Na véspera do 25 de Abril, os Retimbrar lançam uma nova versão de “Só ouve o brado da terra”, um tema menos conhecido de José Afonso, originalmente incluído no álbum Coro dos Tribunais (1974). Esta homenagem chega como aquecimento para o concerto que o coletivo portuense dará no coração da cidade do Porto, na emblemática Avenida dos Aliados.
Com grafismo e ilustrações de Miguel Ramos e videoarte de João Cruz, a canção é reinventada com respeito e liberdade criativa, mantendo vivo o espírito revolucionário que Zeca Afonso nos legou. A interpretação dos Retimbrar reacende esse “brado da terra” com tambores, palavras e balanços que não dão descanso — nem ao conformismo, nem à apatia.
“Trago na bandeira as cores
Que alegram esta rua
Qual é coisa, qual é ela
Que é tão minha como é tua?
– A Liberdade!”
Retimbrar ao vivo dia 25 de Abril no Porto
No próximo 25 de Abril, a cidade do Porto transforma a Avenida dos Aliados num verdadeiro palco de liberdade, memória e futuro — e os Retimbrar assumem o protagonismo desta celebração. Mais do que um concerto, será um momento de comunhão, onde a música e a mensagem caminham lado a lado. A escolha da canção “Só ouve o brado da terra” para este momento não é inocente: trata-se de um hino escondido que ecoa os tempos de resistência, dando voz ao presente e alimentando a esperança de um futuro mais justo.
Nesta apresentação especial, o coletivo portuense convida três projetos distintos que reforçam a diversidade e a riqueza do espetáculo:
- Mareantes do Rio Douro, um grupo vocal com raízes populares, que resgata o património oral e as canções ligadas ao trabalho e à vida ribeirinha;
- Suspiro, coletivo vocal feminino que explora polifonias tradicionais com arranjos contemporâneos e uma entrega emocional arrebatadora;
- Grupo de Percussão da Escola Cardo-Amarelo, uma formação jovem que alia formação académica a uma abordagem expressiva e energética dos ritmos tradicionais.
Juntos, estes grupos juntam-se aos oito músicos dos Retimbrar para formar uma celebração plural, intergeracional e profundamente enraizada no que de melhor a música portuguesa tem para oferecer. Será um espetáculo marcado por momentos coreografados de grande intensidade, canções com novas roupagens, arranjos pensados especialmente para a ocasião e, claro, muito TugaBeat a pulsar em uníssono com o coração da cidade.
Entre a raiz e o futuro
Oito músicos. Um nome e estilo musical muito próprio: TugaBeat. Os Retimbrar são mais do que uma banda — são um coletivo criativo e interventivo que tem vindo a esculpir uma linguagem musical própria, ancorada nas tradições populares portuguesas, mas com os ouvidos virados para o mundo e os olhos postos no futuro.
Desde o seu primeiro álbum “Voa Pé” (2016), a proposta estética dos Retimbrar tem-se afirmado como um cruzamento vibrante entre a percussão tradicional, a oralidade, a poesia popular e os timbres do presente. Em palco, o grupo mistura bombos, adufes, vozes, cordas e eletrónica com uma energia contagiante, criando verdadeiros rituais de celebração coletiva.
Com o disco “Levantar do Chão” (2022), aclamado pela crítica e público, os Retimbrar reforçaram o seu estatuto como uma das forças mais inovadoras da música de raiz contemporânea. O álbum entrou diretamente para o 3.º lugar da World Music Charts Europe, figurou na Transglobal World Music Chart e recebeu o Prémio aRi[t]mar com a canção “Maçãzinha”. A faixa “Maneio” viria a ser reeditada pela prestigiada editora internacional Putumayo, dando visibilidade global ao projeto.
O grupo tem representado Portugal em eventos como o WOMEX (2021), Expo Dubai, Maré de Agosto, Jazz sous les Pommiers (França), Ulićnih Svjetala (Sérvia), MUMI – Músicas do Minho (Espanha), Folk Alliance International (Canadá), entre muitos outros. A sua atuação no Festival da Canção 2024, em colaboração com Teresa Salgueiro e Marta Pereira da Costa, marcou mais uma etapa na sua crescente notoriedade junto do grande público.
Mas os Retimbrar não se limitam ao palco: são também dinamizadores culturais. Entre 2023 e 2024 lançaram o podcast “Retimbrar Pelos Cotovelos”, em parceria com a Antena 1, e o documentário “Retimbrar de Trás p’ra Frente”, onde revelam o seu processo criativo e a teia de relações que alimenta o coletivo.
A cada nova criação, os Retimbrar reafirmam a sua missão: reinventar o cancioneiro português, sem folclorismos nem saudosismos, mas com uma entrega genuína à emoção, à partilha e ao ritmo do agora. Com o TugaBeat como bandeira, o grupo continua a abrir caminhos, entre a raiz e o futuro — entre o corpo e a palavra.
Próximos concertos
- 6 de junho – Festival Giacometti, Ferreira do Alentejo
- 28 de junho – Mosaico Social, Santa Maria da Feira
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