Festival Primavera Sound Porto 2026: Cartaz, Preços e Datas

Festival Primavera Sound Porto 2026

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Tempo de leitura: 14 minutos

O cartaz do Festival Primavera Sound Porto 2026 já foi revelado. A organização divulgou esta terça-feira os nomes completos para a edição que vai decorrer entre 11 e 14 de junho no Parque da Cidade, e há motivos para entusiasmo: Massive Attack, Gorillaz e The XX encabeçam uma programação que se anuncia como uma das melhores dos últimos tempos.

Os passes gerais custam 180 euros, e a modalidade VIP mantém-se nos 275 euros, os mesmos valores de 2025. Mas não é só o preço que fica igual: o formato de quatro dias testado com sucesso em 2025 repete-se na próxima edição do Festival Primavera Sound Porto 2026.

Há três nomes que saltam à vista. Os Massive Attack vão finalmente pisar o palco do Primavera Sound depois do cancelamento de 2022 (problemas de saúde de um membro da banda obrigaram ao adiamento). Os The XX não actuam no festival Primavera Sound há 14 anos: a última vez foi em Barcelona, em 2012, numa actuação que Oliver Sim descreveu como “a melhor experiência de sempre num festival“. E os Gorillaz regressam ao Porto com novo álbum debaixo do braço, quatro anos depois da última passagem por cá.

Festival Primavera Sound Porto 2026: Cartaz robusto mistura gerações e estilos

Para lá dos três nomes em destaque, o Festival Primavera Sound Porto 2026 traz uma lista impressionante de artistas. Peggy Gou, que chegou ao top 10 dos melhores DJs do mundo este ano, lidera a programação eletrónica do último dia. A sul-coreana é fenómeno global desde que “(It Goes Like) Nanana” se tornou viral. Fica o teaser/apresentação do Festival Primavera Sound Porto 2026 em baixo.

Big Thief mantêm-se no topo do indie americano. O duplo álbum de 2022 continua a confirmar o estatuto da banda liderada por Adrianne Lenker, que lançou trabalho a solo aclamado em março de 2024. IDLES garantem a dose de energia pura que o post-punk britânico sabe entregar, enquanto Slowdive trazem as texturas etéreas do shoegaze que ajudaram a definir nos anos 90.

Ethel Cain merece atenção especial. A cantora tornou-se a primeira artista transgénero a atingir o top 10 da Billboard 200 quando o vinil de “Preacher’s Daughter” saiu em abril passado. O segundo álbum chegou este ano e consolida uma carreira em ascensão meteórica.

Black Country, New Road apresentam-se numa versão completamente renovada. Depois da saída do vocalista Isaac Wood em 2022, a banda reinventou-se com três vozes femininas à frente. O álbum “Forever Howlong“, lançado em abril de 2025, mostra que a mudança resultou.

Outros nomes confirmados incluem Oklou, Dijon, Amaarae, JADE, fakemink, Bad Gyal, Texas Is The Reason (pioneiros do midwest emo), Melt-Banana, Panda Bear, Joey Valence & Brae, Water From Your Eyes, Smerz, Model/Actriz, Yard Act, Agriculture, Baxter Dury, Viagra Boys, Annahstasia, Mark William Lewis, Ninajirachi e Sudan Archives.

Festival Primavera Sound Porto 2026: Último dia transforma parque em pista de dança gigante

O domingo, 14 de junho, segue a tradição estabelecida em 2025: música eletrónica do início ao fim. Peggy Gou lidera uma programação que transforma o Parque da Cidade numa espécie de clube ao ar livre gigante. A sul-coreana, que esteve no top 10 mundial dos DJs este ano, traz o set que tem enchido festivais por toda a Europa.

Dixon, alemão residente em Berlim e uma das figuras centrais da Innervisions, garante as sonoridades techno mais profundas. Xinobi apresenta-se em formato DJ set e SuM fecha o cartaz eletrónico.

Este formato do último dia divide opiniões. Há quem adore a mudança de registo e a oportunidade de dançar sem parar durante horas. Outros sentem falta da diversidade dos primeiros três dias. A organização do Festival Primavera Sound Porto 2026 aposta claramente no primeiro grupo: o Sunday eletrónico veio para ficar.

Representação portuguesa forte no Festival Primavera Sound Porto 2026

A música portuguesa tem peso considerável no cartaz do Festival Primavera Sound Porto 2026. Gisela João leva o fado contemporâneo a Barcelona e ao Porto em 2026. O álbum de estreia de 2013 chegou ao número um em duas semanas e mudou a forma como se olha para o género. Miguel Esteves Cardoso não teve dúvidas: se Amália foi a grande fadista do século XX, Gisela João é a do XXI.

Capicua representa o rap português no seu melhor. Ana Matos Fernandes, portuense de 1982, é socióloga com doutoramento por Barcelona e as letras mostram essa formação. “Madrepérola” ganhou o Prémio José Afonso em 2021. Feminista e activista, Capicua constrói canções onde as mulheres são protagonistas das suas histórias, não personagens secundárias definidas pelo olhar masculino.

MXGPU juntam Moullinex e GPU Panic numa dupla que está a conquistar palcos europeus. O álbum de estreia “Sudden Light” saiu em setembro de 2025, meses antes do festival. As performances em 360° já têm apoio de nomes como RÜFÜS DU SOL e Keinemusik.

Entre os artistas portugueses contam-se ainda Napa, Paus, Emmy Curl, Inês Marques Lucas, Rita Vian, Vaiapraia e Duquesa. O último dia dedica-se à eletrónica, com a representação portuguesa a ficar a cargo de Xinobi em formato DJ set.

Colaboração lusófona une Brasil, Cabo Verde e Portugal

Um dos momentos mais aguardados do Festival Primavera Sound Porto 2026 será a actuação conjunta de Criolo, Amaro Freitas e Dino D’Santiago. Criolo é uma das maiores figuras da cultura urbana brasileira. Amaro Freitas, pianista de Recife, revolucionou o jazz contemporâneo. Dino D’Santiago, luso-cabo-verdiano nascido no Algarve, navega entre música africana e pop urbano.

O single “Esperança” saiu em maio de 2024 e foi nomeado para Grammy Latino na categoria de Melhor Canção em Língua Portuguesa. O álbum completo do trio está previsto para o final de 2025, o que torna esta actuação no Festival Primavera Sound Porto 2026 particularmente interessante.

Primavera Sound: De cave barcelonense a gigante europeu

A história começa em 1994 numa cave em Barcelona. Pablo Soler organizava concertos de bandas indie e noise na Sala KGB. Sete anos depois, em abril de 2001, o primeiro Primavera Sound propriamente dito aconteceu no Poble Espanyol. Entre 7.700 e 8.000 pessoas assistiram a 19 actuações.

O que distinguia o festival era a localização urbana. Enquanto outros festivais europeus apostavam em campos afastados com campismo, o Primavera Sound ficava na cidade. A mudança para o Parc del Fòrum em 2005 multiplicou a capacidade por sete.

O salto definitivo chegou em 2009 com Neil Young. Foi a contratação mais cara até então e estabeleceu o festival como referência europeia. Um ano depois ultrapassou os 100 mil espectadores pela primeira vez. Em 2019 fez história ao tornar-se o primeiro grande festival mundial com paridade de género nos cartazes.

A edição do Primavera Sound 2022 em Barcelona, compensou dois anos de cancelamentos pela pandemia, juntou 460.500 pessoas ao longo de duas semanas. Gerou 349 milhões de euros para a economia local e tornou-se no quarto festival mais frequentado do mundo nesse ano. Em 2024, o Primavera Sound Barcelona atraiu 268 mil espectadores de 134 países.

Porto estreia em 2012 com formato “boutique”

Alberto Guijarro, diretor do festival, quis algo diferente para Portugal. “O que fazemos em Portugal é uma Primavera boutique, mais cuidada, mais pequena e com personalidade própria“, explicou. A primeira edição decorreu entre 8 e 10 de junho de 2012 com Jeff Mangum, Death Cab For Cutie, Spiritualized, The Afghan Whigs e The XX.

O crescimento foi consistente. Em 2013, mais de 75 mil pessoas. Em 2015, com a NOS como patrocinadora, chegou aos 90 mil e estreou o palco “Porto Calling” dedicado a artistas nacionais. Brian Wilson interpretou “Pet Sounds” na íntegra em 2016. Nick Cave, Lorde, Solange, J Balvin foram passando pelos anos seguintes.

Depois do hiato forçado de 2020-2021, o festival voltou em 2022 com Tame Impala, Nick Cave, Beck e Gorillaz para cerca de 100 mil visitantes. A edição de 2023 celebrou uma década com Blur, New Order, Kendrick Lamar e Rosalía. Em 2025, pela primeira vez, o festival expandiu para quatro dias (12-15 de junho), formato que se repete em 2026.

Cartaz Festival Primavera Sound Porto 2026
Cartaz Festival Primavera Sound Porto 2026

Parque da Cidade: 83 hectares entre a Boavista e o Atlântico

O local faz diferença. O Parque da Cidade do Porto é o maior parque urbano português, com 83 hectares que se estendem da Avenida da Boavista até ao oceano. Inaugurado em fases entre 1993 e 2002, projectado por Sidónio Pardal, foi escolhido em 2000 como uma das 100 obras públicas mais notáveis do século XX em Portugal.

As encostas relvadas formam anfiteatro natural. A visibilidade é excelente sem necessidade de chegar horas antes. Mais de 74 espécies de árvores criam ambiente único. O pôr-do-sol sobre o Atlântico serve de cenário. O parque tem 10-11 km de caminhos onde se distribuem os quatro palcos principais: Porto, Super Bock, Vodafone e Plenitude.

Diariamente, entre 40 mil e 45 mil pessoas enchem o parque durante o festival. O palco Super Bock, sob os carvalhos, oferece atmosfera mais intimista. A localização urbana permite acesso facilitado via Metro (Linha A até Parque Real) e autocarros dedicados, embora as saídas após grandes cabeças de cartaz continuem a criar congestionamentos.

57 milhões de euros injectados na economia portuense

Os números económicos impressionam, de acordo com estudos de impacto divulgados ao longo dos anos. A edição do festival Primavera Sound de 2022 gerou 36,1 milhões de euros. Em 2023, com 140 mil visitantes (recorde de público até então), esse valor subiu para 48,5 milhões. A edição do Primavera Sound 2024 desceu ligeiramente para 43,4 milhões devido a cancelamentos técnicos e mau tempo. Mas o festival Primavera Sound Porto 2025 estabeleceu novo máximo: 57 milhões de euros de impacto económico para cerca de 110 mil visitantes.

Análises do comportamento dos festivaleiros mostram que gastaram em média 408,39 euros por dia na cidade em 2025, excluindo o bilhete do festival. Ficam em média quatro noites. As principais despesas concentram-se em alojamento (117-127 euros/dia), restauração (51,53 euros), cultura e lazer (39,64 euros) e transportes.

Cerca de 30% dos festivaleiros em 2023 (14,1% em 2024) vinham do estrangeiro, maioritariamente de Espanha, Inglaterra, Brasil, França e Alemanha. Em junho de 2017, a região do Grande Porto alcançou 90% de ocupação hoteleira, a taxa mais elevada alguma vez registada até então.

Mais relevante ainda: 91,8% dos visitantes não-locais em 2024 vieram ao Porto especificamente para o festival. Durante a estadia, 43% visitaram o Centro Histórico, 24,2% participaram em experiências gastronómicas e enológicas, 23,3% visitaram monumentos e museus. Com orçamento estimado de 13 milhões de euros por edição, o festival gera multiplicador económico de aproximadamente 4,4 vezes.

Tensões entre crescimento e identidade

A expansão de 30 mil para 40-45 mil pessoas por dia no festival levanta questões. A edição do Primavera Sound em 2024 sofreu problemas técnicos: os Justice cancelaram porque o palco Vodafone não suportava a montagem. O mau tempo afectou comparências. Os transportes colapsaram após actuações principais.

Alguns perguntam-se se o carácter “boutique” original não está a diluir-se. O risco é atrair audiências focadas num único cabeça de cartaz em vez do cartaz diversificado que sempre definiu o Primavera Sound. A idade média ronda os 30 anos, 75% têm ensino superior, mas a escala crescente muda a experiência.

Ainda assim, o festival mantém compromissos. Desde 2017 persegue paridade de género nos cartazes (40% masculino, 40% feminino, 20% misto/não-binário). A edição de 2019 eliminou plásticos. Em 2025, 90% da energia dos palcos era renovável e 85% dos resíduos foram desviados de aterros. O festival recebeu certificação AGF Platinum pela sustentabilidade.

Informação prática do Festival Primavera Sound Porto 2026

  • Datas: 11 a 14 de junho de 2026
  • Local: Parque da Cidade do Porto

  • Horário: Portões abrem às 15h30 | Música até às 4h-6h
  • Bilhetes: 180€ (Geral) | 275€ (VIP)
  • Acesso: Metro Linha A (Parque Real) | Autocarros dedicados
  • Formato: 4 dias | 4 palcos principais

O que precisas de saber antes de ir

Quem vai pela primeira vez ao Festival Primavera Sound Porto 2026 deve preparar-se para caminhar. Os +-10 km de caminhos do Parque da Cidade não são exagero e andar entre palcos faz parte da experiência. Ténis confortáveis não são sugestão, são obrigação.

O sistema de pagamento é cashless desde 2019. Carrega-se uma pulseira à entrada (dinheiro ou cartão) e paga-se tudo com ela. Sobra saldo? Pode ser reembolsado até 30 dias depois. A comida pode variar entre 8 e 15 euros por refeição, cerveja ronda os 4-5 euros, água 2 euros (segundo preços de anos anteriores).

Os cacifos existem mas esgotam rápido, quem quiser um deve reservar online antes. Há zonas de descanso espalhadas pelo parque, mas nos dias de sol forte o palco Super Bock, protegido por carvalhos, torna-se refúgio popular.

Atenção ao último metro: sai por volta da 1h. Quem ficar até ao fim (4h-6h da manhã) tem de contar com táxi, Uber, ou os autocarros especiais que a organização costuma disponibilizar. Prepara carteira ou os pés para andares até à Boavista!

Perguntas frequentes sobre o Festival Primavera Sound Porto 2026

  • Quando saem os bilhetes diários?

    Ainda não há data confirmada. Normalmente a organização do Festival Primavera Sound anuncia os bilhetes por dia 2-3 meses antes do festival. Espera-se que custem entre 70-90 euros, dependendo do dia e dos cabeças de cartaz.

  • Há limite de idade?

    Crianças até aos 9 anos de idade não pagam bilhete no festival Primavera Sound, e sempre acompanhados pelos pais ou guardiões legais. Entre os 10 e 15 anos pagam o bilhete na integra e é preciso acompanhamento de um adulto responsável. Maiores de 16 pagam o bilhete na integra.

  • Posso entrar e sair do recinto?

    Não. Uma vez que sais, não voltas a entrar no festival Primavera Sound. Planeia bem as pausas.

  • Há zona de campismo?

    Não. O festival Primavera Sound Porto não tem campismo oficial. É festival urbano – tens de arranjar alojamento na cidade.

  • Posso levar comida e bebida?

    Podes levar uma garrafa de água vazia (há pontos de enchimento gratuitos). Comida e outras bebidas não são permitidas. Excepção para questões médicas devidamente comprovadas.

  • Como funciona o sistema cashless?

    Recebes uma pulseira à entrada do festival Primavera Sound. Carregas com dinheiro ou cartão nos quiosques ou app. Pagas tudo com a pulseira durante o festival. O que sobrar é reembolsado em até 30 dias.

  • Há cacifos?

    Sim, mas limitados. Reserva online antes do festival Primavera Sound. Custo ronda os 5-10 euros por dia.

  • Posso levar máquina fotográfica?

    Câmaras compactas ou telemóveis sim. Máquinas profissionais com lentes destacáveis não são permitidas sem acreditação de imprensa.

  • O festival funciona com chuva?

    Sim. Só há cancelamento por motivos de segurança extrema. Leva capa de chuva, guarda-chuvas não são permitidos no festival Primavera Sound.

  • Onde fico alojado?

    A zona da Boavista, Matosinhos e Foz ficam mais perto do Parque da Cidade. Centro histórico fica a 20-30 minutos de metro. Reserva cedo, os preços disparam em junho.

  • Há bengaleiro?

    Não há bengaleiro geral. Apenas os cacifos alugáveis.

  • Posso levar o meu cão?

    Animais não são permitidos no festival Primavera Sound, excepto cães de assistência devidamente certificados.

Mais que música

O Festival Primavera Sound Porto 2026 transcendeu há muito o estatuto de “versão menor” da edição catalã. Em treze edições (excluindo 2020-2021), consolidou uma identidade própria que equilibra curadoria artística com impacto económico, preservação ambiental com acessibilidade urbana, tradição portuguesa com vanguarda internacional.

Não é apenas sobre trazer nomes grandes. É sobre criar diálogo entre Gisela João e Peggy Gou, entre Capicua e Ethel Cain, entre o fado e o trip-hop, entre o Atlântico e o anfiteatro. É sobre provar que festivais urbanos podem ser economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e artisticamente íntegros.

Os quatro dias do Festival Primavera Sound Porto 2026 no Parque da Cidade serão mais que concertos. Serão mais uma vez a confirmação de que o Porto se estabeleceu definitivamente no mapa dos destinos culturais essenciais da Europa. Onde a música não define apenas uma noite de Verão, mas a identidade de uma cidade que soube transformar 83 hectares de parque urbano num palco para o mundo.

Site oficial do festival Primavera Sound: primaverasound.com | Instagram: @primaverasound_porto

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.