O Mau Olhado lança single “#4 feira” e prepara estreia em álbum

O projeto musical portuense O Mau Olhado regressa com “#4 feira”, um single que transforma uma quarta-feira qualquer numa experiência sonora envolvente. João Cardoso, o cérebro por trás desta proposta única, consegue mais uma vez capturar a essência do quotidiano urbano e moldá-la numa composição que oscila entre a introspecção e a abertura ao mundo.

“#4 feira” é uma reflexão musical sobre aqueles dias que parecem suspensos entre a segunda-feira produtiva e a sexta-feira libertadora que nos leva ao fim de semana. A composição explora essa tensão particular de meio de semana, quando a luz natural do quarto se mistura com os sons da rua, criando uma atmosfera única que João Cardoso soube traduzir em escalas orientais e contrastes dinâmicos.

O videoclipe que acompanha o single reforça esta narrativa visual, oferecendo um retrato íntimo mas universalmente reconhecível. Há qualquer coisa de familiar na forma como a câmara capta estes momentos suspensos, como se estivéssemos a observar através da janela da nossa própria rotina. Podes ver o video em baixo.

“Os Cães Ladram”: primeiro álbum em preparação

Este single funciona como aperitivo para o primeiro longa-duração de O Mau Olhado, intitulado “Os Cães Ladram“, que chega às lojas e plataformas digitais a 26 de setembro – já daqui a 9 dias. O álbum representa a consolidação de um percurso que começou nas ruas do Porto e se estendeu pelos palcos nacionais, reunindo temas inéditos com composições já testadas ao vivo.

A particularidade deste trabalho reside no facto de ter sido integralmente gravado e produzido pelo próprio João Cardoso, mantendo assim a autenticidade e o controlo criativo que caracterizam O Mau Olhado desde o início. Esta abordagem DIY não é apenas uma opção estética, mas um desafio pessoal para o artista e uma necessidade artística que permite preservar a espontaneidade e a energia crua que marcam a visão conceptual e os concertos ao vivo.

O Mau Olhado, capa do Single "#4 feira"
O Mau Olhado, capa do Single “#4 feira”

Entre o solo e o trio

Uma das características mais interessantes de O Mau Olhado é a sua capacidade de adaptação aos diferentes contextos. Desde as atuações a solo, onde João Cardoso constrói paisagens sonoras complexas apenas com guitarra, loopstation e percussões, até às formações em trio, o projeto mantém sempre a mesma intensidade e imprevisibilidade.

Esta flexibilidade permite que cada concerto seja uma experiência única, impossível de replicar exatamente. O improviso não é aqui um recurso ocasional, mas sim o motor principal de uma proposta musical que recusa a cristalização em fórmulas repetitivas.

Raízes sonoras que atravessam fronteiras

O universo musical de O Mau Olhado bebe de fontes diversas: jazz, fado, flamenco, música latina e ritmos balcânicos convivem numa síntese que poderia parecer impossível, mas que resulta de forma surpreendentemente orgânica. Esta mistura não surge de uma vontade intelectual de fusão, mas da própria formação musical de João Cardoso e das influências que foi absorvendo ao longo do seu percurso.

O resultado é uma linguagem própria que consegue ser simultaneamente portuguesa e cosmopolita, tradicional e contemporânea. É música que funciona tanto num café intimista como num festival ao ar livre, mantendo sempre a capacidade de criar comunhão entre músico e público.

Da rua para o estúdio, do estúdio para o palco

Depois de dois EPs – “Advogado do Diabo” e “II” (este último numa tiragem limitada de 200 cópias) – O Mau Olhado chega finalmente ao formato álbum. Esta progressão natural reflete a maturidade artística de um projeto que se consolidou através da experiência direta com o público nas ruas, testando temas e arranjos em contexto real antes de os fixar definitivamente em estúdio.

“Os Cães Ladram” representa assim não apenas uma coletânea de canções, mas um retrato fiel de um momento específico na evolução de O Mau Olhado, capturando a energia acumulada durante meses de concertos por todo o país.

Agenda de concertos d’O Mau Olhado:

O Mau Olhado. Cartaz do Concerto no Maus Hábitos, no Porto, dia 26 de Setembro 2025. Crédito Fotografia: Sven Fiel
O Mau Olhado. Cartaz do Concerto no Maus Hábitos, no Porto, dia 26 de Setembro 2025. Crédito Fotografia: Sven Fiel

  • 20 Setembro – Aniversário ARMC, Ceira (Coimbra)
  • 26 Setembro – Maus Hábitos – Apresentação do Álbum, Porto (21h)
  • 2 Outubro – Quintas de Leitura – Teatro do Campo Alegre, Porto
  • 5 Outubro – Festa do Socorro – Barreirinha Café, Funchal
  • 7 Outubro – Café Curto – Convento de S. Francisco, Coimbra
  • 8 Novembro – Café Concerto Teatro Municipal, Guarda

Uma voz singular na música independente portuguesa

O Mau Olhado destaca-se na atual paisagem musical portuguesa pela sua capacidade de criar uma linguagem própria sem abdicar da comunicação direta com o público. Num panorama frequentemente polarizado entre o experimentalismo hermético e o populismo facilitado, João Cardoso encontrou um caminho intermédio que não compromete nem a complexidade artística nem a acessibilidade.

O apoio da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores a este projeto confirma o reconhecimento institucional de uma proposta que se tem afirmado como uma das mais originais a emergir da cena independente nacional. “Os Cães Ladram” promete consolidar definitivamente O Mau Olhado como um nome incontornável da música portuguesa contemporânea.

A apresentação oficial do álbum, marcada para 26 de setembro no Maus Hábitos, no Porto, será a oportunidade perfeita para descobrir como estas composições ganham vida em palco, mantendo o espírito de descoberta e surpresa que caracteriza cada concerto de O Mau Olhado.

Instagram: @omauolhado.cardoso | Facebook: @omauolhado

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Pedro Ribeiro
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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.