ClandesTrio apresenta “ContraFolk” com concerto ao vivo no Porto

ClandesTrio. Crédito Fotografia: Jorge Velez

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O ClandesTrio lança oficialmente “ContraFolk”, o álbum de estreia que marca a chegada de três músicos que já provaram estar bem acima da média. A estreia e apresentação acontece hoje, dia 25, no Artway Showcase da ESMAE, no Porto, e representa mais do que um simples lançamento discográfico.

“ContraFolk”: Um disco que dialoga entre tradições

“ContraFolk” não é um título escolhido ao acaso. O álbum reúne quatro obras de diferentes geografias e épocas, mas todas bebem da música tradicional. Bartók com “Contrasts” (1938), Khachaturian com o seu trio de 1932, Paul Schoenfield com o seu trio de 1990. Incluí ainda a recente composição da açoriana Sara Ross pela Casa da Música e estreada mundialmente pelo próprio ClandesTrio.

A ideia central do disco passa por demonstrar como a tradição pode ser ancestral, reinventada ou até imaginada, sem perder relevância. Bartók mergulhou no folclore húngaro e romeno para criar uma linguagem única. Khachaturian trouxe a Arménia para o trio. Schoenfield fundiu klezmer com música de concerto. Sara Ross acrescenta a perspetiva portuguesa contemporânea a este mosaico. Fica o vídeo de apresentação em baixo:

Repertório exigente e diverso

“Contrasts”, de Bartók, continua a ser uma das peças mais desafiantes para esta formação. Escrita originalmente para violino, clarinete e piano, exige virtuosismo técnico mas também sensibilidade para captar as nuances folclóricas que Bartók tão bem soube incorporar. O trio de Khachaturian, menos conhecido do grande público, tem uma intensidade dramática que contrasta com o humor e a vitalidade do trio de Schoenfield.

A aposta na criação portuguesa através de Sara Ross mostra que o ClandesTrio não se limita a reproduzir o cânone. Encomendar e estrear uma obra nova exige coragem e visão, especialmente num mercado que tende a preferir o seguro.

Pré-lançamento na Gulbenkian

O disco teve um primeiro encontro com o público no Festival Jovens Músicos, na Fundação Gulbenkian, a 17 de setembro. A escolha do espaço não foi acidental. A Gulbenkian tem sido palco de apresentação de muitos jovens músicos que mais tarde se afirmam na cena nacional e internacional. O pré-lançamento serviu para testar a recepção do repertório e afinar detalhes antes do evento oficial que acontece hoje no Porto.

Artway Showcase: mais do que uma apresentação

A apresentação decorre hoje (dia 25) no contexto do Artway Showcase, um programa de mentoria da Artway Records que acontece na ESMAE das 09h30 às 19h. O projeto visa apoiar artistas em início de carreira, oferecendo orientação e palco. Para o ClandesTrio, participar neste programa representa uma oportunidade de consolidar o lançamento do disco com visibilidade e contexto profissional.

A ESMAE, enquanto instituição de referência no ensino musical, oferece o ambiente ideal para este tipo de eventos. A junção entre formação académica e apresentação artística reforça a ligação entre ensino e prática profissional, algo essencial para quem está a dar os primeiros passos na carreira.

ClandesTrio, capa do álbum "ContraFolk"
ClandesTrio, capa do álbum “ContraFolk”

ClandesTrio: Três músicos, um percurso sólido

Leonardo Guedes ao violino, Guilherme Duque ao clarinete e Duarte Bento ao piano formam este trio que conquistou o Prémio Jovens Músicos em 2023, na categoria de Música de Câmara. A distinção não foi por acaso. Os três partilham uma formação rigorosa no Conservatório Nacional e na Academia Nacional Superior de Orquestra, antes de rumarem a palcos internacionais. Atualmente, aperfeiçoam o ofício em instituições de renome em Genebra e Bruxelas, o que demonstra a ambição de quem não se contenta com o circuito nacional.

O percurso do ClandesTrio mostra que existe espaço para quem trabalha com seriedade. Não se trata de génios espontâneos, mas de instrumentistas que dedicaram anos a dominar o repertório e a desenvolver uma linguagem própria enquanto ensemble.

O que esperar

“ContraFolk” propõe uma escuta que vai além do académico, mostrando como a tradição pode soar urgente e actual. Os ClandesTrio têm técnica apurada, repertório interessante e têm a vantagem de estarem a absorver influências em escolas europeias de topo.

Para quem aprecia música de câmara com personalidade e quer descobrir novos nomes, este sábado (25/20) na ESMAE pode ser uma boa oportunidade. O evento decorre ao longo do dia, integrando não apenas a performance mas também componentes de mentoria que mostram os bastidores do trabalho de quem está a construir carreira na música.

“ContraFolk” dos ClandesTrio fica disponível a partir de hoje em formato físico (CD) e nas principais plataformas de streaming. A música de câmara portuguesa ganha hoje um novo disco que merece muita atenção!

Instagram: @clandestrio | Artway Online Store: artwayonlinestore.com

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.