Cinco anos depois dos concertos adiados pela pandemia, Paulinho da Viola está de regresso a Portugal para dois espetáculos muito aguardados. O mestre do samba atua a 29 de outubro no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e a 1 de novembro na Casa da Música, no Porto, com o seu novo espetáculo “Quando o Samba Chama”.
Nesta digressão intimista e celebratória, o músico brasileiro revisita alguns dos seus temas mais marcantes, como “Foi um rio que passou em minha vida”, “Argumento”, “Pecado Capital” ou “Onde a dor não tem razão”, mas também recupera sambas menos habituais no repertório ao vivo, canções que permanecem na memória afetiva do público e que agora voltam a ganhar vida em palco.
Com quase 60 anos de carreira, Paulinho continua a mostrar que o tempo não apaga a força da sua música. O novo espetáculo é um tributo à chama interior que o move: não o fogo impetuoso da juventude, mas uma luz perene, resistente, que continua a brilhar com elegância e ternura.
A poesia e o mar como símbolos de destino
Na obra de Paulinho da Viola, a natureza, sobretudo o mar, ocupa um lugar central. Canções como “Timoneiro”, “Mar Grande”, “Cidade Submersa” ou “Pra jogar no oceano” evocam a água como metáfora para o destino, o amor e a travessia interior. O mar, para Paulinho, não é apenas paisagem — é personagem poético, símbolo de grandeza, mistério e imaginação.

Neste espetáculo, essas imagens ganham novo relevo, entrelaçadas com a ideia de chama, uma metáfora menos explorada, mas fundamental no universo do cantor. Ao contrário do fogo que consome, a chama representa a persistência, o brilho que sobrevive mesmo quando parece invisível. É essa chama que Paulinho partilha com o público, num encontro onde passado, presente e futuro se cruzam através da música.
Um dos grandes nomes vivos da música brasileira
Produtor, cantor, compositor, violonista, cavaquinista e bandolinista, Paulinho da Viola é uma figura incontornável da música brasileira. Baluarte da escola de samba Portela e membro fundador da Velha Guarda, é reconhecido mundialmente pelas suas harmonias refinadas e voz doce, que influenciaram gerações.
Ao longo da carreira gravou 18 álbuns de estúdio, apresentou inúmeros concertos e teve as suas composições interpretadas por nomes como Marisa Monte, Chico Buarque, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, entre muitos outros. O seu percurso foi distinguido com prémios como o Golfinho de Ouro, o Prémio Shell, nove Prémios Sharp e dois Latin Grammy para Melhor Álbum de Samba/Pagode (2008 e 2021).
Com o regresso a Portugal, Paulinho da Viola convida o público a escutar, a partilhar e a sentir como quem se senta à roda de uma fogueira, onde o samba continua a chamar.
Queres ver mais notícias sobre música portuguesa? Carrega aqui! Se estás interessado em concertos ou festivais, dá uma vista de olhos no Calendário de Concertos e Festivais.

