O músico e produtor português Rui Maia acaba de disponibilizar “Desert Island Broadcast”, o mais recente trabalho de Mirror People. Este terceiro álbum marca o encerramento de uma trilogia que começou com “Voyager” em 2015 e teve continuidade em “Heartbeats Etc.”, lançado em 2022. O disco chega às lojas em formato vinil e encontra-se igualmente acessível através das principais plataformas de streaming.
A apresentação do álbum surge acompanhada por “Any Color U Like”, single que se situa algures entre o house e o disco-funk, e que funciona como porta de entrada para este universo sonoro particular. Anteriormente, em maio, os ouvintes já tinham tido contacto com “Million Questions“, primeiro tema revelado deste trabalho. Podes ver o video de “Any Color U Like” em baixo.
“Desert Island Broadcast”: Uma emissão imaginária entre estilos e referências
Mirror People descreve o conceito por detrás deste lançamento como uma transmissão radiofónica vinda de uma ilha deserta. Trata-se de um território sonoro onde diferentes influências musicais convivem sem hierarquias, criando uma paisagem auditiva única. O músico pretendeu construir algo que parecesse simultaneamente reconhecível e surpreendente, como se fosse uma frequência perdida que encontra o ouvinte no momento exato.
“É uma celebração da música como companhia, mesmo em lugares isolados“, adianta Rui Maia.
Esta perspetiva revela a intenção de criar uma obra que funcione como refúgio sonoro, capaz de estabelecer ligações emocionais independentemente do contexto físico onde seja escutada.

Processo criativo estendido e colaborações essenciais
A composição de “Desert Island Broadcast” decorreu ao longo de três anos, entre 2022 e 2025, permitindo um amadurecimento gradual das ideias musicais. O processo envolveu várias figuras com quem Rui Maia mantém ligações artísticas próximas, além de novos contributos que enriqueceram a paleta sonora do disco.
Maria do Rosário, conhecida artisticamente como Rö, surge como presença vocal central, continuando uma parceria que se estende tanto ao contexto de estúdio como às atuações ao vivo. A percussionista japonesa baseada em Lisboa Ryoko Imai acrescenta texturas rítmicas ao projeto, enquanto João Cabrita traz a dimensão melódica do saxofone. As vozes de Ana Vieira e Isa Gomes complementam a estrutura coral de algumas faixas, criando camadas vocais que conferem profundidade às composições.
Esta rede de colaboradores molda a identidade sonora final, contribuindo com sensibilidades distintas que se fundem na visão artística de Rui Maia e Mirror People.
Entre disco, funk e eletrónica contemporânea
Mirror People nasceu como alter ego criativo de Rui Maia, que também integra os X-Wife enquanto teclista. O projeto foi idealizado como plataforma de colaboração com artistas de diferentes áreas, mantendo sempre como eixo central a música de dança. A proposta atravessa géneros como o disco clássico, o funk e vertentes eletrónicas contemporâneas, sem se fixar rigidamente numa única estética.

Esta fluidez estilística permite que o projeto dialogue com públicos variados, mantendo coerência através da qualidade da produção e da atenção aos detalhes. A abordagem de Mirror People combina conhecimento técnico apurado com intuição melódica, resultando em composições que funcionam tanto para audição atenta como para ambientes de pista.
Apresentações ao vivo confirmadas
O álbum será levado aos palcos portugueses através de três datas já confirmadas. A primeira acontece a 11 de outubro no Lustre, em Braga, seguindo-se uma atuação nos Maus Hábitos, no Porto, a 24 de outubro. A derradeira apresentação desta ronda inicial terá lugar no Badassery em Lisboa, a 25 de outubro.
Estas datas permitirão ao público experimentar as composições num contexto diferente do suporte gravado, onde a interação entre músicos e a energia da sala transformam os temas. A formação ao vivo de Mirror People tem conquistado reconhecimento pela capacidade de recriar as nuances dos discos sem perder espontaneidade.

Para finalizar…
Com uma década de atividade enquanto Mirror People, Rui Maia consolidou uma presença relevante no panorama independente português. O projeto conseguiu igualmente captar atenção internacional, beneficiando de uma época onde as fronteiras geográficas oferecem menor resistência à circulação musical.
“Desert Island Broadcast” reafirma as características que têm definido o trabalho: cuidado na produção, melodias envolventes e uma identidade sonora reconhecível que evolui sem perder coerência. Este terceiro álbum encerra um ciclo, mas também sugere que o projeto mantém vitalidade criativa para futuros capítulos.
A escolha de disponibilizar o trabalho em vinil responde à procura crescente por formatos físicos, oferecendo uma experiência de escuta diferente da digital. Para quem prefere o acesso imediato, todas as plataformas de streaming incluem já o disco completo de Mirror People pronto para ser escutado – várias vezes.
Instagram: @mirrorpeople
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