Os açorianos Kakerlakk apresentaram a 18 de outubro o segundo álbum de estúdio. “The Sound of Grief” chega dois anos depois de “Overdue” e marca uma fase de consolidação para o projeto liderado por Carlos Matos, agora com uma formação estável e produção assinada por Stepan Kobyakin.
“Every Time I Die” abre caminho ao álbum
O primeiro single de “The Sound of Grief” saiu a 9 de dezembro de 2024. “Every Time I Die” define o tom confessional que atravessa o disco, com letras que exploram fragilidade e aceitação. A sonoridade hard-rock / grunge está bem presente nete tema, que aliás caracteriza o álbum todo.
“Every Time I Die” funcionou como cartão de visita para um álbum que não procura conforto fácil. As guitarras de Carlos Matos e António Couto criam camadas que ora se complementam, ora se confrontam, enquanto os teclados de Stepan Kobyakin adicionam profundidade sem nunca se tornarem decorativos. O tema “Every Time I Die” dos Kakerlakk fica em baixo para ouvirem.
Som entre melancolia e densidade
“The Sound of Grief” trabalha território emocional pesado, mas fá-lo sem recorrer a dramatismos. As composições movem-se entre andamentos médios e momentos mais contidos, construindo tensão através de dinâmicas controladas que navegam sonoridades hard-rock / grunge com toques contemporâneos. A bateria de João Bettencourt e o baixo de André Gouveia mantêm estruturas firmes que permitem às guitarras explorarem riffs e texturas variadas.

A produção final revela cuidado em preservar a identidade dos Kakerlakk enquanto banda de rock com raízes nos Açores, mas sem limitações geográficas no som, conferindo-lhe uma sonoridade bastante moderna e bem produzida. “The Sound of Grief” posiciona-se como trabalho maduro de uma formação que demorou tempo a encontrar estabilidade, mas que agora mostra ter argumentos para continuar.
Zeca Medeiros na faixa-título
“The Sound of Grief”, que dá nome ao álbum, conta com participação especial de Zeca Medeiros. O músico açoriano empresta a sua voz grave e rouca a uma das faixas centrais do disco.
A colaboração surge de forma orgânica dentro do alinhamento, integrando-se na narrativa que Carlos Matos constrói ao longo das canções. Os temas de perda e identidade que atravessam o disco ganham outra dimensão quando partilhados entre vozes diferentes, criando diálogos que ampliam o alcance emocional das letras.
Alinhamento de “The Sound of Grief” dos Kakerlakk
- The World Within
- Fast Family
- Every Time I Die
- Carrie
- The Sound of Grief
- Eternal Dance
- Waking up Dead
- Unsolicited
- In Memoriam
- Homeward
Kakerlakk: Formação atual aposta na continuidade
A versão dos Kakerlakk que assina “The Sound of Grief” reúne Carlos Matos na voz e guitarra, André Gouveia no baixo, António Couto na guitarra, João Bettencourt na bateria e Stepan Kobyakin nos teclados. Este último, conhecido pelo trabalho com In Peccatvm, assume também a produção do disco nos StepKeys Studio, em São Miguel.

Vinte e cinco anos entre pausas e regressos
A história dos Kakerlakk começou em 2000, quando Carlos Matos arrancou com o projeto em formato solo. Três anos depois, uma demo enviada à RDP-Açores resultou numa sessão ao vivo nos estúdios da estação, em Ponta Delgada. André Gouveia, Alfredo Gago da Câmara, Alberto Gago da Câmara e João Fraga formavam então a banda que gravou essa primeira sessão.
O que parecia ser o início de um percurso acabou suspenso. Em 2011, Carlos Matos tentou reativar os Kakerlakk ao lado de André Gouveia e do guitarrista António Couto, mas a morte da mãe do vocalista travou qualquer avanço. O projeto ficou parado durante mais de uma década, até que em 2023 voltou a ganhar forma com uma nova configuração.
Presença televisiva consolida nome
Antes do lançamento de “The Sound of Grief”, os Kakerlakk marcaram presença em dois especiais da RTP-Açores. Em dezembro de 2023, tocaram “Another Fool” e “No Show” no programa de Natal da estação. Um ano depois, voltaram ao Natal dos Hospitais com “Who Needs Love Anyway” e “Jekyll or Hyde”. Fica o registo de “Jekyll or Hide” em baixo.
Estas aparições ajudaram a manter o nome da banda ativo junto do público açoriano, preparando terreno para a receção do novo trabalho. A exposição televisiva, rara para bandas da região, funcionou como plataforma para mostrar a evolução sonora que viria a concretizar-se no segundo álbum.
Kakerlakk encontram lugar próprio
“The Sound of Grief” representa mais do que um segundo álbum para os Kakerlakk. Depois de décadas marcadas por interrupções e recomeços, a banda açoriana mostra agora uma coesão que faltava nas tentativas anteriores. A formação estabilizou, o som ganhou definição e Carlos Matos parece ter encontrado nos companheiros atuais o equilíbrio necessário para transformar visão em realidade concreta.
Para já, os Kakerlakk editaram um disco que justifica a espera e parecem ter finalmente encontrado a estabilidade necessária para a continuação. O caminho entre 2000 e 2025 foi longo, mas “The Sound of Grief” sugere que valeu a persistência e deixa água na boca para futuros lançamentos por parte da banda. Não percas!
Instagram: @kakerlakkmusic | Facebook: @Kakerlakk
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