A morte de Ozzy Osbourne, aos 76 anos, marca o fim de uma era no rock mundial. O homem que ajudou a criar o heavy metal, que transformou o palco num teatro do absurdo e que se tornou uma lenda tanto pela sua música como pelas suas excentricidades, deixa-nos um legado indelével na cultura popular. Três semanas após o seu último concerto de despedida no Villa Park, em Birmingham, o “Príncipe das Trevas” partiu rodeado pela família, encerrando assim um capítulo fundamental da história do rock.
Os Primeiros Anos: Das Fábricas de Birmingham ao Nascimento de uma Lenda
John Michael Osbourne nasceu a 3 de dezembro de 1948, em Aston, Birmingham, numa Inglaterra ainda a recuperar dos estragos da Segunda Guerra Mundial. Filho de Jack e Lillian Osbourne, ambos operários fabris, cresceu num ambiente de pobreza relativa que viria a influenciar profundamente a sua visão do mundo e, consequentemente, a sua música. A infância de Ozzy Osbourne foi marcada por dificuldades que transcendiam as questões económicas: aos 11 anos, foi repetidamente abusado sexualmente por dois rapazes mais velhos, uma experiência traumática que ele próprio descreveu anos mais tarde como “terrível… parecia nunca acabar” disse ao jornal The Daily Mirror em 2003.
O jovem Osbourne revelou-se um aluno pouco aplicado e acabou por abandonar a escola aos 15 anos, envolvendo-se em pequenos delitos que culminaram numa condenação por assalto à habitação. “Era uma merda nisso. Completamente inútil“, admitiria em 2014 à revista Big Issue, com a franqueza brutal que sempre o caracterizou. Este período conturbado da sua juventude reflectia o ambiente industrial e operário de Birmingham, uma cidade cinzenta onde as chaminés das fábricas dominavam o horizonte e onde os sonhos pareciam tão distantes quanto as estrelas.
Foi precisamente este contexto que alimentou a sede de escape e transformação que levaria à criação dos Black Sabbath. O ambiente industrial de Birmingham, com os seus sons metálicos, o fumo das fábricas e a dureza quotidiana da classe trabalhadora, iria impregnar a sonoridade revolucionária da banda que mudaria para sempre o rock.
O Nascimento dos Black Sabbath: Quando as Trevas Se Tornaram Música
Em 1968, Ozzy Osbourne juntou-se a Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward para formar aquela que inicialmente se chamou Earth. A química entre os quatro músicos era inegável, mas foi a mudança de nome para Black Sabbath (inspirada num filme de horror de Boris Karloff) que sinalizou a direcção sombria e inovadora que a banda iria tomar.

A formação dos Black Sabbath foi, em muitos aspectos, um acidente feliz da história. Tony Iommi, o guitarrista, perdera as pontas de dois dedos da mão direita num acidente industrial quando trabalhava numa fábrica, forçando-o a usar dedos protéticos e a afinar a guitarra mais grave para reduzir a tensão das cordas. Esta contingência física resultaria na criação de um som mais pesado e sombrio do que tudo o que se ouvia na época.
Geezer Butler, o baixista e principal letrista, partilhava com Iommi uma paixão pelos filmes de terror e pelo ocultismo, elementos que se tornariam centrais na identidade da banda. “Queríamos expressar como víamos o mundo na altura“, explicou Butler anos mais tarde. “Não queríamos escrever canções pop felizes. Quisemos dar-lhe essa sensação industrial.“
O álbum de estreia homónimo, lançado a 13 de fevereiro de 1970, foi uma revelação sísmica. A faixa de abertura, também intitulada “Black Sabbath“, começava com o som de trovoada e sinos de igreja, criando uma atmosfera de genuíno terror antes de Iommi introduzir o seu riff assombrado. “What is this that stands before me, Figure in black which points at me“, cantava Ozzy Osbourne com uma voz que parecia emergir das profundezas do inferno. Era o nascimento do heavy metal.
Paranoid: O Álbum que Definiu um Género
Se o primeiro álbum dos Black Sabbath abriu as portas, foi “Paranoid“, lançado em setembro de 1970, que as escancarou de vez. Gravado em apenas três dias, o álbum continha algumas das canções mais icónicas da história do rock: “Iron Man“, “War Pigs” e a faixa-título “Paranoid“.
“War Pigs” era uma denúncia feroz da guerra do Vietname e da classe política que enviava os jovens para morrerem em conflitos que não compreendiam. “Generals gathered in their masses / Just like witches at black masses“, cantava Ozzy Osbourne, numa lírica que Geezer Butler concebeu como resposta às acusações de satanismo que a banda enfrentava. “Estes é que são os verdadeiros satanistas“, diria Butler anos mais tarde, “todas essas pessoas que controlam os bancos e o mundo, tentando que a classe trabalhadora lute por eles nas suas guerras.“
“Iron Man“, por seu turno, tornar-se-ia um dos hinos mais reconhecíveis do rock, com o seu riff martelante e a história de um homem transformado em ferro que volta ao passado para salvar a humanidade, apenas para se tornar no próprio destruidor que tentava evitar. A canção encapsulava perfeitamente a estética dos Black Sabbath: pesada, apocalíptica, mas com uma mensagem profundamente humana.
O sucesso de “Paranoid” foi imediato e duradouro. O álbum alcançou o primeiro lugar nas tabelas britânicas e estabeleceu os Black Sabbath como uma força imparável no rock mundial. Mais importante ainda, definiu os parâmetros do que viria a ser conhecido como heavy metal: guitarras pesadas e afinadas em tonalidades graves, baixo proeminente, bateria poderosa e vocais dramáticos que alternavam entre o sussurro ameaçador e o grito primal.
Master of Reality e a Consolidação de um Som
Em 1971, os Black Sabbath lançaram “Master of Reality“, um álbum que aprofundou ainda mais a sua exploração sonora. Com canções como “Sweet Leaf” (uma ode à marijuana), “Children of the Grave” e “Into the Void“, o álbum mostrava uma banda em total comando das suas capacidades criativas.
“Master of Reality” é frequentemente citado como precursor do doom metal, um subgénero ainda mais lento e pesado que emergiria décadas mais tarde. O som cacofónico e psicadélico do álbum influenciaria gerações de músicos, desde os Kyuss aos Sleep, passando pelos Electric Wizard.
Durante este período dourado, Ozzy Osbourne consolidou-se como um frontman único. A sua presença cénica era simultaneamente aterrorizante e cativante, capaz de hipnotizar multidões com a sua energia frenética e os seus movimentos quase xamânicos. Era já evidente que Ozzy não era apenas um cantor, mas um performer nato, capaz de transformar qualquer palco num teatro do macabro.
Os Anos de Decadência e a Saída dos Black Sabbath
O sucesso dos Black Sabbath teve um preço. As turnês constantes, a pressão da fama e, sobretudo, o abuso crescente de álcool e drogas começaram a corroer as relações dentro da banda. Ozzy Osbourne, em particular, mergulhou numa espiral descendente de dependência que afectou não apenas a sua performance, mas também a sua capacidade de manter relações interpessoais saudáveis.
Os álbumes subsequentes – “Vol. 4” (1972), “Sabbath Bloody Sabbath” (1973), “Sabotage” (1975), “Technical Ecstasy” (1976) e “Never Say Die!” (1978) – embora contendo momentos brilhantes, reflectiam uma banda em crescente disfunção. As sessões de gravação tornaram-se exercícios de sobrevivência, com os membros frequentemente incapazes de estar na mesma sala devido às suas diferenças e aos seus problemas com substâncias.

Em 1979, após anos de tensões crescentes, Ozzy Osbourne foi despedido dos Black Sabbath. A decisão, embora dolorosa, foi vista pelos restantes membros como necessária para a sobrevivência da banda. Ronnie James Dio, antigo vocalista dos Rainbow, foi contratado como substituto, iniciando uma nova era dos Black Sabbath que, embora respeitável, nunca alcançaria o impacto sísmico dos primeiros anos.
A Carreira a Solo: O Renascimento do Príncipe das Trevas
A saída dos Black Sabbath poderia ter significado o fim da carreira de Ozzy Osbourne, mas acabou por ser o catalisador para uma reinvenção espetacular. Em 1980, lançou “Blizzard of Ozz“, o seu álbum de estreia a solo, que se revelou um triunfo artístico e comercial.
O álbum, que incluía clássicos como “Crazy Train” e “Mr. Crowley“, beneficiou enormemente da colaboração com Randy Rhoads, um guitarrista prodígio que trouxe uma dimensão técnica e melódica que complementava perfeitamente a voz dramática de Ozzy Osbourne. Rhoads, classicamente treinado mas apaixonado pelo rock, criou solos que eram simultaneamente virtuosísticos e emocionalmente ressonantes.
“Crazy Train“, em particular, tornou-se um hino geracional. A sua introdução de guitarra imediatamente reconhecível e o refrão cativante fizeram dela uma das canções mais tocadas nas rádios rock de todo o mundo. A letra, que falava de um mundo enlouquecido e fora de controlo, ecoava as ansiedades de uma era marcada pela Guerra Fria e pela incerteza económica.
O sucesso de “Blizzard of Ozz” foi seguido por “Diary of a Madman” (1981), outro álbum aclamado que solidificou a reputação de Ozzy como artista a solo. Tragicamente, Randy Rhoads morreu num acidente de avião em 1982, privando Ozzy Osbourne do seu parceiro criativo mais importante e mergulhando-o numa depressão profunda.
O Showman do Absurdo: Lendas e Controvérsias
Paralelamente ao sucesso musical, Ozzy Osbourne construiu uma reputação como o mais excêntrico e imprevisível performer do rock. As suas excentricidades tornaram-se lendárias, alimentando um mito que oscilava entre o cómico e o genuinamente perturbador.
O incidente mais famoso ocorreu em 1982, durante um concerto em Des Moines, Iowa. Ozzy Osbourne, acreditando que um morcego atirado ao palco por um fã era um adereço de borracha, mordeu-lhe a cabeça. Apenas quando o sangue começou a escorrer é que percebeu o seu erro, tendo de se dirigir imediatamente ao hospital para receber uma injecção preventiva contra a raiva.

Ainda mais bizarro foi o incidente ocorrido numa reunião com executivos de uma editora discográfica em 1981. Ozzy Osbourne, que pretendia libertar duas pombas como símbolo de paz, acabou por morder as cabeças de ambas as aves numa demonstração que deixou os presentes simultaneamente horrorizados e fascinados.
Estas histórias, embora extremas, faziam parte de uma persona cuidadosamente cultivada que posicionava Ozzy Osbourne como o “bad boy” definitivo do rock. Era uma imagem que funcionava comercialmente mas que também reflectia genuínos problemas de comportamento exacerbados pelo abuso de substâncias.
A Vida Pessoal: Amor, Violência e Redenção
A vida pessoal de Ozzy Osbourne foi tão tumultuosa quanto a sua carreira musical. O seu primeiro casamento, com Thelma Riley, deteriorou-se devido ao seu alcoolismo crescente. Ozzy admitiu mais tarde que não se lembrava do nascimento dos seus dois filhos deste relacionamento, Jessica e Louis, tal era o seu estado de intoxicação constante.
Em 1982, casou com Sharon Arden, filha do empresário musical Don Arden, que se tornara sua empresária três anos antes. Sharon revelou-se fundamental tanto na recuperação pessoal de Ozzy Osbourne quanto no sucesso da sua carreira. A sua perspicácia empresarial e a sua capacidade de gerir a imagem pública de Ozzy transformaram-no numa marca global.

Contudo, nem esta relação estava isenta de drama. Em 1989, Ozzy Osbourne foi preso por tentativa de homicídio após tentar estrangular Sharon durante uma bebedeira. “Acordei numa cela pequena com merda humana pelas paredes“, recordou anos mais tarde, “e pensei: ‘Que merda é que eu fiz agora?‘” O incidente poderia ter destruído o casamento, mas Sharon optou por perdoar, reconhecendo que o marido estava numa batalha desesperada contra os seus demónios internos.
O casal teve três filhos juntos: Aimee, Kelly e Jack. As duas gerações mais novas tornar-se-iam figuras públicas por direito próprio, especialmente através do reality show “The Osbournes“, que transformou a família numa instituição mediática entre 2002 e 2005.
The Osbournes: A Família Real do Rock na Televisão
“The Osbournes” foi um fenómeno cultural que redefiniu a percepção pública de Ozzy Osbourne. O programa, que seguia a vida quotidiana da família, mostrava um lado inesperadamente humano e cómico do “Príncipe das Trevas“. Em vez do performer aterrorizante dos palcos, os telespectadores conheceram um pai atrapalhado, constantemente confundido pela tecnologia moderna e pelas peculiaridades da vida familiar.
O show tornou-se um sucesso imediato, atraindo milhões de telespectadores semanalmente e tornando-se o segundo programa de realidade a ganhar um Emmy. A popularidade do programa introduziu Ozzy Osbourne a uma nova geração de fãs que o conheciam mais como personalidade televisiva do que como pioneiro do heavy metal.

Sharon emergia como a verdadeira estrela do programa, revelando-se uma matriarca feroz e pragmática que mantinha a família unida através da sua determinação e senso de humor. Kelly e Jack, então adolescentes, proporcionavam momentos tanto hilariantes quanto tocantes, mostrando as dificuldades de crescer numa família simultaneamente disfuncional e profundamente amorosa.
Ozzfest: O Festival que Celebrou o Metal
Uma das maiores contribuições de Ozzy e Sharon Osbourne para a música foi a criação do Ozzfest em 1996. O festival, idealizado por Sharon, tornou-se uma plataforma crucial para bandas de metal estabelecidas e emergentes, percorrendo os Estados Unidos durante a maior parte dos anos e expandindo-se ocasionalmente para o Reino Unido e Japão.
O Ozzfest não foi apenas um evento musical, mas uma celebração cultural do metal em todas as suas formas. Bandas como Metallica, Slayer, Tool, System of a Down, Marilyn Manson e inúmeras outras utilizaram o festival como vitrine para alcançar novos públicos. Para muitos fãs, o Ozzfest tornou-se numa peregrinação anual, um local onde podiam celebrar a sua paixão pela música pesada em companhia de milhares de almas gémeas.
O sucesso comercial do festival foi igualmente impressionante, gerando milhões de dólares em receitas e consolidando a posição de Ozzy e Sharon como figuras de poder na indústria musical. Mais importante, o Ozzfest ajudou a manter o metal relevante numa época em que outros géneros dominavam as rádios comerciais.
As Lutas contra a Doença e o Declínio Físico
Os anos 2000 trouxeram novos desafios para Ozzy Osbourne, desta vez de natureza física. Em 2003, sofreu um grave acidente de quad bike na sua propriedade em Buckinghamshire, partindo o pescoço, a clavícula e várias costelas. Sharon revelou mais tarde que ele parou de respirar durante um minuto e meio e que os médicos lhe disseram que esteve muito próximo da paralisia.
Em 2005, foi-lhe diagnosticado síndrome de Parkin, uma condição que causa tremores corporais. O diagnóstico marcou o início de uma longa batalha contra o declínio físico que se intensificaria nas décadas seguintes.
Em 2019, Ozzy Osbourne embarcou naquela que anunciou como a sua última digressão mundial, intitulada “No More Tours 2” (uma referência à sua primeira tentativa de reforma em 1992, da qual voltou atrás). Contudo, problemas de saúde forçaram-no a adiar as datas europeias em 2020.
Em 2020, anunciou publicamente que sofria de Parkinson, uma revelação que explicava muitos dos problemas de mobilidade que se tinham tornado evidentes nos seus últimos anos. Em 2022, submeteu-se a uma cirurgia à espinha para tratar lesões exacerbadas por uma queda em 2019 que agravou os ferimentos do acidente de 2003.
O Último Concerto: Back to the Beginning
O concerto “Back to the Beginning“, realizado a 5 de julho de 2025 no Villa Park em Birmingham, foi concebido como uma celebração final da carreira de Ozzy Osbourne e uma despedida dos palcos. Organizado por Tom Morello dos Rage Against the Machine e descrito por este como “o melhor concerto de heavy metal de sempre“, o evento reuniu algumas das maiores figuras do metal numa homenagem ao homem que ajudara a criar o género.

Ozzy Osbourne, fisicamente debilitado pela progressão do Parkinson, apresentou-se sentado num trono ornamentado com morcegos. A sua voz, embora enfraquecida pelos anos e pela doença, ainda conseguia canalizar a intensidade e o drama que o tornaram famoso. “Estive seis anos de cama, e vocês não fazem ideia de como me sinto“, disse à multidão de 45.000 pessoas, referindo-se aos seus problemas de saúde.
O concerto incluiu um set solo de cinco canções seguido de uma reunião histórica com os membros originais dos Black Sabbath – Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward – para um set de quatro canções. Foi a primeira vez desde 2005 que a formação original partilhou um palco.
O momento mais emotivo ocorreu quando Ozzy Osbourne tentou cantar “Mama, I’m Coming Home”. As lágrimas nos olhos de milhares de fãs reflectiam a percepção colectiva de que estavam a testemunhar o fim de uma era. “Eu sou o Homem de Ferro: enlouqueçam!“, gritou Ozzy numa das suas últimas declarações públicas, ecoando a canção que o tornara imortal.
O Legado: Mais do que Música
A morte de Ozzy Osbourne marca não apenas o fim de uma vida, mas o encerramento de um capítulo fundamental na história da cultura popular e da música dita “pesada”. O seu impacto transcende largamente a música, estendendo-se à moda, à atitude, à percepção do que significa ser rebelde numa sociedade conformista.
Musicalmente, a influência de Ozzy Osbourne e dos Black Sabbath é incalculável. Praticamente todas as bandas de metal que emergiram desde 1970 devem algo ao som que eles criaram. Desde os gigantes como Metallica e Iron Maiden até às bandas contemporâneas de doom, sludge e stoner metal, todos podem traçar as suas raízes até aos primeiros álbuns dos Black Sabbath.

Mas o legado de Ozzy Osbourne vai além das influências musicais directas. Ele redefiniu o que significava ser um performer de rock, transformando o palco num espaço de catarse colectiva onde os medos mais profundos da sociedade podiam ser confrontados e exorcizados. Os seus shows não eram apenas concertos, mas rituais, experiências transformadoras que deixavam tanto os artistas quanto o público permanentemente alterados.
A sua capacidade de reinvenção também se tornou num modelo para outros artistas. Da sua saída traumática dos Black Sabbath ao sucesso da carreira a solo, do quase-fracasso pessoal à redenção televisiva, Ozzy Osbourne provou repetidamente que era possível sobreviver aos golpes mais duros e emergir mais forte.
Talvez mais importante, Ozzy humanizou a figura do “rock star”. Através de “The Osbournes“, milhões de pessoas viram que por detrás da persona aterrorizante estava um homem comum, com inseguranças, dificuldades familiares e uma necessidade desesperada de ser amado. Esta vulnerabilidade não diminuiu o seu estatuto; antes o aumentou, tornando-o numa figura com quem as pessoas se podiam identificar.
Adeus ao Príncipe das Trevas
Ozzy Osbourne morreu, mas o “Príncipe das Trevas” é imortal. Enquanto existirem guitarras eléctricas e amplificadores, enquanto existirem jovens irritados que procuram uma forma de canalizar a sua raiva e frustração, enquanto existir a necessidade humana de confrontar os aspectos mais sombrios da existência através da arte, Ozzy Osbourne permanecerá relevante.

A sua música continuará a inspirar novas gerações de músicos. Os seus shows permanecerão como estudos de caso sobre o poder transformador da performance ao vivo. As suas excentricidades continuarão a ser contadas e recontadas, tornando-se cada vez mais mitológicas com o passar do tempo.
Mais do que isso, Ozzy Osbourne representou uma verdade fundamental sobre a condição humana: que é possível transformar a dor em arte, a loucura em génio, o caos em algo belo. Ele mostrou que não é necessário ser perfeito para ser amado, que as nossas falhas e fraquezas podem tornar-se nas nossas maiores forças.
John Michael Osbourne, o rapaz operário de Birmingham que mordia cabeças de morcegos e criou o heavy metal, está morto. Mas Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas, o Padrinho do Metal, o homem que ensinou ao mundo que o rock and roll pode ser simultaneamente aterrorizante e libertador, viverá para sempre.
Nas palavras de Elton John, seu amigo de longa data: “Era um amigo querido e um pioneiro enorme que garantiu o seu lugar no panteão dos deuses do rock – uma verdadeira lenda. Era também uma das pessoas mais engraçadas que já conheci. Vou sentir muito a sua falta.“
A música perdeu um dos seus maiores inovadores, mas ganhou um mito eterno. E talvez seja assim que Ozzy Osbourne gostaria de ser lembrado: não como o homem frágil que deixou este mundo, mas como a força da natureza que o transformou para sempre.
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