O músico lisboeta Peter Strange acaba de lançar “Fim de Vida”, um single que não foge ao confronto direto com a depressão. Lançado a 12 de setembro, o tema chega acompanhado de videoclipe e marca mais um capítulo na carreira de um artista que tem vindo a construir a sua identidade sem medo de expor o lado mais cru da condição humana.
A composição de “Fim de Vida” aconteceu de forma praticamente instantânea. Letra e música surgiram no mesmo dia, como se a urgência do momento não permitisse outro ritmo. Para Peter Strange, conseguir transformar uma experiência tão pesada num objeto artístico representa uma pequena vitória pessoal. Ao dar forma musical a esse estado emocional, o compositor conseguiu criar distância suficiente para falar do tema com uma leveza (ou dureza) que antes não seria possível.
Esta abordagem crua sobre saúde mental distingue-se pela honestidade. Nada de metáforas elaboradas ou rodeios líricos. O single funciona como espelho de altos e baixos emocionais que marcam quem atravessa períodos de depressão, sem romantizar nem dramatizar em excesso. Fica o video de “Fim de Vida” em baixo para poderes ver e ouvir.
Rock Moderno com Influências Transatlânticas
Musicalmente, “Fim de Vida” mantém-se fiel ao território sonoro que Peter Strange tem explorado: rock moderno com raízes fincadas no universo rock e heavy norte-americano e inglês. A construção do tema revela uma atenção cuidada às referências sem cair em mera imitação.
A introdução remete para a grandiosidade dos Muse, estabelecendo de imediato uma atmosfera densa. Ao mesmo tempo, as letras estabelecem desde o início a mensagem a que Peter Strange se propõe – “Toca a acordar guerreiro / Enfrenta mais um dia que há muito que já passou de meio / Abre a janela / A rua é feia com o cinzento que tu metes nela“. O pré-refrão traz a pegada característica dos Queens of the Stone Age, com aquela tensão que antecede a explosão.
Quando o refrão chega, é impossível não pensar nos Foo Fighters e na sua capacidade de transformar angústia em energia pura, ao mesmo tempo que Peter Strange canta “No fim de vida / Já no fim, já no fim“. O clímax chega com um duplo solo de guitarra, coisa rara nos dias que correm (e que bem que fica aqui), bebendo inspiração diretamente de Metallica.

Produção Independente com Qualidade Profissional
O single “Fim de Vida” foi gravado e co-produzido pelo próprio Peter Strange, o que não surpreende quem conhece o seu método de trabalho. No primeiro álbum, “Equilibrium”, já tinha assumido todos os instrumentos. Esta autonomia criativa permite-lhe manter controlo total sobre a visão artística.
Para a captação, co-produção e mistura, contou com Bruno Celta no estúdio Prima Donna Recordings. A masterização ficou a cargo de Rui Dias no Mister Master, garantindo o polimento final necessário para competir em qualidade com produções internacionais.
Trajetória de Crescimento Consistente
Peter Strange não é propriamente um recém-chegado ao panorama musical português. O percurso começou em 2015, quando decidiu formar uma banda para dar vida a composições que guardava há anos. A estratégia passou por concursos de bandas, vários dos quais venceu, abrindo portas para palcos maiores.
Entre os destaques estão apresentações na Festa do Avante e na Semana Académica do Algarve, onde teve oportunidade de abrir para nomes estabelecidos como Linda Martini e April Ivy. Estas experiências permitiram-lhe testar material e perceber como comunicar com públicos diversos.

Da Língua Inglesa ao Português
“Equilibrium”, lançado em 2021, foi o primeiro álbum de originais. Cantado em inglês, explorava territórios de garage-rock e estabeleceu as bases sonoras do projeto. António Côrte-Real, dos UHF, assinou a co-produção, mistura e masterização, emprestando a experiência fundamental para um primeiro registo em força.
O segundo álbum, “Contraste”, chegou em 2024 e trouxe uma mudança significativa: as letras passaram para português. Esta transição permitiu maior proximidade emocional com o público nacional e abriu espaço para abordar temas com a nuance que a língua materna permite.
O ano de lançamento de “Contraste” trouxe também reconhecimento importante: a vitória no Festival de Bandas Zé Pedro. Este prémio representa validação não apenas da qualidade musical mas também da capacidade de tocar públicos e júris com mensagens que recusam facilitismos.
Autenticidade Como Marca Registada
“Fim de Vida” reforça aquilo que tem sido a marca de Peter Strange: autenticidade sem compromissos. Num panorama onde muitos artistas preferem manter as fragilidades escondidas, ele opta pelo caminho oposto. Expor vulnerabilidades não é fraqueza mas coragem, especialmente quando se faz de forma tão direta.
O videoclipe que acompanha o single acrescenta camada visual à narrativa, permitindo que a mensagem chegue através de múltiplos sentidos. A combinação de som e imagem potencia o impacto emocional do tema.
Com influências que vão de Green Day a Foo Fighters, passando pelos Queens of the Stone Age, Peter Strange tem construído identidade própria no rock português. “Fim de Vida” é mais uma peça nesse puzzle, mostrando um artista que não tem medo de olhar para dentro e partilhar o que encontra, por mais desconfortável que seja.
Instagram: @mrpeterstrange | Facebook: @peterstrangeoficial
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