalha de Ouro Mozart atribuída pela associação austríaca Mozartgemeinde Wien.

Compromisso com o futuro

Tiago Coimbra deixa claro que OBOE + não pretende ser um ponto de chegada, mas antes um catalisador e semente para o futuro. O músico espera que as obras aqui reunidas sejam interpretadas por outros oboístas e que sirvam de incentivo para que mais compositores escrevam para o instrumento. Num país onde a criação contemporânea muitas vezes fica confinada a círculos restritos, iniciativas como esta abrem caminho para que o repertório português circule e se afirme internacionalmente.

Este álbum prova que há espaço para a música contemporânea portuguesa respirar fora dos festivais especializados. Tiago Coimbra demonstra que rigor técnico e ousadia criativa não são incompatíveis, e que o oboé pode e deve ter voz própria na música que se faz hoje.

O disco é uma edição Artway e pode ser adquirido através dos canais habituais de distribuição digital. OBOE + já está disponível nas principais plataformas digitais de streaming.

Instagram: @tcoimbra16 | Site oficial Artway: www.artway.pt | Instagram Artway: @artway_management

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Os Motel Plaza apresentam “Flores”, o single que encerra o calendário de lançamentos relativos ao primeiro álbum “Ciclos” da banda lisboeta, lançado no dia 21 de Novembro de 2025. Tiago Plutão (voz), João Sousa (teclas), Frederico Carvalho (baixo) e João Pedroso (bateria) entregam uma canção que funciona como despedida e homenagem, fechando o ciclo conceptual de “Ciclos” com uma reflexão sobre a partida, a memória e aqueles que ficam.

Gravado no Black Sheep Studios com produção de Francisco Dias Pereira (Them Flying Monkeys), o tema dos Motel Plaza assume uma postura adulta perante a finitude. A letra move-se entre a aceitação da inevitabilidade e a dúvida sobre o legado deixado. A questão que atravessa “Flores” não é sobre o medo da morte, mas sobre o peso do que se fez em vida. Fica o vídeo de “Flores” em baixo:

Álbum “Ciclos”: do nascimento à despedida

O disco de estreia dos Motel Plaza segue uma lógica narrativa clara, usando as flores como fio condutor para explorar diferentes fases da existência humana. “Flores” fecha essa trajectória iniciada em singles anteriores como “Máquina de Fazer Gente”, “Estórias de Encantar”, “Cores” e “Nem Tudo É Bom, Nem Tudo É Mau”. Cada tema funciona como capítulo de um percurso que começa no nascimento e termina na despedida final.

A escolha das flores enquanto metáfora atravessa todo o trabalho dos Motel Plaza. São símbolo de celebração, mas também de luto. Nascem, florescem e morrem. No single que agora chega, essa dualidade ganha particular expressão: as flores ficam para quem permanece, não para quem parte – “É mais um ciclo a terminar, E as flores são para quem ficar” como se ouve na música. O registo rock revivalista da banda respira sem pressas, faz-nos viajar no tempo e previligia arranjos que dão espaço à voz de Tiago Plutão para contar a história sem atropelos.

Motel Plaza, capa do EP "Flores"
Motel Plaza, capa do EP “Flores”

Alinhamento de “Ciclos”, dos Motel Plaza

  1. Cores
  2. Máquinas de Fazer Gente
  3. O Céu e o Sol
  4. A Conta Certa
  5. Nem Tudo É Bom, Nem Tudo É Mau
  6. Sépia
  7. O Dia Mais Triste
  8. Estórias de Encantar
  9. 1977
  10. Flores

“Ciclos” que merecem atenção

Os Motel Plaza construíram em “Ciclos” cada tema como parte de uma narrativa maior. Não são canções soltas atiradas para o ar na esperança que alguma cole. Há uma arquitectura por baixo, uma vontade de contar algo do princípio ao fim.

“Flores” já se encontra disponível nas plataformas digitais e serve como um dos cartões de visita para “Ciclos”, o álbum que a banda lançou recentemente. Para quem ainda não conhece o trabalho dos Motel Plaza, este é o momento ideal. Não percas!

Instagram: @motelplazaoficial | Facebook: /motelplazaoficial

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André Louro lança “Estrelas”, primeiro single de 2025 que marca o regresso do artista português depois de um ano dedicado à escrita e introspecção. O tema chegou às plataformas digitais com uma abordagem minimalista, gravado ao vivo durante uma residência artística na The Groove House, e posiciona-se como peça fundamental no caminho para o álbum que o músico prepara.

A canção nasceu de um processo criativo colectivo, onde André Louro reuniu Célio Cardoso e João Sampayo nas guitarras acústicas, Gennaro Cassano no cajón e Emilio Lobo no ukebass. O resultado é uma construção orgânica que privilegia a respiração dos instrumentos e o ambiente que os rodeiam, sem artifícios de produção que possam mascarar a intenção original. Deixamos “Estrelas” em baixo:

Carta pessoal para tempos conturbados

“Estrelas” funciona como diálogo interno, onde André Louro procura reconectar-se com si próprio enquanto observa o estado actual do mundo. A letra encontra na metáfora das estrelas uma âncora possível para quem navega tempos incertos.

O verso “Na pressa do chegar / Chego sempre tarde” abre o tema com uma admissão honesta sobre a velocidade moderna e a sensação de desencontro constante. Há uma tensão entre o desejo de voar alto e a consciência de que esse céu aparentemente infinito existe apenas em determinados momentos, não como estado permanente.

A estrutura da letra constrói-se em volta da aceitação da despedida como constante inevitável. Não há drama excessivo nessa constatação, apenas o reconhecimento de que as mudanças acontecem independentemente da nossa vontade, e que as estrelas servem de orientação quando o caminho se torna difuso.

André Louro, capa do single "Estrelas"
André Louro, capa do single “Estrelas”

A letra, escrita em parceria com João Sampayo, evita os lugares-comuns que frequentemente aparecem em canções sobre superação ou esperança. O verso “Eu não sei se vejo o mundo / Ou se é o mundo que se vê” coloca em causa a própria percepção, reconhecendo os limites da nossa capacidade de compreender aquilo que nos rodeia. Não há respostas definitivas, apenas a sugestão de aceitar as coisas como são: “E venha quem vier / Que o deixe como é”.

O título “Estrelas” funciona como elemento agregador. Apesar das despedidas e das mudanças constantes, há algo permanente que pode servir de guia. Não se trata de salvação garantida, mas de uma referência possível quando tudo o resto parece em movimento.

Produção amplifica registo

A decisão de gravar ao vivo na The Groove House revela uma escolha consciente de privilegiar a autenticidade e preservar aquele momento mágico para “sempre”. André Louro assume também as funções de mistura e masterização, garantindo controlo total sobre o resultado final. A captação, dividida entre Spencer Zachary, João Sampayo e o próprio André Louro, procurou preservar a energia do momento em que a música aconteceu.

O arranjo, trabalhado em conjunto pelos cinco músicos presentes, distribui os instrumentos de forma equilibrada. As guitarras acústicas criam a base harmónica, o cajón marca a pulsação sem sobrepor-se aos outros elementos, e o ukebass adiciona profundidade sem pesar. João Sampayo contribui ainda com segundas vozes que reforçam os momentos chave sem competir com a linha vocal principal de André Louro.

Esta abordagem minimalista permite que a voz se destaque naturalmente. O que se ouve é exactamente o que aconteceu na sala, com todas as imperfeições que tornam a gravação ao vivo num registo honesto.

“Estrelas”

“Estrelas” insere-se num percurso onde André Louro procura consolidar uma voz própria dentro da música portuguesa. Depois dos lançamentos de 2024, este single confirma a intenção de construir um corpo de trabalho coerente, onde cada canção funciona como degrau na direcção de um álbum que represente integralmente a sua visão artística.

André Louro demonstra com este single que está disponível para explorar territórios onde a vulnerabilidade não é disfarçada por produções densas ou letras vagas. “Estrelas” oferece-se sem grandes pretensões, mas com a clareza de quem sabe exactamente o que quer dizer e escolhe as ferramentas certas para o fazer.

O single já se encontra disponível nas plataformas digitais e antecipa um álbum que, a julgar por esta amostra, pode vir a confirmar André Louro como um nome a acompanhar na nova geração de cantautores portugueses. Não percas!

Instagram: @andrelouroo

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O rapper setubalense Jorgini Narsa apresentou o seu EP homónimo, lançado às 11h11 de 11 de novembro de 2025. São seis faixas inéditas que consolidam uma década de evolução sonora, desde os primeiros passos no boom bap clássico até à experimentação que hoje define o seu trabalho.

O momento escolhido para o lançamento não foi acidental. O simbolismo do 11/11 às 11h11 marca um ponto de viragem na carreira de Jorgini Narsa, que começou a fazer música na adolescência sob o nome JAMS. O primeiro álbum, “Smikz Some Picz”, explorava o boom bap tradicional. Mas foi no EP “Suicídio Involuntário” que a experimentação começou a ganhar terreno, preparando o caminho para este novo registo.

Fica “Líquido” de Jorgini Narsa em baixo:

Boom bap alternativo com identidade própria

As influências de Jorgini Narsa são múltiplas e bem assumidas. Do lado lírico, o rapper aponta Allen Halloween, Da Weasel, Manel Cruz, Wu-Tang Clan, Rakim e MF DOOM. Na produção, os nomes passam por Sam The Kid, RZA e Madlib. O resultado é um som que bebe dessas referências sem as copiar, construindo um território próprio dentro do rap português.

“É uma tentativa de mostrar os vários polos da Narsa. Vai do rap de mensagem ao sentimental. Não é um rap declamado, mas sim pensado. Uma lírica que simula os monólogos e diálogos que existem na minha mente. Que procuram soluções para o insolucionável, e razão onde não existe”, explica o músico.

Esta abordagem traduz-se em faixas como “Miúdas Belas”, “Para Nóia” ou “Sunshower (Nã tejas medo)”, onde a versatilidade emocional do artista atravessa diferentes registos sem perder coesão. O EP move-se entre introspeção e observação social, sempre com uma produção que crua que nos leva para as ruas.

Jorgini Narsa, capa do EP homónimo "Jorgini Narsa"
Jorgini Narsa, capa do EP homónimo “Jorgini Narsa”

Alinhamento do EP “Jorgini Narsa”:

  1. Líquido
  2. Herança
  3. Sunshower (Nã Tejas Medo)
  4. Para Nóia
  5. Falta
  6. Miúdas Belas

Formação clássica ao serviço do hip hop

Jorgini Narsa estudou guitarra no Conservatório até ao quinto grau antes de encontrar no hip hop o ponto de ligação entre os vários universos musicais que o interessavam. Essa formação clássica não desapareceu: manifesta-se na forma como estrutura as composições, na atenção ao detalhe harmónico, na construção melódica que suporta a lírica.

Jorgini Narsa
Jorgini Narsa

O EP inclui seis faixas que funcionam como capítulos de uma narrativa maior: “Líquido”, “Herança”, “Para Nóia”, “Sunshower (Nã tejas medo)”, “Falta” e “Miúdas Belas”. Cada uma explora um lado diferente do artista, sem cair na tentação de criar um disco conceptual forçado. A coesão surge naturalmente da voz e da abordagem de Jorgini Narsa, que mantém uma identidade reconhecível mesmo quando muda de registo.

Um trabalho que merece atenção

O novo EP de Jorgini Narsa chega num momento em que o rap português continua mais forte que nunca e a expandir-se em múltiplas direcções. No entanto, há qualquer coisa de refrescante em ouvir rap que não quer ser viral e não repete certos clichés.

Jorgini Narsa fez seis faixas, não doze. Trabalhou-as, não as despejou. O EP e as letras pedem tempo e diversas escutas, e isso por si só já o distingue de muito do que anda a circular. Jorgini Narsa gravou isto sem o verniz dos estúdios caros. É hip hop de raiz, aquele que se fazia quando ainda não havia preocupação com playlists editoriais e que nos devolve às mixtapes que circulavam de mão em mão, antes do streaming transformar tudo em números e algoritmos.

O EP “Jorgini Narsa” está disponível nas plataformas digitais, não percas!

Instagram: @a_narsa_arte

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cravo regressa com “De Lado”, sétima faixa que cumpre com o calendário consecutivo de lançamentos do projeto. A canção nasceu do quotidiano de um casal que não segue mapas nem roteiros perfeitos, e materializa-se numa balada de guitarras quentes onde o psicadelismo descontraído encontra referências da música portuguesa dos anos 80.

O tema “De Lado” chegou a 21 de novembro às plataformas digitais, acompanhado por uma animação e ilustração que repetem a lógica visual de cravo: cada lançamento funciona como um cravo, um gesto artístico completo, onde o dialogo entre a música e a imagem são aspectos centrais ao projecto. Fica o vídeo de “De Lado” em baixo.

Quando a rotina vira canção

“De Lado” fala sobre stress, paciência e a forma como dois corpos aprendem a habitar o mesmo espaço. A letra parte de um gesto repetido: acalmar quem vive permanentemente em tensão, lembrar que o caminho não precisa de ser recto para chegar a algum lado. A expressão que dá título à faixa carrega dois sentidos: avançar lado a lado enquanto casal, mas também progredir “de lado”, sem método rigoroso, aceitando desvios e imperfeições.

A abordagem afasta-se do romantismo açucarado. Não há grandes declarações nem promessas eternas, apenas o retrato honesto de duas pessoas que partilham vida sem fazer planos elaborados, vivendo o dia a dia. A relação aparece como construção diária, feita de pequenos ajustes e concessões mútuas.

Com 3:54 de duração, o tema mantém-se conciso e sem plot twists, apostando na contenção com um tom mais intimista. As guitarras, melódicas, conduzem a narrativa sem pressa através de riffs e partes que respiram e contemplam, criando uma atmosfera relaxada onde o refrão ganha uma força natural.

cravo, capa do single "De Lado"
cravo, capa do single “De Lado”

As referências atravessam décadas e geografias. Há toques de Connan Mockasin no tratamento das guitarras e na abordagem descontraída ao psicadelismo, mas também ecos de GNR na forma como a melodia se constrói e respira. Esta ligações partilham certa leveza na entrega, uma recusa em levar-se demasiado a sério sem perder substância musical.

A Imagem que completa o Cravo

A identidade visual de “De Lado” mantém coerência com os lançamentos anteriores do projeto cravo. A capa mostra dois skaters que se cruzam lateralmente, quase em espelho, enquanto a animação em rotoscoping repete o movimento em loop contínuo. A escolha reforça a mensagem central: avançar não exige trajectórias perfeitas, apenas movimento constante.

Esta abordagem integrada entre som e imagem define o projeto desde o início. Cada lançamento mensal funciona como obra autónoma mas inserida numa lógica maior, onde o artista permanece deliberadamente fora de campo. Não há fotografias promocionais, entrevistas ou construção de persona pública. O que resta é a obra: sete canções, sete animações, sete ilustrações.

Sete meses, sete lançamentos

“De Lado” continua o ciclo iniciado em Maio com “Bem-vindos”, seguido por “À Margem”, “Salta Desse Barco”, “Castigo”, “Chuva” e “No Fundo”. A regularidade dos lançamentos mensais demonstra disciplina rara, onde muitos projectos alternam períodos de actividade intensa com silêncios prolongados. É de louvar, especialmente no domínio da musica independente, onde ainda existe menos pressão de editoras e público.

A proposta de cravo assenta numa premissa simples mas radical para o contexto português: retirar o artista da equação. Num tempo onde plataformas digitais incentivam culto de personalidade e onde músicos são pressionados a tornarem-se marcas pessoais, este gesto adquire significado particular.

Não se trata de mistério calculado para gerar curiosidade, mas de princípio conceptual e estético: a obra basta-se a ela própria. As canções existem sem necessidade de biografia que as sustente ou rosto que as valide. Esta recusa em jogar o jogo promocional habitual pode limitar algum alcance no imediato, mas constrói uma identidade distinta num mercado saturado de narrativas semelhantes, e que de certeza trará frutos no futuro. Para já resta-nos aguardar pelo próximo mês, e quem sabe, um álbum/compilação/jardim dos cravos já publicados para 2026 (mas isto somos nós a especular). Não percas!

Instagram: @cravo.cravo.cravo | Bandcamp: @cravocravocravo

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O projecto acústico Bermim actua no próximo dia 28 de novembro no Auditório Municipal de Vila do Conde. O concerto, marcado para as 21h30, apresenta ao vivo o disco de estreia homónimo lançado em maio de 2025 no Teatro Faialense, no contexto das comemorações dos 50 anos da RTP Açores. A actuação inclui temas inéditos e receberá convidados especiais, com registo audiovisual completo da noite.

A apresentação surge na sequência do lançamento do videoclipe de “Cupido”, segundo single extraído do álbum. A canção, com música de Carlos Alberto Moniz e letra de Liliana Lima, explora as fragilidades de uma relação amorosa imperfeita. O tema sucede ao primeiro single “Renascer”, composto e escrito por Filipe Fonseca, mentor do projecto. Fica o vídeo de “Cupido” em baixo:

Raízes açorianas traduzidas em linguagem contemporânea

O álbum de Bermim funciona como carta de amor aos Açores através da reunião de composições de autores insulares como Carlos Alberto Moniz, António Bulcão, Zeca Medeiros, Aníbal Raposo e Luís Alberto Bettencourt. Filipe Fonseca assina todos os arranjos musicais e contribui com composições originais. A produção dá igual destaque à componente poética, incorporando textos de Natália Correia, Gabriela Silva e Victor Rui Dores, com quem Filipe Fonseca mantém parceria criativa há 25 anos.

O disco abre com a faixa-título “Bermim”, com música de Fonseca e letra de Victor Rui Dores, que estabelece a identidade sonora do trabalho. “Alegria” de António Bulcão e “A Viola Que Toca o Chão” (Filipe Fonseca) antecedem “Balada da Candeia” de Zeca Medeiros. A primeira metade completa-se com “Não Sei o Que Sou” (música de Filipe Fonseca, letra de Gabriela Silva) e “Cupido”.

A segunda parte inclui “Chamateia” de Luís Alberto Bettencourt com letra de António Melo Sousa, “Poema Destinado a Haver Domingo” de Aníbal Raposo sobre texto de Natália Correia, e “Bossa das Flores”, tema tradicional da ilha das Flores com arranjo de Filipe Fonseca. O álbum fecha com “Renascer”, composição e letra de Fonseca.

O concerto de estreia no Teatro Faialense contou com participações de Aníbal Raposo, António Bulcão, Carlos Alberto Moniz, Luís Alberto Bettencourt e Zeca Medeiros, estabelecendo a ponte directa entre os compositores e as suas obras reinterpretadas. A actuação em Vila do Conde promete manter esse espírito colaborativo com a presença de músicos convidados ainda por anunciar.

Alinhamento de “Bermim”, por Bermim

  1. Bermim
  2. Alegria
  3. A Viola Que Toca O Chão
  4. Balada da Candeia
  5. Não Sei O Que Sou
  6. Cupido
  7. Chamateia
  8. Poema Destinado a Haver Domingo
  9. Bossa das Flores
  10. Renascer

Bermim ao vivo em Vila do Conde, 28 de Novembro
Bermim ao vivo em Vila do Conde, 28 de Novembro

Informação prática

Data: 28 de Novembro de 2025
Hora: 21h30
Local: Auditório Municipal de Vila do Conde
Programa: Disco “Bermim” + temas inéditos
Extras: Registo audiovisual e músicos convidados

Contactos e reservas através dos canais oficiais do Auditório Municipal de Vila do Conde.

Sobre Bermim

Bermim nasceu de uma parceria entre Filipe Fonseca, músico e produtor nascido em Vila Nova de Gaia com ascendência açoriana, e a cantora Maria Eduarda, conhecida artisticamente como Duda. O nome inspira-se na planta que simboliza resiliência e serenidade, qualidades que atravessam as dez faixas do disco.

Maria Eduarda (Duda) é a voz do projecto, com formação iniciada aos seis anos na Escola de Música da Póvoa de Varzim, onde frequentou as classes de iniciação e formação musical, conjunto ORFF, coro infanto-juvenil, técnica vocal e repertório de jazz e música contemporânea. Estudou no Curso de Combo da Escola de Jazz do Porto e venceu quatro edições do Festival Novos Talentos de Vila do Conde. Integra actualmente os projectos Dudidu&Pikiboo (música para bebés e crianças), Souldillaz, Duka Soulsisters e Filipe Fonseca & The Band.

A formação de Filipe Fonseca passou pela Escola de Jazz do Porto e por diversos cursos e workshops em Portugal, Inglaterra, Espanha e Países Baixos. O multi-instrumentista acumulou 12 anos de experiência em unidades hoteleiras e actuou nos casinos de Póvoa de Varzim, Figueira da Foz, Espinho, Vilamoura e Madeira. Colaborou como músico no programa “Praça da Alegria” da RTP e dirige musicalmente o Festival Novos Talentos, que celebra a 25.ª edição em 2025.

O compositor tem no portfólio mais de 150 composições musicais, maioritariamente em parceria com Victor Rui Dores. Criou e realizou o musical “Capelinhos”, desenvolveu o projecto Blue Sea Project focado na reinterpretação do cancioneiro açoriano, integra a Tertúlia dos 40 e lidera um quinteto próprio com repertório de composições originais.

Proposta que merece atenção

Bermim traz até Vila do Conde um disco que trabalha o cancioneiro açoriano de forma moderna e elegante sem tentar transformá-lo noutra coisa ou fazer uma cópia directa dos originais. O projeto reuniu composições de Carlos Alberto Moniz, António Bulcão, Zeca Medeiros, Aníbal Raposo e Luís Alberto Bettencourt, manteve a matriz original dos temas e construiu arranjos acústicos que servem as canções. O resultado é um álbum coeso que deixa a musica falar por si e respirar uma identidade própria sem quebrar com as suas origens. Não percas!

Instagram: @bermim.music

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Os Half Time regressaram a 14 de novembro com “Back to Me”, segundo single após o tema “Until It’s Over”. O trio formado por André Fonseca, João Nunes e João Pinto entrega uma faixa onde perda, culpa e raiva se misturam numa sonoridade rock direta, inspirada livremente no universo emocional de “The Last of Us: Parte II“. A canção marca evolução face ao EP de estreia “Nobody Rides for Free”, mostrando uma banda mais segura das suas capacidades sem perder a energia crua que a define. Podes ver o lyrics vídeo em baixo:

Raiva e saudade em choque frontal

“Back to Me” constrói-se em torno do refrão que funciona como conclusão e mantra obsessivo. A repetição do título traduz a impossibilidade de recuperar algo perdido, aquela insistência mental que surge quando sabemos que não há volta atrás mas o corpo recusa-se a aceitar. A letra navega entre vingança e arrependimento, dois estados emocionais aparentemente opostos que aqui coexistem sem resolução.

A inspiração em The Last of Us: Parte II não se manifesta através de referências literais ao jogo – na verdade, tanto o tema “Back to Me” como o jogo falam sobre a vingança, como ela não traz paz e como todos pagam um preço (físico, emocional e psicológico) quando o ódio se torna o único motivo para continuar.

Half Time, capa do single "Back to Me"
Half Time, capa do single “Back to Me”

Os Half Time capturam a carga emocional e a brutalidade psicológica da narrativa, transpondo-a para uma história universal de amor transformado em dor. Há uma humanidade sombria na forma como a canção trata temas pesados sem cair no melodrama.

Comparado com o material anterior dos Half Time, “Back to Me” demonstra uma nitida evolução em estúdio, maior confiança na execução e uma melhor qualidade sonora final. A banda conhece melhor os seus instrumentos, sabe onde carregar na distorção, onde rebentar e onde dar espaço. Esta maturidade não significa perda de energia, pelo contrário, permite que a intensidade surja de forma mais natural e menos forçada, tudo isto aliado a uma melhor qualidade sonora.

Informação prática

Trajectória desde 2021

Activos desde o final de 2021, os Half Time consolidaram presença na zona centro de Portugal através de concertos onde a entrega ao vivo se tornou marca registada. O EP “Nobody Rides for Free” estabeleceu as bases sonoras, e “Until It’s Over” confirmou que a banda cresceu e tinha mais para mostrar. “Back to Me” surge como o passo seguinte lógico, mantendo a coerência discográfica enquanto expande horizontes.

Musicalmente, os Half Time mantêm-se fieis ao rock alternativo que bebe das décadas de 70, 80 e 90, sem nunca soar a copy paste. A banda pega nas referências e moldam-nas à sua própria identidade, criando algo que tem a sua linguagem própria e dialoga com o passado sem viver preso nele.

Os riffs carregam peso sem serem excessivamente técnicos, temos direito a um solo de guitarra, a voz transmite intensidade emocional genuína, e a produção traz a clareza e força necessárias. Há uma crueza intrínseca ao Rock que faz com que cada elemento exista com um propósito definido e sempre a favor do tema.

Half Time ao Vivo
Half Time ao Vivo

Caminho traçado sem mapas definitivos

“Back to Me” dos Half Time funciona como mais uma marco no caminho da banda, após o lançamento de “Until It’s Over”. Sente-se uma banda mais madura e clara nas suas intenções: os Half Time sabem o que quer fazer e como fazê-lo. Não promete revoluções nem reinventa géneros, mas entrega rock honesto construído com atenção ao detalhe e respeito pela emoção que transporta.

A referência a The Last of Us: Parte II pode atrair curiosos, mas é a qualidade da execução que determinará se ficam. O single dos Half Time tem músculo suficiente para se aguentar sozinho, independentemente do ponto de partida conceptual. Resta saber para onde a banda caminha a seguir — mas pelo menos o presente parece bem resolvido.

Instagram: @half.time.banda | Facebook: /half.time.banda

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Os Funil & Abelhinha lançaram “3300 ao Vivo”, o primeiro álbum ao vivo da banda de Arganil, disponível desde novembro nas plataformas digitais. Gravado na terra natal do grupo, o disco regista um concerto que celebra duas décadas de ska-punk português, com participação especial de Luís Varatojo. A edição marca o arranque das comemorações dos 20 anos da banda, que prepara nova digressão e disco de originais para 2026.

Fica o vídeo de “3300 ao Vivo” em baixo:

A escolha de Arganil para gravar este momento foi chave. Os Funil & Abelhinha voltaram ao lugar onde se formaram em 2004 para captar a energia que só existe quando uma banda toca para quem a viu crescer. O número 3300 no título refere-se à localidade onde tudo começou, e o disco funciona como documento sonoro de uma relação construída ao longo de vinte anos entre palco e plateia.

O registo capta guitarras distorcidas, linhas de metais afiadas, ritmo de bateria imparável e vozes que contam histórias entre o humor e a crítica social. O que se ouve é o que aconteceu: transpiração a rodos, distorção e feedbacks, palmas fora de tempo, gritos do público aos saltos.

Luís Varatojo sobe ao palco com os Funil & Abelhinha

A presença de Luís Varatojo transformou o concerto num momento único. O vocalista dos Despe & Siga, A Naifa, Peste & Sida e Luta Livre juntou-se aos Funil & Abelhinha para interpretar “É Só Camones”, tema editado por ambos em 2024, e revisitaram “Rádio Ska” dos Despe & Siga, banda que moldou a cena ska nacional.

Luís Varatojo representa a primeira vaga do punk e ska português dos anos 90, enquanto os Funil & Abelhinha pertencem à geração que cresceu a ouvir esses discos. O palco em Arganil funcionou como ponto de encontro entre duas épocas do mesmo movimento. Não houve reverências ou homenagens pomposas, apenas músicos a tocar juntos como sempre deveria ter sido.

A colaboração entre Funil & Abelhinha e Luís Varatojo já vinha de trás. O single conjunto lançado no ano passado confirmou afinidades que vão além do estilo musical: ambos trabalham temas do quotidiano com ironia, recusam poses de rock star e tratam cada concerto como conversa alargada com quem está à frente.

“3300 ao Vivo”: Disco que documenta e celebra a carreira dos Funil & Abelhinha

“3300 ao Vivo” funciona em dois registos simultâneos. É o documento histórico de uma banda a assinalar vinte anos de actividade, mas também celebração do presente e futuro. Os Funil & Abelhinha optaram por fazer uma gravação fiel aos acontecimentos: não houve cortes, não houve rearranjos, não houve segundas oportunidades. O que falhou ficou, o que funcionou também.

A mixagem de João Santiago nos Submarine Studios manteve essa crueza intacta. A captação de som ficou a cargo de João Santiago e Diogo Craveiro, enquanto Paulo Bico e Light Rent registaram imagens do concerto. Bruno Ribeiro tratou da edição de vídeo e Pedro Leão assegurou a iluminação. A produção contou com apoio do município de Arganil, parceria que permitiu à banda documentar este momento nas melhores condições técnicas possíveis.

Alinhamento “3300 ao Vivo”

Concerto gravado em Arganil a 5 de Setembro de 2024

  1. Intro
  2. Rude Girl
  3. É Só Camones (c/ Luís Varatojo)
  4. Skastress
  5. Rádio Ska (c/ Luís Varatojo)
  6. A Vida É Isto
  7. O Sangue é o Mesmo
  8. Sacanas Sem Lei
Funil & Abelhinha, capa do álbum "3300 ao Vivo"
Funil & Abelhinha, capa do álbum “3300 ao Vivo”

Formação e créditos de “3300 ao vivo”

Músicos:

Equipa técnica:

Vinte anos entre Portugal e Espanha

Os Funil & Abelhinha nasceram quando sete amigos de Arganil decidiram formar banda depois de ouvirem “Os Primos” dos Despe & Siga. A influência foi assumida desde o início, mas o grupo soube encontrar voz própria ao cruzar o ska português com referências como Reel Big Fish, The Specials, Sublime e The Interrupters.

Duas décadas depois, a banda acumula centenas de concertos entre Portugal e Espanha. Partilharam palcos com Bad Manners, Skalibans, Xutos & Pontapés, Fita Cola, Iris e Mata-Ratos. A discografia inclui “A Califórnia é Portugal n’América” (2015), “Now 2021” (2021) e “Isto é Tudo Verdade” (2024), primeiro álbum de originais que estabeleceu os Funil & Abelhinha como nome incontornável do ska-punk lusitano.

“Isto é Tudo Verdade” trouxe temas como “A Vida é Isto”, “É Só Camones” e “SKAStress”, agora revisitados em “3300 ao vivo” com energia amplificada pelo contacto directo com o público. A diferença entre estúdio e palco é evidente: as composições ganham corpo, as brass sections expandem-se, os refrões transformam-se em cânticos colectivos.

O que vem a seguir

“3300 ao vivo” abre as celebrações dos 20 anos dos Funil & Abelhinha, mas não as encerra. A banda já prepara a “happycooltour26” para 2026, digressão que promete levar este repertório a palcos por todo o país.

Depois de provar que conseguem captar num disco ao vivo a energia que sempre os definiu, os Funil & Abelhinha preparam-se para mostrar que ainda têm muito a dizer. Vinte anos não são ponto de chegada, são uma plataforma de lançamento. E se há coisa que esta banda sabe fazer é manter a ficha ligada, mesmo quando o mundo pisca. Não percas, “3300 ao vivo” dos Funil & Abelhinha!

Instagram: @funileabelhinha | Facebook: /FunilAbelhinha

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Dan Riverman apresentou o seu novo álbum homónimo “Dan Riverman” nas plataformas digitais, com “Tell Me Stories” a funcionar como segundo single depois de “Another Life” ter aberto caminho em outubro. O cantautor de Santo Tirso entrega sete canções onde a vulnerabilidade se assume sem rodeios, construídas numa escrita direta e cheia de significado. Fica o vídeo de “Tell Me Stories” em baixo.

“Tell Me Stories” funciona como convite directo à intimidade. A canção pede histórias ao outro, memórias que ajudem a entender o amor através das palavras que o formaram. Dan Riverman canta “Tell me stories, I have time / I’ll stay and listen to you all night” num registo sereno mas carregado, entre a disponibilidade e o reconhecimento de que essa escuta tem peso. A produção ficou a cargo de Bruno Fer.

Onze canções que não fogem da conversa difícil

O álbum homónimo de Dan Riverman ergue-se como um compêndio de quem atravessou amor, perda e transformação sem perder a capacidade de olhar de frente para o que ficou. As canções respiram entre o Slow Rock, Blues e Americana, numa travessia e luta constante entre entrega e afastamento, desejo e consciência dos limites, culpa e tentativa de redenção.

O álbum abre com dois temas bastante fortes, “Talk To My Heart” e “On the 4th” que desaguam no confessional “Took Me To War” onde somos levados pela voz de Dan Riverman e pelo violino de fundo que nos embala.

Segue-se “Another Life” com Rita Redshoes, o primeiro single do álbum, que funcionou como carta sobre um amor profundo que não encontrou futuro nesta vida. A canção explorava a separação e a hipótese de reencontro noutro plano, estabelecendo o território emocional que o álbum viria a habitar. “Tell Me Stories” continua esse diálogo mas muda o ângulo: onde “Another Life” olhava para o impossível, o novo single procura proximidade no presente, mesmo que frágil.

A fechar o álbum encontram-se “Choose to Love” e “Holding On to You” (um dos nossos temas preferidos), que nos remetem para a mesma narrativa de amor e desamor, pintada com as mesmas cores e sombras do deserto americano.

A escrita de Dan Riverman trabalha com imagens directas mas nunca literais demais. Fogo, olhos, mãos, guerra, coração aparecem ao longo das letras como símbolos que ganham significado pelo contexto em que surgem, não pelo peso que carregam à partida. A música acompanha esse movimento emocional alternando momentos de contenção com explosões de intensidade, espelhando o processo natural de quem cai, levanta e se reinventa enquanto contempla todo o processo que foi experienciando durante a viagem.

A colaboração com Rita Redshoes em “Another Life” trouxe camada adicional ao trabalho de Dan Riverman, alargando a paleta vocal e emocional do disco. Para além dela, o álbum conta com Gil Cadeias e Bruno Fer nas segundas vozes, Filipe Monteiro na bateria e percussões, Joaquim Rodrigues nos teclados, José Carlos Barbosa no baixo e contrabaixo, mais um trio de cordas formado por Margarida Silva, João Rosa e Filipe Roriz. Ricardo Matosinhos adiciona trompa francesa em momentos escolhidos. A produção e mistura ficaram a cargo de Bruno Fer nos A Mina Studios.

Alinhamento de “Dan Riverman” de Dan Riverman

  1. Talk To My Heart
  2. On The 4th
  3. Took Me To War
  4. Another Life
  5. Tell Me Stories
  6. Choose To Love
  7. Holding On To You

Dan Riverman, capa do álbum homónimo "Dan Riverman"
Dan Riverman, capa do álbum homónimo “Dan Riverman”

Créditos & Informações

Dan Riverman: Percurso consolidado ao longo de uma década

Dan Riverman construiu a sua carreira como cantautor independente desde 2009, quando fundou a banda que lhe deu o nome artístico. O EP de estreia “Hers”, gravado em Londres com Saul Davies (James) e Davey Ray Moor (CousteauX), gerou temas como “Fragile Hands”, “Dark-Haired Girl” e “Sea and the Breeze”, que integraram bandas sonoras de produções televisivas nacionais.

Em 2018, Dan Riverman compôs “Singing King”, homenagem ao pai fadista, tema que entrou na banda sonora da telenovela “A Teia”. Um ano depois estreou-se no Festival RTP da Canção com “Lava”, a convite de Miguel Guedes. Seguiram-se os singles “Alright”, incluído em playlists internacionais como Mahogany Sessions e Mostly Strings, e “Step Outside”. O EP “Riverside Sessions” mostrou outra faceta do artista ao revisitar canções de Joni Mitchell, Bob Dylan e Neil Young.

Dan Riverman
Dan Riverman

Álbum que respira ao seu próprio ritmo

Este disco homónimo de Dan Riverman funciona. Funciona porque não tenta ser mais do que é: onze canções sobre amor, perda e o que fica depois. Sem grandes reviravoltas de produção, sem momentos desenhados para viralizarem, apenas a voz, as guitarras e os arranjos certos nos sítios certos.

A decisão de lançar “Tell Me Stories” como segundo single faz sentido. É das canções mais imediatas do conjunto, que convida a voltar, mas o álbum ganha quando ouvido na totalidade. Há uma progressão emocional clara entre as faixas que se perde se saltares de tema em tema. Para além dos singles, os temas “Talk To My Heart” (o nosso preferido do álbum), “Holding On To You” e “On the 4th” também chamaram a nossa atenção e proporcionaram aqueles repeats do costume.

Dan Riverman já provou há uma década que sabe escrever canções. Este álbum confirma que também sabe construir um disco coeso, onde cada peça tem o seu lugar e onde nada parece estar ali por acaso. Para quem procura cantautores portugueses a fazer trabalho sério, Dan Riverman é sem dúvida um nome a recordar. O álbum já está disponível, não percas!

Instagram: @danriverman | Facebook: @danriverman

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Os SAL acabam de editar o seu segundo álbum de estúdio. “A Viagem Vai A Meio” chegou às plataformas digitais esta semana, três anos depois de “Passo Forte” e acompanhado por “Lei do Compasso”, uma canção que satiriza a industrialização da composição musical e as receitas pré-fabricadas que dominam o topo das tabelas de streaming. A banda portuguesa composta por João Pinheiro (bateria), Sérgio Pires (voz e braguesa), João Gil (baixo), Daniel Mestre (guitarra) e Vicente Santos (teclados) aposta num registo que mistura rock, folk e música de raiz portuguesa, mantendo a coerência sonora que já tinham demonstrado no álbum anterior e na passagem pelo Festival da Canção 2023. Fica o vídeo de “Lei do Compasso” em baixo.

“Lei do Compasso”: sátira às fórmulas da indústria musical

“Lei do Compasso” funciona como manifesto irónico contra a mecanização da criatividade. A letra descreve um “mestre bardo” que transforma palavras em números, altera “a lei do compasso” e produz o “hit ganhador” através de fórmulas matematizadas. “Emparelhadas cruzadas / As rimas não têm segredo / O refrão não mete medo / Quando é feito com rigor“, canta Sérgio Pires, antes de pedir socorro por ousar “cantar sem permissão / Uma palavra tão grave / Desta forma tão aguda“.

A canção nasce de uma observação concreta: grande parte dos êxitos que ocupam o topo das plataformas de streaming resulta de equipas alargadas de produção, onde quatro ou mais autores se reúnem para desenhar a próxima fórmula comercial perfeita. Em paralelo, ferramentas de inteligência artificial conseguem gerar canções instantaneamente, obedecendo a padrões previsíveis de estrutura, harmonia e métrica. Os SAL questionam se a tecnologia está a copiar a criatividade humana ou se, pelo contrário, os humanos já estavam a trabalhar como máquinas antes das máquinas chegarem.

SAL, capa do single "Lei do Compasso"
SAL, capa do single “Lei do Compasso”

Musicalmente, “Lei do Compasso” joga com as mesmas regras que critica. A estrutura é clara, o refrão memorável, a instrumentação eficaz. Mas a ironia reside precisamente nesta escolha: os SAL provam que conhecem as regras e sabem usá-las sem se renderem a elas como dogma absoluto. A gravação decorreu nos Estúdios Namouche (com Moritz Kerschbaumer), nos Estúdios 65 (com João Pinheiro) e no Estúdio RSI (com Daniel Mestre). A mistura e masterização ficaram a cargo de João Bessa.

“A Viagem Vai a Meio”: cinco músicos, uma direção comum

O processo criativo de “A Viagem Vai A Meio” nasceu da partilha de influências distintas entre os cinco elementos dos SAL. João Pinheiro traz décadas de experiência nas estradas portuguesas, tendo tocado com TV Rural, OIOAI e Diabo na Cruz. Sérgio Pires transitou entre o hip hop dos anos 90, a música jamaicana e o rock independente antes de se juntar aos SAL. Vicente Santos, formado em piano clássico no Ribatejo, explora agora teclados e sintetizadores. Daniel Mestre, construtor de cordofones e técnico de som, conecta a herança tradicional portuguesa ao universo do rock. João Gil completa a formação ao baixo.

“Fazer este disco foi uma viagem”, explicou João Gil. “É uma viagem pelo mais íntimo e mais pessoal que existe em cada um de nós e que esperamos que chegue às pessoas através da nossa música.” O título do álbum, segundo Daniel Mestre, funciona como “uma promessa de continuidade e esperança, com muitos passos por dar”. O guitarrista acrescenta que o disco serve de “ponto de situação do percurso da banda e também a nível pessoal”.

Antes do lançamento completo, os SAL disponibilizaram quatro singles: “Regra Dos Dois Simples”, “Pedaço de Sal”, “Mentira Viral” e “Um Milhão É Só Um Milhão”. A sequência destes temas antecipou a variedade estilística que atravessa “A Viagem Vai A Meio”, onde coexistem referências ao rock mais direto, ao folk português e a experimentações tímbricas que fogem às categorias mais óbvias.

Alinhamento “A Viagem Vai A Meio”, SAL:

  1. Viver
  2. Regra dos Dois Simples
  3. A Meta
  4. Para Sempre
  5. Lei do Compasso
  6. Uns Dias
  7. De Onde Vem
  8. A Viagem Vai a Meio
  9. Transbordo
  10. Um Milhão É Só Um Milhão
  11. Mentira Viral
  12. Pedaço de Sal
  13. Homem Lirio

Autenticidade como método de trabalho

Desde a formação em 2020, os SAL têm-se posicionado contra a perfeccionização artificial dos concertos ao vivo. A banda recusa o uso de backing tracks, pistas pré-gravadas ou correções automáticas de afinação. Cada concerto resulta daquilo que cinco pessoas conseguem produzir em tempo real, com as imperfeições e os acidentes felizes que daí decorrem. Esta opção não é nostálgica nem purista: é estratégica. Num mercado saturado de produções digitais polidas até à exaustão, os SAL oferecem algo cada vez mais raro: presença física, diálogo instrumental espontâneo e risco artístico assumido.

A passagem pelo Festival da Canção 2023, onde apresentaram “Viver”, consolidou a visibilidade nacional da banda. A canção não venceu a competição, mas cumpriu o objectivo de apresentar os SAL a um público mais vasto. “Passo Forte”, editado em 2021, tinha já estabelecido o território sonoro da formação: guitarras distorcidas convivendo com a viola braguesa de Sérgio Pires, ritmos que tanto podem vir do rock garage como da música popular portuguesa, teclados que adensam momentos chave.

SAL
SAL

Músicos que já percorreram estradas antes de se juntarem

A coesão dos SAL resulta de trajectórias individuais longas. João Pinheiro aprendeu bateria sozinho aos 13 anos, tocou nos TV Rural durante 16 anos e fez parte dos Diabo na Cruz, banda que percorreu o país a explorar música tradicional portuguesa sem abandonar a estrutura do rock. Sérgio Pires começou no hip hop dos anos 80, passou pelos Sloppy Joe e Expensive Soul antes de integrar os Diabo na Cruz, onde permaneceu sete anos. Vicente Santos fez conservatório de piano clássico mas desviou-se para os sintetizadores e órgãos. Daniel Mestre, além de guitarrista, construiu e restaurou cordofones tradicionais, tendo trabalhado como técnico de som para várias bandas antes de integrar os SAL.

Esta diversidade de percursos explica a amplitude estilística de “A Viagem Vai A Meio”. Não se trata de ecletismo gratuito, mas de cinco músicos com vocabulários próprios que encontraram forma de dialogar através da música. O título do álbum, segundo Daniel Mestre, reflecte exactamente isso: “Embora exista já um passado repleto de experiências, é inegável que ainda há muito para aprender e fazer.”

Um álbum que respira fora das tendências

“A Viagem Vai A Meio” distancia-se deliberadamente das modas do momento. Não há auto-tune, não há batidas electrónicas programadas para encaixar em playlists algorítmicas, não há concessões ao que está a funcionar comercialmente. Os SAL apostam numa abordagem que privilégia a organicidade da execução instrumental e a clareza da mensagem lírica. As canções falam de amor, de luta, de desencanto, de esperança, mas sem recorrer a metáforas vagas ou a retórica vazia.

A produção, assinada pela própria banda em colaboração com João Bessa, é próxima do que acontece num concerto ao vivo: guitarra, baixo, bateria, teclados e voz, sem artifícios desnecessários. Esta escolha reforça o conceito central dos SAL: música feita por pessoas para pessoas, onde a técnica serve a emoção e não o contrário.

“A Viagem Vai A Meio” e “Lei do Compasso” já estão disponíveis em todas as plataformas digitais. A banda anuncia datas de apresentação ao vivo para os próximos meses, onde o álbum será tocado na sua totalidade. Quem conhece os SAL sabe que é no palco que as canções ganham a dimensão completa, se puderes não percas!

Instagram: @salnasredes | Facebook: /salnasredes

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A ATOMS MGMT volta a fechar o mês de novembro com dois dias de concertos na BOTA Anjos, em Lisboa. O Aniversário Atómico 2025 acontece nos dias 29 e 30 de novembro e junta quatro projectos do roster da agência fundada por Tiago Rodrigues de Matos: Matilde Leite e Xico Gaiato no sábado, bonança e Cíntia + REZMORAH no domingo. Os bilhetes custam 12 BOTAS por dia ou 20 BOTAS para passe geral.

Segundo ano, mesmo ADN

O Aniversário Atómico 2025 mantém a fórmula que funcionou em 2024: sala cheia, ambiente próximo, artistas que partilham uma estética comum apesar dos universos distintos. A edição inaugural trouxe MALVA, BILOBA, Xico Gaiato, Mt. Roshi, Sogranora e bonança durante dois dias que esgotaram a lotação. A resposta do público confirmou aquilo que Tiago Matos intuía: há gente atenta, curiosa, disposta a aparecer para descobrir música nova.

Foi incrível ver a sala cheia nos dois dias. O público da música emergente está atento, curioso e gosta de ir a concertos“, recorda o fundador da ATOMS MGMT. A decisão de repetir o formato surge naturalmente, com ajustes ligeiros na estrutura mas mantendo o propósito original: celebrar a agência enquanto se cria uma plataforma para cruzamento de públicos e visibilidade dos artistas.

BOTA: a casa natural da música independente lisboeta

A escolha da BOTA Anjos para acolher novamente o Aniversário Atómico 2025 não é acidental. O espaço transformou-se numa espécie de quartel-general não oficial da música emergente na capital, com programação consistente que privilegia projectos fora dos circuitos mainstream. A capacidade reduzida (cerca de 150 pessoas) obriga a uma proximidade entre palco e público que funciona tanto para concertos introspectivos como para momentos mais explosivos.

A BOTA tem um superpoder especial: adapta-se ao artista“, explica Tiago Matos. “É uma sala única, com uma equipa incrível e uma comunidade de gente boa, solidária e apaixonada por cultura.” A relação entre a agência e o espaço consolidou-se ao longo destes dois anos, com a BOTA a funcionar como porto seguro para vários artistas do roster da ATOMS.

Filosofia de agência: comunidade antes de impacto

A ATOMS MGMT construiu o seu roster seguindo um critério que privilegia coerência estética sobre números. Todos os artistas cantam em português, todos exploram territórios criativos próprios, mas há um fio comum que os liga: autenticidade sem concessões. O Aniversário Atómico 2025 funciona como montra dessa identidade partilhada, juntando projectos que, apesar de diferentes, conversam entre si.

A curadoria do evento segue um princípio simples: apenas artistas da agência sobem ao palco, e a totalidade das receitas de bilheteira reverte para os músicos. Não há sponsor stages, não há anúncios de última hora. O alinhamento depende das agendas de cada artista e da procura por combinações que façam sentido musicalmente.

Mais do que impacto, o que quero é continuidade“, resume Tiago Matos. “O Aniversário Atómico não nasceu para ser um grande festival, mas sim um ponto de encontro , um espaço onde o público possa descobrir novos projectos e artistas, num ambiente próximo e acessível.

B-SIDE: cerveja oficial da ATOMS

O Aniversário Atómico 2025 traz uma novidade que fecha o segundo aniversário da agência: a B-SIDE, cerveja oficial da ATOMS MGMT criada em parceria com a Sarrafusca Craft Beer (que já tinha apoiado a edição de 2024). A B-SIDE chega “feita à mão, sem pressas, longe das fórmulas e das modas”, como definem os fundadores da cervejeira. O nome remete para o lado B dos singles, aquela faixa escondida que por vezes acaba por ser melhor que o hit.

B-Side, cerveja oficial da Atoms MGMT criada em parceria com a Sarrafusca Craft Beer
B-Side, cerveja oficial da Atoms MGMT criada em parceria com a Sarrafusca Craft Beer

Informação prática: Aniversário Atómico 2025

Datas: 29 e 30 de novembro de 2025
Local: BOTA Anjos, Lisboa
Cartaz:

Bilhetes:

O que fica

Dois anos podem parecer pouco para uma agência de música, mas a ATOMS MGMT já demonstrou capacidade para criar uma comunidade à volta dos seus artistas. O Aniversário Atómico 2025 funciona como prova disso: um evento de dimensão controlada, em que a qualidade da experiência importa mais que os números de audiência. Tiago Matos admite que gostaria de abrir futuras edições a convidados externos e eventualmente levar o formato a outras cidades, mas por agora o foco mantém-se na consolidação daquilo que já existe.

A música independente portuguesa continua a ganhar espaço, público e estruturas de apoio, e iniciativas como o Aniversário Atómico 2025 são de louvar e provam que há formas de celebrar sem cair em gigantismos desnecessários, criando circuitos alternativos que funcionam precisamente por não tentarem competir com os grandes festivais.

Atoms MGMT: @atoms.mgmt | Site Oficial Bota: botaanjos.com | Instagram: @bota.anjos | Facebook: @bota.anjos

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Nina R.A.E. lançou na sexta-feira passada, 21 de novembro, “No More Tears”, primeiro avanço do álbum de estreia previsto para 2026. A cantora luso-angolana da Margem Sul apresenta um tema sobre superação cantado em português que rompe com a intimidade do single anterior “Chuva” e aposta numa energia bem mais direta, onde a aceitação da mudança se transforma em dancefloor e convite para seguir em frente. O single já chegou às plataformas digitais acompanhado de videoclipe, podes vê-lo em baixo.

De “Chuva” para sol: a transformação de Nina R.A.E.

O contraste é deliberado. Em julho, “Chuva” explorava o desejo e o amor numa abordagem íntima, onde a água servia de metáfora para um sentimento que nutre e cresce. Agora, “No More Tears” chega com outra temperatura. A produção de Pedro Gonçalves cria uma base rítmica que nos faz bater o pé e abanar a cabeça, enquanto a voz de Nina R.A.E. ganha confiança e assertividade.

“No, no, no more tears” é o mantra. Não há dramatismo nem vitimização, apenas a constatação de quem atravessou o processo, saiu do outro lado e seguiu em frente. A composição, assinada por Nina R.A.E., Pedro Gonçalves e Knox, equilibra momentos de reflexão com descargas de energia que remetem para a tradição do R&B contemporâneo e UK Garage/2 Step sem cair em fórmulas que costumamos ouvir mais tradicionalmente.

Nina R.A.E., capa do single "No More Tears"
Nina R.A.E., capa do single “No More Tears”

A mistura e masterização ficaram a cargo de Márcio Silva. O vídeo que acompanha “No More Tears” aborda a dualidade da vida de quem faz música. Nina R.A.E. descreve-o como reflexo da realidade de artistas que vivem “entre o silêncio do quarto e o aplauso do mundo”. A estética cinematográfica escolhida evita o óbvio: não há narrativa linear nem tentativa de ilustrar a letra palavra por palavra, apenas a dança da vitória de quem já ultrapassou e seguiu caminho.

Ficha técnica

Single: “No More Tears”
Artista: Nina R.A.E.
Lançamento: 21 de novembro de 2024
Formato: Digital (todas as plataformas)
Álbum: Estreia prevista para 2026
Produção: Pedro Gonçalves
Composição: Nina R.A.E., Pedro Gonçalves, Knox
Mistura e masterização: Márcio Silva

Nina R.A.E.
Nina R.A.E.

Trajetória construída na Margem Sul

Ana Raquel Moreira cresceu na Margem Sul e começou a cantar na igreja, onde o Gospel moldou a sua primeira compreensão de música. As influências iniciais vieram dos anos 90: Destiny’s Child, Lauryn Hill e Aaliyah deixaram marca no modo como Nina R.A.E. pensa harmonia vocal e melodia. Mais tarde, Rihanna, Kehlani, SZA e H.E.R. completaram o mapa de referências.

Antes de se apresentar como Nina R.A.E. (iniciais de “Real Ana Experience”), trabalhou com produtores como João Lourenço, Beatoven, Chong Kwong, Anselmo Ralph, Mr. Marley e Zacky Man. Essa experiência deu-lhe ferramentas técnicas e compreensão de produção que agora aplica no projeto a solo em português.

O single anterior, “Chuva”, já sinalizava a direção: canções que conversam com quem as ouve sem filtros desnecessários, onde a vulnerabilidade não é fraqueza mas ponto de partida para construir algo sólido. Fica o vídeo em baixo:

Primeiro capítulo de história maior

“No More Tears” não é apenas um single isolado. Funciona como abertura para o álbum de estreia que Nina R.A.E. prepara para 2026. A decisão de cantar em português define o território e posicionamento: há um mercado lusófono ávido de R&B contemporâneo cantado na língua materna, e a artista tem condições técnicas e maturidade interpretativa para ocupar esse espaço.

O percurso entre “Chuva” e “No More Tears” mostra versatilidade sem dispersão. Os temas comunicam entre si, constroem uma narrativa sobre as fases diferentes de processos emocionais. Se “Chuva” explorava o início, “No More Tears” trabalha o fim e o recomeço. Resta saber que outros territórios o álbum vai explorar, mas estes dois singles sugerem alguém com visão clara do que quer dizer e com as ferramentas para o fazer.

Nina R.A.E. entrega em “No More Tears” uma canção enérgica e bem trabalhada, que merece a atenção de quem procura R&B contemporâneo e derivados em português. O single já está disponível nas diversas plataformas digitais do costume, não percas!

Instagram: @realninarae | Facebook: /realninarae

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Filipe Keil regressa com “Avesso”, single acompanhado por um lyric video que já chegou às plataformas digitais. A canção revisita os primeiros anos do compositor em Lisboa, quando a noite se transformava em ritual de sobrevivência e a pista de dança funcionava como espaço de libertação. Entre pop e eletrónica, Filipe Keil constrói um retrato confessional sobre inquietação, movimento e a necessidade de continuar a dançar mesmo quando tudo pesa. Fica o vídeo de “Avesso” em baixo para ouvires!

“Avesso”: Lisboa como ponto de partida e de fuga

O retrato de uma fase muito concreta da minha vida: os primeiros anos em que vivi em Lisboa“, explica Filipe Keil. A cidade surge como cenário de descoberta, vibrante mas também esmagadora. As noites transformavam-se em rotina, quase dependência: sair sem hora marcada para voltar, deixar-se levar pelo som das discotecas, procurar na música e na noite o que faltava durante o dia.

A dança aparece como gesto instintivo, ferramenta de sobrevivência emocional. “Foi nesse tempo que percebi o quanto dançar podia ser libertador“, recorda o artista. “Era a forma mais simples e pura de esquecer o que me pesava. Um gesto instintivo que me fazia sentir vivo, presente, em harmonia com o caos à minha volta.”

“Avesso” nasce desse período específico, mas a canção transcende a autobiografia. Fala de todos os que já procuraram na noite um abrigo temporário, de quem dança para não pensar, de quem encontra no movimento do corpo uma forma de resistência e libertação. Lisboa funciona como catalisador, mas o tema é universal: a fricção entre querer fugir e precisar de ficar, entre o cansaço e a urgência de continuar.

Filipe Keil, capa do single "Avesso"
Filipe Keil, capa do single “Avesso”

A estrutura da letra assenta na repetição. “Danço, O que eu faço? Eu danço P’ra não pensar tanto. O que eu faço?  Danço, danço, danço, danço” funciona como mantra, afirmação obsessiva de quem não pode parar. A voz de Filipe Keil carrega essa tensão entre desistência e insistência, entre o peso do quotidiano e a recusa em render-se completamente.

Mais do que uma canção sobre fuga, ‘Avesso’ é uma celebração do impulso de viver“, afirma Filipe Keil. “Da vontade de continuar a dançar, mesmo quando tudo parece incerto. É o som de quem aprende a abraçar o seu próprio avesso, sem medo de o mostrar.”

Produção entre pop e confissão

Música e letra levam assinatura de Filipe Keil, que assume a produção com Gustavo Almeida e João Freitas. A mistura e masterização ficaram a cargo de Diogo Costa no MLN, garantindo equilíbrio entre a clareza pop necessária e textura eletrónica.

A sonoridade não procura grandes experimentalismos. A base rítmica mantém-se presente, constante, quase hipnótica. As camadas eletrónicas surgem de forma natural, com os diversos efeitos a complementar a performance vocal.

Há momentos de respiração e quebra, pausas calculadas onde a voz ganha protagonismo imediato. Outros instantes explodem em energia. Essas dinâmicas reflectem a própria narrativa: os momentos de exaustão seguidos pelos picos de adrenalina, o ciclo vicioso de quem procura na noite o que o dia não oferece.

Ficha Técnica:

Filipe Keil: Trajectória construída entre palco e estúdio

O percurso de Filipe Keil inclui passagens pela televisão, participação no Festival da Canção 2019, projectos em banda e lançamentos a solo. O EP “Artificial” e o single “Contradição” (com Carlos Sanches) já tinham demonstrado capacidade para equilibrar pop acessível e fusão de diversos estilos com escrita pessoal.

Filipe Keil, "Avesso"
Filipe Keil, “Avesso”

“Avesso” confirma: o compositor sabe o que quer dizer e encontra a melhor forma de o fazer, sem desvios desnecessários ou ornamentos que não servem a canção.

Dançar como acto de sobrevivência

Filipe Keil admite fragilidade, reconhece o cansaço, mas recusa-se a parar. A dança não resolve os problemas e cura as feridas, mas oferece trégua temporária e permite continuar. “Avesso” fala de resistência quotidiana, da necessidade de encontrar pequenos gestos que nos mantenham vivos.

Para quem já se perdeu numa pista de dança às quatro da manhã, procurando no movimento do corpo alguma resposta que as palavras não conseguem dar, esta canção vai ressoar de forma particular. “Avesso” de Filipe Keil já está disponível em todas as plataformas de streaming (Spotify, Apple Music, YouTube Music, etc.), acompanhado por lyric video oficial no YouTube. Não percas!

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Manuel Teles, saxofonista português com percurso consolidado entre Milão e Lisboa, apresentou Stepdance a 14 de novembro pela editora britânica GB Records. O disco resulta da parceria com a pianista ítalo-britânico-russa Alexandra Tchernakova e percorre territórios onde jazz, música contemporânea e tradição clássica se cruzam sem pedir licença. O repertório escolhido funciona como mapa afectivo: os compositores aqui reunidos marcaram directamente a trajectória dos dois intérpretes, seja através de colaborações concretas, seja pelo peso das suas obras na formação artística de ambos.

A escolha de abrir com Horn Please de Mário Laginha define logo o território. A peça respira com calma, um despertar meditativo que funciona como introdução ao repertório. O saxofone e o piano de Alexandra Tchernakova desenham melodias sem pressa, estabelecendo desde o início que este não é disco para ouvir em modo multitasking. Fica a performance de “Horns Please” em baixo, gravada no ISEG em Lisboa:

“Stepdance”: Repertório que resiste a gavetas

Entre a abertura e o fecho com a faixa-título Stepdance de António Victorino D’Almeida, o álbum conta-nos uma história com dinâmicas, altos e baixos, num tom intimo e evocativo. A “Suite Op. 55” de Fazil Say segue-se a “Horns Please” com a intensidade diferente que lhe é devida. O compositor turco escreve música onde a herança da Anatólia surge reconfigurada através de linguagem contemporânea. Não se trata de world music diluída nem de exotismo calculado, mas de síntese genuína entre tradições. Manuel Teles e Alexandra Tchernakova entregam-se a estas páginas com o respeito e rigor técnico, mas também com a disponibilidade emocional que a música de Fazil Say exige.

Harlesden e Allegrasco de Gavin Bryars trazem contenção meditativa e melancólica que evocam pinturas românticas e paisagisticas de Turner ou Constable. Manuel Teles demonstra aqui versatilidade técnica ao transitar entre saxofones soprano, alto e tenor conforme cada peça exige, mas mais importante: demonstra maturidade interpretativa ao saber quando recuar e deixar o silêncio falar e respirar.

Manuel Teles e Alexandra Tchernakova, capa do álbum "Stepdance"
Manuel Teles e Alexandra Tchernakova, capa do álbum “Stepdance”

Florida to Tokyo, sonata para saxofone alto e piano de Chick Corea, coloca o disco noutro registo. Chick Corea transitou a vida inteira entre jazz e música de concerto, e esta obra reflecte essa dualidade sem complexos. Há momentos de fusion jazz onde o ritmo acelera e pede improvisação, mas há também estruturas formais que remetem para sonatas clássicas. A execução dos dois músicos captura esta tensão produtiva entre liberdade e forma.

Para terminar o álbum, o tema Stepdance de António Victorino D’Almeida encerra em tom de homenagem e com chave de ouro. É um tema com várias dinâmicas, tal e qual como este álbum, onde a fusão entre o clássico e o jazz mais uma vez é nota constante e executado magistralmente por Manuel Teles e Alexandra Tchernakova.

Alinhamento de “Stepdance”:

  1. Horns Please, de Mário Laginha
  2. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: I. Allegro, de Fazil Say
  3. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: II. Andante, de Fazil Say
  4. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: III. Presto, de Fazil Say
  5. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: IV. Ironic, de Fazil Say
  6. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: V. Andantino, quasi lullaby, de Fazil Say
  7. Suite for Alto Saxophone and Piano, Op55: VI. Finale. Presto, de Fazil Say
  8. Harlesden, de Gavin Bryars
  9. Florida to Tokyo, Sonata for Alto Saxophone and Piano, de Chick Corea
  10. Allegrasco, de Gavin Bryars
  11. Stepdance, de António Victorino D’Almeida

Gravação em Bayreuth e produção cuidada

O álbum de Manuel Teles e Alexandra Tchernakova foi captado em fevereiro de 2025 no Steingraeber-Haus, em Bayreuth, Alemanha. A escolha do espaço não foi casual: a acústica da sala e a qualidade dos instrumentos Steingraeber (que apoiaram o projecto) permitiram condições de topo para captação de alta fidelidade. Louis McGuire, engenheiro de som baseado em Berlim, assinou captação, edição e masterização em Dolby Atmos. O resultado técnico serve a música sem se impor sobre ela.

A produção executiva ficou a cargo da própria GB Records, com Anna Tchernakova e Gavin Bryars envolvidos no processo. A distribuição através da Proper Music garante presença física e digital nas plataformas habituais.

Manuel Teles e Alexandra Tchernakova. Crédito Fotografia: Yara Piras
Manuel Teles e Alexandra Tchernakova. Crédito Fotografia: Yara Piras

Informação técnica, álbum “Stepdance” de Manuel Teles e Alexandra Tchernakova

Álbum: Stepdance
Artistas: Manuel Teles (saxofones soprano, alto, tenor) e Alexandra Tchernakova (piano)
Editora: GB Records
Distribuição: Proper Music (física e digital)
Lançamento: 14 de novembro de 2025
Repertório: Mário Laginha, Gavin Bryars, Chick Corea, Fazil Say, António Victorino D’Almeida
Gravação: Steingraeber-Haus, Bayreuth (Alemanha), fevereiro 2025
Engenheiro de som: Louis McGuire (Berlim)
Apoios: Fundação GDA e Steingraeber
Contacto imprensa: 912 247 772

Trajectória de Manuel Teles

Manuel Teles acumula mais de vinte prémios nacionais e internacionais. Formou-se no Conservatório Giuseppe Verdi de Milão com distinção máxima, sob orientação de Mario Marzi, depois de passar pelo Conservatório de Palmela e pela Escola de Música do Metropolitano de Lisboa com João Pedro Silva.

O saxofonista tocou em salas como Teatro alla Scala, Centro Cultural de Belém, Teatro Filarmonico di Verona, Casa da Música, Auditorium Parco della Musica e Gulbenkian. Colaborou com formações como Orchestra Filarmonica della Scala, Divertimento Ensemble e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Trabalhou ao lado de Salvatore Sciarrino, Myung-Whun Chung, Gavin Bryars, Luís Tinoco e António Victorino D’Almeida, entre outros.

O interesse paralelo pelas tradições musicais do sudeste europeu e da Índia levaram Manuel Teles a colaborar com músicos como Hariprasad Chaurasia. Em 2019 Manuel Teles recebeu a Medalha de Prata de Mérito Cultural de Palmela. Com o percussionista Paulo Amendoeira forma o Astrus Duo, tendo lançado em 2022 o álbum Ascolta! com obras de compositores portugueses contemporâneos.

O disco a solo Lisboa-Milano (Stradivarius, 2023) apresentou obras de Salvatore Sciarrino, Luca Francesconi, João Pedro Oliveira, Christopher Bochmann e Vincenzo Parisi. A revista Amadeus descreveu a sua forma de tocar como “tratar o saxofone como um miúdo rebelde” – descrição que o músico abraça sem reservas, e que podemos ouvir ao longo deste registo.

Disco que justifica a atenção

Stepdance não tenta ser revolução nem manifesto. Funciona como diálogo honesto entre dois músicos tecnicamente sólidos e um conjunto de compositores cujas obras merecem ser ouvidas com esta dedicação interpretativa. O disco evita facilidades e vive perfeitamente entre 2 mundos: O rigor e formalidade do clássico, a rebeldia e improvisação do jazz. Não há concessões ao comercial, não há tentativas de agradar a algoritmos, não há medo de pedir concentração ao ouvinte.

A aposta de Manuel Teles e Alexandra Tchernakova passa por construir um repertório que faça sentido enquanto conjunto e narrativa, não enquanto compilação aleatória de peças bonitas. E conseguem. O resultado é um trabalho coeso, bem executado, que beneficia de audições repetidas e que provavelmente vai envelhecer tão bem como um Vinho do Porto reserva. Fica a recomendação para quem procura música que não infantiliza nem facilita, mas que compensa a atenção investida. Não percas!

Site Oficial Manuel Teles: manuelteles.com | Instagram Manuel Teles: @manuel.teles_
Site Oficial Alexandra Tchernakova: alexandratchernakova.com | Instagram Alexandra Tchernakova: @alexandratchernakova

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A cantora portuense Elvira regressa à música com “Segue a tua vida”, single que antecipa “Braço de Ferro”, o seu álbum de estreia previsto para a primavera de 2026. Quatro anos depois da pausa motivada pela maternidade, Elvira volta com uma canção pop direta que fecha portas ao passado sem sentimentalismos desnecessários. Fica o vídeo em baixo para veres!

Canção que dispensa rodeios

A premissa de “Segue a tua vida” é simples: funciona como uma despedida sem dramas. A letra corta ligações com quem ficou pelo caminho: “Sei de cor as tuas manias / Não me apanhas, já me precavi / Poupa-me a conversa, não me interessa”. Elvira canta com a convicção de quem já processou o fim e avançou para outras paragens, transformando o desencanto em balanço pop contagiante.

A produção mantém-se limpa e eficaz. Beato assina arranjos e produção ao lado de Nuno Figueiredo, enquanto João Pedreira trata da mistura. O resultado apoia-se num groove pop contemporâneo que privilegia a clareza melódica e uma sonoridade radio friendly.

O refrão repete a sentença sem ambiguidades: “Segue, segue a tua vida, vá lá / Já perdeste esta corrida, pois já”. Há humor subtil na forma como a artista se desembaraça da situação, comparando o ex-companheiro a “pau que nasce torto” e dispensando-o com um “pega na mochila e faz-te à fila“. A composição, assinada por Elvira, Beato e Nuno Figueiredo, equilibra assertividade, boa disposição e leveza pop sem cair no registo vingativo ou pesado.

Elvira, capa do single "Segue a tua Vida"
Elvira, capa do single “Segue a tua Vida”

Informação técnica “Segue a tua Vida”, de Elvira

Single: “Segue a tua vida”
Álbum: “Braço de Ferro”
Data de lançamento do álbum: Primavera de 2026
Composição: Elvira, Beato, Nuno Figueiredo
Produção e arranjos: Beato
Mistura: João Pedreira
Disponibilidade: Plataformas digitais

“Braço de Ferro”: transformação e recomeço

O título do álbum nasceu de uma das faixas que o compõem e funciona como síntese do percurso recente de Elvira. “Braço de Ferro” traduz o esforço de empurrar contra a resistência do tempo e das circunstâncias, especialmente as que chegaram com a maternidade. Não se trata de vitimização, mas do reconhecimento frontal de que houve luta e que houve vitória.

O disco alterna registos: há momentos de afirmação directa como “Segue a tua vida”, mas também faixas mais introspectivas e melancólicas. Elvira aborda amor, términos, inícios, autopreservação e valorização pessoal através de paisagens pop diversificadas, ora assertivas, ora baladeadas, ora atmosféricas.

A escolha de lançar o álbum depois de tanto tempo afastada dos lançamentos discográficos coloca Elvira numa posição diferente da que ocupava em 2021. Há maturidade ganha nas pausas forçadas, nas transformações pessoais, na mensagem a ser transmitida, na forma como se olha para trás sem arrependimento e para a frente sem ansiedade.

Elvira: Percurso construído entre colaborações

Elvira começou a mostrar-se publicamente em 2017 sob o nome artístico “Via”, quando Miguel Araújo a convidou para abrir os seus concertos. Foi com ele que gravou “Já Não Sei Quem Sou”, o primeiro dueto registado. Um ano depois colaborou com Tiago Nacarato em “Eu Não”, expandindo o leque de parcerias antes de definir o rumo criativo próprio.

A parceria com Beato arrancou em 2019 e mantém-se activa. Foi nessa altura que Elvira decidiu adoptar o próprio nome como identidade artística, marcando a transição para uma sonoridade pop mais próxima das correntes contemporâneas. Em 2020 lançou uma versão de “Sonho Azul”, original de Né Ladeiras, seguida em 2021 pelo inédito “Foi Sem Querer” e “Braço de Ferro” em 2023.

O nascimento das filhas trouxe uma pausa natural. Elvira manteve aparições pontuais em palco e televisão, mas afastou-se da produção discográfica até que decidiu regressar ao estúdio para gravar “Braço de Ferro”.

Elvira
Elvira

Regresso sem pressas

“Segue a tua vida” posiciona Elvira num território pop que privilegia uma mensagem clara e bem disposta. Há confiança na simplicidade do formato canção, na eficácia do refrão directo, na voz que não precisa de acrobacias para comunicar. Depois de quatro anos centrados na maternidade e longe dos lançamentos regulares, Elvira volta com um tema que funciona como apresentação renovada: a mesma pessoa, contextos diferentes, prioridades repensadas.

O álbum “Braço de Ferro” promete desenvolver este território entre o íntimo e o universal que “Segue a tua vida” já esboça. Resta saber como as restantes faixas preencherão o espaço entre a afirmação pop e a vulnerabilidade que a artista anuncia no conjunto da obra. Por agora, há um single que fecha capítulos sem peso nas costas e olha em frente com a leveza de quem já não deve explicações ao passado. Não percas!

Instagram: @elvira.musica | Facebook: /elvira.musica

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António Agostinho e Gonçalo Costa formam a Feira Popular, dupla lisboeta que acaba de lançar o single de estreia “Não Sei Bem”. O tema chegou na sexta passada às plataformas digitais e antecipa o primeiro EP do projeto, previsto para março de 2026. A canção trabalha synth pop e electro nostálgico cantado em português, com produção da própria banda e mistura/masterização de Luís Lucena.

“Não Sei Bem” constrói-se sobre uma base sintética que evoca a produção eletrónica dos anos 80, mas sem cair em pastiche. A Feira Popular usa sintetizadores para criar ambientes que flutuam entre melancolia urbana e movimento, com uma linha melódica que se cola ao ouvido sem truques baratos. Fica o vídeo de “Não Sei Bem” dos Feira Popular em baixo.

Fantasmas de Lisboa em formato canção

A dupla canta sobre Lisboa, mas foge do postal ilustrado. Os temas da Feira Popular centram-se nos fantasmas que habitam a cidade, nas promessas adiadas, no tempo que escapa entre dedos. “Não Sei Bem” capta precisamente essa sensação de deriva, de quem caminha sem destino certo mas continua a andar. Há urgência contida na forma como a batida electrónica empurra a canção, enquanto a melodia vocal sugere hesitação.

Feira Popular, capa do single "Não sei bem"
Feira Popular, capa do single “Não sei bem”

O português surge natural, sem forçar rimas elaboradas ou construções rebuscadas. As letras da Feira Popular procuram a comunicação directa, frases que grudam na memória e pedem repetição. O projeto assume claramente a vontade de criar canções para sing-alongs onde a melodia faz metade do trabalho.

António Agostinho e Gonçalo Costa assinam a produção de “Não Sei Bem”, escolha que confere coerência ao som da Feira Popular. Para a mistura e masterização, a Feira Popular recorreu a Luís Lucena e o vídeo que acompanha o single ficou a cargo de Margaux Dauby, que trouxe a dimensão visual necessária ao imaginário do projeto.

Feira Popular
Feira Popular

Synth pop português sem artifícios

O synth pop português tem conhecido várias vagas nas últimas décadas, algumas mais conseguidas que outras. A Feira Popular chega num momento em que o género voltou a ganhar espaço, com uma aposta em melodias funcionais, arranjos eficazes e letras que comunicam sem rodeios. Devido a vidas passadas e paralelas, fico a pensar que algum layering nos synths poderia ajudar a certos sons ganharem mais corpo e presença, mas no geral “Não Sei Bem” funciona porque não tenta ser mais do que é: uma canção pop eletrónica bem construída, cantada em português, sobre viver numa cidade que já foi outra coisa.

Se a Feira Popular conseguir manter este equilíbrio no EP de março de 2026, teremos um projeto bastante interessante a crescer no panorama nacional. O single já está disponível em todas as plataformas digitais, não percas!

Instagram: @afeirapop

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