Áustria vence Eurovisão 2025 com “Wasted Love”, numa final marcada por emoções fortes

A Áustria é a grande vencedora da Eurovisão 2025, depois de uma final intensa e imprevisível em Basileia, Suíça. JJ, nome artístico de Johannes Pietsch, conquistou a Europa com a canção “Wasted Love”, uma balada electro-dramática que acumulou 436 pontos, devolvendo o troféu à televisão pública austríaca ORF pela primeira vez desde 2014.

A noite foi tudo menos previsível. A liderança alternou entre favoritos e surpresas, com o voto do público a baralhar completamente as contas finais. Israel, representado por Yuval Raphael com “New Day Will Rise”, parecia ter a vitória na mão após um impressionante total de 297 pontos do televoto. Mas quando a pontuação da Áustria foi revelada no fim, com 178 pontos do público, ficou claro: JJ era o vencedor.

“JJ leva a Eurovisão de volta para Viena com uma canção sobre amor não correspondido”

O pódio ficou completo com a Estónia, onde o excêntrico Tommy Cash e o seu “Espresso Macchiato” garantiram o terceiro lugar com 356 pontos, numa atuação tão absurda quanto inesquecível. Em quarto lugar ficou a Suécia com “Bara Bada Bastu”, e em quinto, a Itália com Lucio Corsi e “Volevo Essere Un Duro”.

JJ “Wasted Love”, uma atuação intensa e pessoal

JJ (link para o Instagram), de 24 anos, é contra-tenor na Ópera Estatal de Viena e trouxe para o palco da Eurovisão uma atuação a preto e branco, meticulosamente encenada, onde simbolicamente navegava um barco em tempestade emocional. “Love is the strongest force in the world,” disse no discurso de vitória. “Let’s spread more love.”

Segundo o próprio, a inspiração para participar veio da icónica Conchita Wurst, que deu à Áustria a sua segunda vitória em 2014. JJ estava acompanhado pela família inteira em Basileia, incluindo o avô de 85 anos e uma sobrinha de quatro meses. O momento mais ternurento da noite foi quando a irmã mais nova invadiu o palco para o abraçar.

JJ,  intérprete austríaco de "Wasted Love", Eurovisão 2025.  Crédito da fotografia Sarah Louise Bennett, Eurovisão 2025
JJ, intérprete austríaco de “Wasted Love”, Eurovisão 2025. Crédito da fotografia Sarah Louise Bennett, Eurovisão 2025

Resultados da Eurovisão 2025: classificação completa e pontuações

ClassificaçãoPaísCançãoPontuação Final
1ÁustriaJJ – Wasted Love436
2IsraelYuval Raphael – New Day Will Rise357
3EstóniaTommy Cash – Espresso Macchiato356
4SuéciaKAJ – Bara Bada Bastu321
5ItáliaLucio Corsi – Volevo Essere Un Duro256
6GréciaKlavdia – Asteromáta231
7FrançaLouane – maman230
8AlbâniaShkodra Elektronike – Zjerm218
9UcrâniaZiferblat – Bird of Pray218
10SuíçaZoë Më – Voyage214
11FinlândiaErika Vikman – Ich Komme196
12Países BaixosClaude – C’est La Vie175
13LetóniaTautumeitas – Bur Man Laimi158
14PolóniaJustyna Steczkowska – GAJA156
15AlemanhaAbor & Tynna – Baller151
16LituâniaKatarsis – Tavo Akys96
17MaltaMiriana Conte – SERVING91
18NoruegaKyle Alessandro – Lighter89
19Reino UnidoRemember Monday – What The Hell Just Happened?88
20ArméniaPARG – SURVIVOR72
21PortugalNAPA – Deslocado50
22LuxemburgoLaura Thorn – La Poupée Monte Le Son47
23DinamarcaSissal – Hallucination47
24EspanhaMelody – ESA DIVA37
25IslândiaVÆB – RÓA33
26São MarinoGabry Ponte – Tutta L’Italia27

Portugal fica-se pelo 21.º lugar

Portugal, representado pelos NAPA com a canção “Deslocado”, terminou a noite em 21.º lugar com 50 pontos. O voto do júri rendeu 37 pontos, com contribuições do Azerbaijão, Países Baixos, Eslovénia, São Marino, Ucrânia, Chéquia, Albânia, Lituânia e Suíça. Do televoto, chegaram apenas 13 pontos, refletindo uma receção morna à proposta mais introspectiva e subtil da edição.

Napa na Final da Eurovisão 2025, "Deslocado". Crédito da fotografia Alma Bengtsson, Eurovisão 2025
Napa na Final da Eurovisão 2025, “Deslocado”. Crédito da fotografia Alma Bengtsson, Eurovisão 2025

Uma final marcada por espetáculo, tensão e protestos

Para além da competição, a final da Eurovisão 2025 foi uma montra de tecnologia, emoções fortes e também tensões políticas. Durante a atuação de Israel, dois manifestantes tentaram invadir o palco, um deles atirando tinta que acabou por atingir um membro da equipa técnica. Ambos foram detidos pela polícia, e a atuação prosseguiu sem interrupção.

Entre atuações explosivas, microfones fálicos, baladas emocionais e instrumentos tocados ao vivo (como a harmónica de Lucio Corsi, a primeira desde 1998), a Eurovisão manteve-se fiel a si própria: imprevisível, teatral, e absolutamente inesquecível.

Uma celebração global, dentro e fora do palco

Martin Green, diretor do Festival Eurovisão da Canção, felicitou a ORF e JJ, afirmando que a Eurovisão continua a ser um trampolim global para novos talentos. Agradeceu ainda ao canal anfitrião SRG SSR e à cidade de Basileia pelo acolhimento caloroso.

“A celebração da música e da união vai muito além do palco”, Martin Green

Moritz Stadler, co-produtor executivo, destacou que esta edição foi sobre mais do que apenas três espetáculos, foi sobre criar um sentido de pertença.

“Quer estivesses na arena, numa fan zone ou a ver de casa, queríamos que todos se sentissem parte de algo maior.”, Moritz Stadler

Reto Peritz, também co-produtor executivo, reforçou que o impacto real da Eurovisão está naquilo que fica.

“A energia, os artistas, a emoção que se viveu aqui ficará com todos muito depois de as luzes se apagarem.”, Reto Peritz

Mais de 160 milhões de pessoas assistiram ao festival em todo o mundo, com 6.500 espectadores ao vivo na St. Jakobshalle. Um line-up de 26 países garantiu uma noite memorável em Basileia, encerrando uma edição que, mesmo no meio de polémicas, reafirmou a música como ponte entre diferenças. JJ não foi apenas o vencedor do festival. Foi o rosto de uma edição onde, apesar de toda a encenação e exagero, venceu a emoção. E às vezes, isso ainda conta.

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Pedro Ribeiro
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Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro é o fundador do musica.com.pt. Como músico e produtor conta com mais de 25 anos de experiência no mundo da música, tendo participado em projetos como Peeeedro, Moullinex, MAU, entre outros, e tocando em venues como Lux, Maus Hábitos, Plano B, Culturgest, Glasgow School of Arts, entre muitas outras salas e locais em Portugal e no estrangeiro. Compôs música para teatro (Jorge Fraga, Graeme Pulleyn, Teatro Viriato), dança contemporânea (Romulus Neagu, Peter Michael Dietz, Patrick Murys, Teatro Viriato), TV (RTP2) e várias rádios.