Alcabala lança “Encarar o Vendaval” e integra compilação Novos Talentos FNAC 2025

Alcabala (João Leal)

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“Encarar o Vendaval” chega como cartão de visita do próximo trabalho de Alcabala, nome artístico do músico lisboeta João Leal. O tema não surge isolado: faz parte da edição deste ano da coletânea Novos Talentos Fnac 2025 e funciona como porta de entrada para “Dinossauro Azul”, segundo álbum de longa duração do projeto, aguardado para o arranque de 2026.

A canção apresenta pela primeira vez uma personagem que atravessa todo o disco: um dinossauro azul que serve de metáfora para quem procura o seu lugar num mundo que parece desmoronar-se. É uma figura deslocada, confrontada com o conformismo e a alienação, mas também com a necessidade de resistir e reescrever o próprio caminho. A pergunta que atravessa o tema, “Será assim tão mau encarar o vendaval?“, resume esse dilema entre aceitar o que está dado ou arriscar a mudança. Podes ver o videoclip em baixo:

Produção assinada por Makoto Yagyu no HAUS estúdio

A produção de “Dinossauro Azul” está entregue a Makoto Yagyu, nome conhecido por trabalhos com PAUS, Riding Pânico e If Lucy Fell. As gravações decorreram no HAUS estúdio, em Lisboa, e a masterização ficou a cargo de Steve Kitch, garantindo uma sonoridade que equilibra precisão técnica com a componente experimental que define o universo de Alcabala.

No single agora lançado, os arranjos foram pensados a quatro mãos por João Leal e Makoto Yagyu. A base rítmica ganha corpo com Iuri Oliveira na percussão e Ana Roque no baixo, enquanto Daniel Constantino acrescenta camadas de teclados que dilatam o espaço sonoro. O resultado é uma composição que cruza eletrónica com traços de rock progressivo, sem perder a componente orgânica que ancora a voz e a guitarra no centro da narrativa.

Videoclipe de Daniele Arcuri traduz universo conceptual em animação

A estreia de “Encarar o Vendaval” inclui um videoclipe realizado por Daniele Arcuri, artista que recorre à animação para materializar o ambiente onírico do disco. As imagens acompanham a jornada introspetiva sugerida pela música, oferecendo uma experiência visual que complementa a densidade da proposta sonora. É uma viagem que não explica tudo, mas convida o espectador a entrar no mundo do Dinossauro Azul e a sentir o peso das dúvidas que a personagem carrega.

Alcalaba, capa de "Encarar o Vendaval". Artwork de Daniele Arcuri
Alcalaba, capa de “Encarar o Vendaval”. Artwork de Daniele Arcuri

Quem é Alcabala: da guitarra à experimentação

João Leal tem 25 anos e construiu em Alcabala um projeto onde a fragilidade convive com a distorção, a melodia com o ruído. As suas canções nascem da guitarra e da voz, mas expandem-se para territórios menos previsíveis, onde o som assume formas que tanto podem ser delicadas como abrasivas. A vulnerabilidade está sempre presente, mas nunca sozinha, e acompanhada por uma inquietação que não permite que nada fique no lugar.

Ao vivo, Alcabala adapta-se ao contexto: tanto se apresenta em formato solo como com banda completa. Já passou por espaços como Tokyo Lisboa, Cine-Incrível em Almada, Fábrica Braço de Prata e Casa do Comum, consolidando uma presença que valoriza a intimidade sem abdicar da potência.

O primeiro álbum, “A Viagem Atrás do Sol”, saiu em 2024 e serviu para afirmar uma identidade própria. Agora, com “Dinossauro Azul” no horizonte, João Leal parece preparado para aprofundar essa linguagem e explorar um conceito mais ambicioso, onde a narrativa ganha protagonismo e a música funciona como veículo de uma história maior.

“Dinossauro Azul”: álbum conceptual sobre desconforto e sentido

O disco que se anuncia de Alcabala não é apenas uma coleção de temas. “Dinossauro Azul” assume-se como álbum conceptual, estruturado em torno de uma personagem que simboliza o desajuste perante um presente caótico. É sobre a urgência de encontrar lugar e sentido quando tudo à volta parece estar em colapso permanente. A figura do dinossauro azul: anacrónica e deslocada mas persistente, serve de espelho para quem se sente fora do compasso e procura reimaginar o que pode vir a seguir.

“Encarar o Vendaval” funciona como abertura dessa narrativa. É o momento em que a personagem deixa de observar passivamente e decide confrontar o medo. A tempestade deixa de ser algo a evitar e passa a ser encarada como parte inevitável do percurso. Há risco, mas também há movimento. E é nesse movimento que o disco de Alcabala promete assentar.

Novos Talentos Fnac: plataforma de visibilidade

A inclusão na coletânea Novos Talentos Fnac 2025 coloca Alcabala numa montra importante para artistas emergentes em Portugal. A compilação reúne nomes que merecem atenção e oferece uma oportunidade de chegar a novos ouvintes, sem depender apenas dos circuitos habituais de divulgação. Para João Leal, é mais um passo na consolidação de um percurso que começou há pouco tempo, mas que já revela maturidade e coerência.

“Encarar o Vendaval” está disponível nas plataformas digitais habituais e o videoclipe pode ser visto no Youtube. O single é apenas o início de um ciclo mais longo, que culminará no lançamento de “Dinossauro Azul” no primeiro trimestre de 2026. Até lá, a expectativa é que surjam novos capítulos desta história, construindo pouco a pouco o universo de uma criatura azul que teima em não desaparecer.

Instagram: @alcabala.pt | Facebook: @alcabala.pt

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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.